CARTA ABERTA AO DECANO Ministro, acho que o senhor vai votar a - TopicsExpress



          

CARTA ABERTA AO DECANO Ministro, acho que o senhor vai votar a favor dos embargos infringentes, mas eu nunca torci tanto para estar enganado, como estou torcendo agora. Ah! Como eu quero estar enganado, ser enganado. Vou adorar ser ludibriado pelo senhor, Ministro. Tecnicidade na condução e solução do julgamento, prevalência do regimento interno e/ou da CRFB/88, casuísmo da decisão... Nenhum argumento, nenhum dos vários possíveis, que não a possibilidade histórica pedagógica, talvez a maior da república, consegue tomar meu raciocínio quando penso em algo que quero que seja considerado no julgamento – final – do mensalão. Eu, que não sou leigo, vou me esforçar absurdamente para respeitá-lo, Ministro, caso o senhor mantenha o que já sinalizou e vote a favor dos infringentes. Mas sei que não vou conseguir. Vou romper com o senhor se fizer o que acho que fará e não quebrar minha confiança, e não me enganar! Me engane, me atraiçoe, por favor, vote contra os embargos! Veja bem: se eu, que não sou leigo e vou me esforçar muito para respeitá-lo – caso não me engane – já sei que não vou conseguir, já imagino a devastadora e nefasta reação da maioria absoluta e esmagadora da população nacional, que não tem formação jurídica e não vai se esforçar para entender a provável decisão de acolhimento dos embargos. Caos nacional. Ruas invadidas. Tomara! Me engane Ministro! Lhe imploro, seja desleal comigo. Se não for por consideração a mim, pense, e não desperdice a gigantesca oportunidade de se tornar, por vias honestas, inéditas, legais e extraordinárias, um herói nacional, mesmo que não seja jogando bola ou pilotando um carro de fórmula 1. Vai querer ser lembrado ao lado do Ayrton Senna do Brasil ou do Anderson Fanfarrão Silva? Eu sei que não devia estar sendo simplório e vulgar falando com o senhor desta forma, me perdoe por isso, mas estou apelando para o senso comum e mundano, porque não estou, e jamais estarei, à altura de possuir argumentos jurídicos ou históricos capazes de lhe convencer, persuadir ou mesmo entender como penso (e votar contra os embargos infringentes, e me enganar, como desejo). A única coisa que me pautaria na tomada de decisão, se é que lhe interessa saber, seria, repetindo, a possibilidade de dar um exemplo fantástico e único ao país inteiro, fazer um divisor de água na história republicana, um capítulo sensacional contra a história da corrupção disseminada, na sensação de impunidade dos políticos corruptos e na crença de que a justiça só se faz para os menos abastados. Então, Ministro, lhe peço, maltrate minha confiança, quebre minha expectativa, vote contra os embargos infringentes e destrua minha sensação de que tudo vai continuar na mesma. Eu lhe suplico.
Posted on: Mon, 16 Sep 2013 20:11:00 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015