CAPÍTULO 19 O FUNERAL Caio passou toda a - TopicsExpress



          

CAPÍTULO 19 O FUNERAL Caio passou toda a manhã no quarto, não quis sair nem mesmo quando Nay falou que estava morrendo sendo atacado por Singrer. Sabia que não era ver-dade. Cássia também insistiu bastante para que saísse e comesse alguma coi-sa. Ele não sentia fome, não sentia sede, não sentia nada. Só saiu do quarto quando ouviu a porta bater. Saiu do quarto e foi para a sala, onde encontrou Cássia na porta, Danilo e Mário já quase sentando no sofá, Nay estava sentado no outro sofá. Ninguém falou nada quando viram que ele estava ali. Depois disso, voltou para o quarto, não sabia exatamente por que tinha saído de lá. Quase no mesmo instante em que se deitou ouviu as batidas na porta recomeçarem. Logo depois das batidas ouviu a voz de Danilo pedindo que o deixasse entrar. Esta aberta, Caio falou. Danilo entrou acompanhado de Mário, Nay vinha logo atrás. Danilo ainda tinha algumas marcas e arranhões no rosto, quando soube o que tinha acontecido, ninguém conseguiu fazer com que ele permanecesse na enfermaria. Os três se sentaram na cama de Caio, que estava com os olhos fechados, usava uma camisa branca e uma bermuda marrom, estava descalço e o cabelo estava assanhado, como se tivesse acabado de acordar. –Não pode entregar os pontos desse jeito Caio. – foi Danilo quem falou. – Sei que você não tem medo de muitas coisas, mas não pode se entregar à morte só por que viu alguém morrer... Se morrer agora, quem é que vai nos salvar sempre? –Por que não levanta daí e vai tomar um banho? Você esta péssimo! –disse Mário. –Não precisa ficar desse jeito, como se o mundo tivesse acabado. – Danilo dis-se dando batidas com as mãos nos pés de Caio – Você já passou por coisas piores, levanta daí. –O Funeral será hoje ao fim da tarde, Sarty iria querer que você estivesse lá. – dessa vez foi Nay quem falou. –Ele não estava vestido adequadamente para uma hora tão importante... Foi a última coisa que disse. – Caio falou com a voz falhando pela falta de uso. –É bem a cara dele! – disse Mário. –Mas não quero ir, não quero me levantar, não quero sair. Quero ficar deitado até me cansar. – disse Caio. –Ah, Caio, por favor cara! –disse Danilo se levantando – Deixa de besteira, soube do que você fez, se não fosse por você todos estariam mortos. –Não adianta Danilo. – disse Caio tranquilamente – Foi Mário quem planejou praticamente tudo, foi ele quem se transformou em Nay, mas o que vocês três não sabem é que se tivessem aparecido qualquer um dos três, eu teria reagido da mesma maneira, Nay é como se fosse meu filho, Danilo é como se fosse meu irmão e Mário é como se fosse... – Caio disse como se estivesse falando com outras pessoas e não com quem ele acabara de mencionar – Meu pai. –Você não herdou nada de Singrer, pode até ser verdade que ele seja seu pai, mas você não se parece em nada com ele, acredite em mim. –disse Danilo, Caio levantou de uma vez e se sentou. –Vocês três acabaram se tornando as pessoas mais importantes na minha vi-da! – Caio falou abrindo os olhos, e estavam marejados de lágrimas. Sem ninguém esperar, Nay pulou ao pescoço de Caio lhe dando um abraço caloroso. Danilo e Mário o acompanharam. Caio se sentiu vivo pela primeira vez depois do que aconteceu, era a primeira vez que sentia de verdade o cora-ção bater, sentia o ar entrando e saindo dos pulmões, sentia o sangue em suas veias, sentia o calor humano das pessoas que amava o abraçando, sentia também as lágrimas escorrendo pelo seu rosto, e sentia, (dessa vez podia distinguir bem o que era), felicidade por estar vivo e por aquele momento estar acontecendo. * * * Antes das quatro horas da tarde, Caio já estava pronto para ir ao Refúgio. Es-tava vestido à moda de Sarty, uma camisa vermelha com uma blusa quadricu-lada em roxo e verde-musgo por cima, uma calça comprida azul-celeste até à altura dos tornozelos, meias laranja e sapatos amarelos, usava também um chapéu preto. Diante do espelho não conseguiu se reconhecer, os olhos ainda estavam avermelhados e um pouco inchados, então pegou uns óculos escuros para usar. Quando os quatro chegaram ao Refúgio, já estava praticamente lotado, o enorme salão da entrada, parecia cinco vezes maior, várias cadeiras enfileira-das em todo o salão e perto da porta que dava acesso ao Refúgio em si, estava um caixão marrom sobre pedestais de ferro. “A única tristeza dele é não poder estar devidamente vestido pra uma ocasião tão importante”, pensou Caio ao ver aquele caixão tão comum. Pelo menos o paletó não era tão monótono e comum como um caixão. Estava com um paletó roxo-berrante. Caio sentou-se em uma das cadeiras da última fileira, queria se esconder, ape-sar das roupas não serem tão discretas, poucas pessoas o reconheceram. Ninguém tinha costume de vê-lo vestido daquela maneira, os óculos e o cha-péu faziam com que ele se tornasse difícil de reconhecer em meio àquela mul-tidão. Não sabia como era um funeral, o que se fazia ou o que se dizia, nunca esteve antes em nenhum, nem de uma pessoa normal nem de um Skider. O que estava entregando Caio à multidão era na verdade Nay, que estava ao seu lado, e todos sabiam que Caio era responsável por ele. Além de Nay, Danilo, Mário, Zuyan, Charles, César, Eduardo, Helena e Will de mãos dadas, Danielly, Marianny, Narílio e Berg estavam na mesma fileira. Os salvadores de Sarty, eram também considerados os rebeldes daquele mundo, apesar de serem tão inteligentes e espertos quanto os guerreiros treinados, não eram tão elogiados assim, eram taxados como ovelhas-negra. Nenhum deles se preocupava como eram chamados, sabiam o que realmente eram, sabiam que tinham mais coragem e esperteza que muitos deles. Sabiam também que na verdade, a maioria daqueles guerreiros tão treinados tinha na verdade inveja por serem inferiores à pessoas não treinadas. Não esperavam reconhecimentos, troféus, fama e sucesso por serem o que eram, continuariam a fazer o que jugarem certo. O Guardião-Supremo Chefe foi quem comandou aquele funeral. Alfredo estava próximo, não parecia abatido ou abalado com a morte do companheiro. Caio ainda sustentava sua teoria de traição, mas nin-guém conseguiria acreditar nele a não ser que tivesse provas concretas. O Funeral durou uma hora e meia, no instante em que terminou, Caio se levantou para voltar para casa, não queria atenção para si naquele momento, não queria Guardião no seu pé, não queria ouvir se estava errado ou certo. Só queria voltar para casa, se fosse ficar em companhia de alguém queria estar acompanhado daqueles que estavam na mesma luta que ele, aqueles que sabiam quem ele realmente era, aqueles que o conheciam primeiramente como pessoa, antes de o reconhecerem como guerreiro. Assim como ele, todos seus amigos que estavam na última fila também saíram sem se pronunciarem. Todos eles sabiam que as coisas agora iriam mudar pra quem estivesse ao lado do Herói rebelde, e principalmente mudariam para o próprio herói. Sarty era quem intermediava, era quem fazia Caio viver naquele mundo com a liberdade que tinha. Tudo mudaria. 3 MESES DEPOIS –Caio, você ainda não esta pronto? – Perguntou um homem alto, moreno, olhos verdes e a barba por fazer que estava à porta do quarto de Caio. –Já estou saindo, o Nay já se aprontou? – gritou Caio de dentro do quarto. –Já estão todos prontos e o Danilo já chegou também, estamos esperando por você! –Certo, já estou indo. Caio vestiu uma camiseta e pôs um boné na cabeça antes de sair do quarto. Encontrou todos na sala, Danilo já tinha chegado e Mário tinha dormido lá aquela noite. Nay estava sentado no sofá, Danilo ao seu lado, Mário estava perto da porta e Cássia com sua barriga de grávida de cinco meses estava de pé ao lado de Renato, seu namorado, iriam à praia. Era um sábado quente e tinham planejado aquele passeio há quase um mês. Quando Caio apareceu todos deram um suspiro de agradecimento, estavam esperando por ele para saírem. Entraram no carro de Renato e seguiram via-gem até a praia. Era a mesma praia onde se encontraram pela primeira vez com Sarty. Caio já tinha superado a perda, e não se culpava mais, achava que era culpa dele o que tinha acontecido, mas esse detalhe nunca havia dito a ninguém. Ao chegarem lá encontraram Will e Helena já esperando, Caio já estava conseguindo unir seus dois mundos para torna-lo um só. Sempre confi-ante, sua mãe já não estava no mesmo estado, não teve derrames ou ataques epilépticos e em alguns dias poderia voltar para casa. Caio não podia estar melhor do que estava nesse momento de sua vida, ou pelo mesmo por enquanto.
Posted on: Sun, 23 Jun 2013 05:18:02 +0000

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