Brasil Contemporâneo. Esse trabalho é didático e pode ser lido - TopicsExpress



          

Brasil Contemporâneo. Esse trabalho é didático e pode ser lido inclusive por petistas com marca de rebite de coleira de cachorro no pescoço porque esses ainda tem jeito e todo mundo tem direito à regeneração, mas não deveria ser lido por aqueles que padecem de histerismo e fobia anticomunista, porque das pedras jamais sairá leite. Pronunciamento de José Rodrigues Rocha, representante dos presos e perseguidos políticos do Estado do Espírito Santo, na tribuna da Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo, no dia 31 de agosto de 1999, em homenagem à passagem do vigésimo quinto aniversário da assinatura da "Lei de Anistia" sancionada pelo general Figueiredo: Excelentíssimo Sr. Deputado federal por Minas Gerais, Nilmário Miranda presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos deputados, Sr. Deputado Cláudio Vereza, deputado Max Filho, Juca Alves, Renato Casagrande, companheiro Aristides, Perly Cipriano, Carlito Ozório, Gildo Ribeiro e demais companheiros de luta, minhas senhoras e meus senhores. Hoje para nós é sem dúvida nenhuma um dia muito especial, quando vemos que esta casa, que é a nossa casa, completamente lotada, para comemorarmos o vigésimo aniversário da assinatura da "Lei de Anistia", sancionada pelo presidente João Baptista Figueiredo. Na condição de representante dos presos e perseguidos políticos do Estado do Espírito Santo, tenho a dizer que bem verdade, o dia de hoje é um dia muito importante, porque nos arremete aos idos de 64 e nos obriga a dar uma olhada para o passado presente e fazer uma profunda reflexão sobre os fatos exógenos que levaram a ditadura a assinar a referida lei, para finalmente, chegarmos a conclusão palmar de que, o simples ato de assinatura, NÃO foi um ato de benemerência e sim, a resultante de todo um processo complexo e difuso; não tão complexo que precise ser entendido por um ser de outra galáxia e nem tão difuso, que não possa ser entendido por um idiota total, desses que arrebentam sorvete na testa e babam na gravata. Para tanto, para melhor podermos entender a História Contemporânea do Brasil e que espécie de anistia ou auto-anistia é essa que querem nos enfiar goela abaixo, seria necessário aproveitarmos o dia de hoje, para fazermos uma endoscopia da ditadura de 64 e entrarmos fundo nas vísceras do golpe. Como não havia alternância no poder, em 1930 Vargas deflagra uma revolução cujo objetivo, era por fim a chamada política do "Café com Leite", um conchavo espúrio entre os latifundiários paulistas e mineiros. Se bem que de plantão fosse Washington Luiz, oriundo de Macaé no norte do estado do Rio de Janeiro, ele era considerado econômica e politicamente um "paulista", porque era um homem ligado às aristocracias cafeeiras de São Paulo e também ligado aos pecuaristas de Minas Gerais. Vargas derruba Washington Luiz e conseqüentemente impede a posse de Júlio Prestes. Não satisfeitos com essa situação, - para eles desmoralizante e constrangedora - em 1932 o coronel Euclides Figueiredo, pai do general João Baptista Figueiredo, do general Diogo Figueiredo e do general Euclides Figueiredo Filho, mobiliza as forças conservadoras de São Paulo e deflagra a Revolução Constitucionalista de 1932. O principal objetivo da Revolução Constitucionalista, não era a restituição do poder a Júlio Prestes e sim dar um golpe de estado, onde Euclides Figueiredo proclamaria a independência de São Paulo e seria o primeiro presidente do novo país a ser criado, com as notórias conseqüências que esse fato acarretaria. Derrotado, homizia-se na Argentina. Com essa aventura separatista, Euclides Figueiredo causou milhares de mortes e um prejuízo ao país de alguns bilhões de dólares, não só no que o país gastou como também no que deixou de produzir e de arrecadar nesse período, assim como nos reflexos negativos que o rescaldo desse incêndio deixaria para o futuro: o governo federal teria de fazer enormes concessões; dando a São Paulo 40% do PIB nacional e elevando a dívida interna daquela unidade da federação, atualmente, para o patamar de 90 bilhões de dólares. Nada como pertencer ao establishment: ao invés de ser expulso das forças armadas, passar o resto da vida mofando atrás das grades e ser obrigado a ressarcir o país os prejuízos causados pela sua indisciplina, ousadia e estupidez; Euclides Figueiredo foi anistiado e retornou ao país com a mala e a cuia e posteriormente, foi promovido a general e entrou para reserva. Empolgado com a impunidade que anistia indevida lhe proporcionou, Euclides Figueiredo continuou conspirando e em off, os militares começam a se articular melhor e no início da década de 50, ficam mais assanhados e passam a perturbar mais ostensivamente. Em 1954, insuflado por um grupo de banqueiros, empresários e de militares, Carlos Lacerda usando uma linguagem chula, irresponsável e destemperada, conspirava abertamente para derrubar Getúlio Vargas. Um dos membros da guarda pessoal de Getúlio tenta acertar um tiro na cara de Lacerda lamentavelmente erra o alvo e atinge o major da Aeronáutica Rubens Vaz. A morte de Rubens Vaz foi o embrião do golpe de 54, foi aquela gotinha d’água que faltava para extravasar o reservatório de uma megalópoles e se o major Rubens Vaz não falecesse; uma série interminável de outros tantos pretextos seriam inventados. Em decorrência desse fato, um grupo de oficiais da FAB, monta à revelia de tudo, a chamada "República do Galeão" e passa a pressionar desabridamente o governo, obrigando a depor num inquérito por eles mesmos instaurado, todos os ministros de Vargas. Vendo-se desmoralizado, enfraquecido e totalmente desestabilizado e prestes a ser também levado a depor; Vargas se suicida em 24.08.54 com um tiro no peito. Com o suicídio de Vargas eles se acovardam, dão um recuo tático, mas, assim que a poeira baixou, recomeçam a beliscar na periferia. Entre o final de 54 e o início de 56, assume num mandato tampão o presidente Café Filho. Juscelino Kubitscheck de Oliveira foi um grande ESTADISTA e o melhor presidente que o Brasil teve. Empolgados com a impunidade da "República do Galeão", em 11 de fevereiro de 1956, apenas onze dias após a posse de Juscelino Kubitschek, sob alegação de que "Juscelino fora eleito com os votos dos comunistas", um grupo de oficiais da FAB, sob a liderança dos capitães Veloso e Lameirão, pega alguns aviões no Campo dos Afonsos e leva-os para Jacareacanga, no interior do Pará e declaram-se sublevados. O marechal Lott age com rapidez e energia e eles refugiaram-se em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Durante o tempo que por lá estiveram, foram habitual e permanentemente assistidos pelos aviões do "Correio Aéreo Nacional", que levavam correspondência, dinheiro e mantimentos. Anistiados por Juscelino retornam folgazões e galhofeiros. Se por um lado esses artistas, somente saíram para tentativa de golpe, porque tinham a impunidade garantida, por outro lado também, Juscelino Kubitschek os anistiou por pura malandragem. Tacitamente ficaria assim: "por um lado eu os anistio e por outro lado; vocês não me perturbam mais." Ledo engano. Estimulados pela impunidade no Putsch de 56, em 1960 - já no finalzinho da gestão de Juscelino Kubitschek - os coronéis-aviadores Lameirão, Velloso, João Paulo Moreira Burnier, Geraldo Labarthe Lebre, major Éber Teixeira Pinto e os capitães Gerseh Nerval Barbosa, Washington Amud Mascarenhas e Próspero Punaro Baratta, a mesmíssima gang de 1954 e 1956; seqüestra vários aviões da FAB e leva-os para Aragarças, na divisa de Goiás com Mato-Grosso e fica perambulando por lá. Mais uma vez, rechaçados energicamente pelo marechal Lott, eles matam um sargento do Exército e refugiam-se na Argentina. A aventura de Aragarças foi uma operação feita sem o menor planejamento tático e estratégico, tudo feito na base da improvisação, da galhofa, da algazarra e da criancice. Uma bagunça generalizada, uma trapalhada sem fim, onde segundo o próprio brigadeiro Burnier, "todo planejamento da ação, foi esquecido dentro do avião e posteriormente, entregue ao embaixador do Brasil acreditado naquele país vizinho". Bem, mas tanto Jacareacanga, assim como Aragarças, serviram como start para o golpe de 64, uma vez que em ambas tentativas de golpe, não houve nenhuma punição. Golpe quando, como e porque, se eles se homiziaram nas partes mais recônditas da selva? Se esses vagabundos tivessem certeza que a ação deles iria dar grandes resultados, obviamente que eles teriam ido para o Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte ou outra grande capital. O negócio era mesmo fazer baderna, fazer estripulia, fazer molecagem. Para se fazer uma revolução é necessário a soma de fatores objetivos e subjetivos e muitas das vezes muitos fatores objetivos e poucos subjetivos geram uma revolução e outras tantas vezes é a soma de muitos fatores subjetivos com poucos fatores objetivos é que engendram uma revolução e no caso deles, não havia a menor chance objetiva ou subjetiva para um golpe, mas assim mesmo partiram para molecagem e a fuleragem. Nisso entra Jânio, um histriônico dado ao uso do álcool, um populista num país de analfabetos é o mesmo que unir o inútil ao imprestável. A Anistia concedida por Vargas ao coronel Euclides Figueiredo e as demais anistias concedidas por Juscelino e Jango a criminosos confessos, foi um erro histórico imperdoável, porque o verdadeiro líder jamais corre atrás do consenso: deixa que o consenso corra atrás dele e foi exatamente essa política do "gato e o rato", do "faz de conta", do "jeitinho brasileiro", do "é dando que se recebe", foi essa transigência absurda e esquizofrênica, foi essa falta de seriedade administrativa, a excessiva tolerância com as forças conservadoras, o subdimensionamento dos problemas e a falta de visão política mais fina e mais responsável, que atravancaram o desenvolvimento político econômico e social do país. Por exemplo: Se Vargas não anistiasse o coronel Euclides Figueiredo, os generais João Figueiredo, Diogo Figueiredo e Euclides Figueiredo Filho (vergonhoso NÃO) não teriam ingressado no Exército e muito possivelmente, a ausência desses três lobisomens dentro do Exército teria atrapalhado em muito o Golpe Militar de 1964. Na China - que no futuro bem próximo [se a terceira guerra mundial deixar] será a maior potência econômica e militar do mundo - todo corrupto é fuzilado e a conta dos projéteis usados no fuzilamento é enviada a família do condenado, para que o estado seja indenizado pelos gastos causados no ato da execução. Aqui não: aqui esses caras mataram um sargento do Exército, destruíram várias aeronaves, gastaram um absurdo em combustível, tudo comprado com o dinheiro do povo, muitas das vezes um pobre miserável e foram anistiados de uma forma ampla, geral e irrestrita, quando na realidade, tinham que ser expulsos e presos e obrigados a ressarcir o Estado os prejuízo causados, mas, como a bravata deles não deu em nada, serviu de fonte de inspiração e incentivo para novas aventuras, mutretas, quarteladas e golpes.
Posted on: Sun, 29 Sep 2013 12:38:13 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015