CRISTAIS DESEJOS DE MELANCOLIA - (Kayra Salette) Sou MULHER quem - TopicsExpress



          

CRISTAIS DESEJOS DE MELANCOLIA - (Kayra Salette) Sou MULHER quem se coloca em relação simbólica para com a arte e a cultura de seu tempo. Não posso dizer com sabedoria e inteligência, se algum dia serei capaz de isto realizar em todos os sentidos, de todos os modos, em todos os estilos. Que isto esteja agora acontecendo não o sei, o caminho que devo seguir é o de continuar mergulhando mais e mais em minha alma, arrancando de lá as dores e angústias, tristezas e desconsolos; em meu espírito, construindo a fé e a esperança, dimensões, aliás, necessárias a todA e qualquer mulher de senso e de visão, ainda mais para mim quem não me pode permitir continuar a viver carregando no coração uma vontade e desejo tresloucados de revelar o que é isto de sonhar, de entregar-me ao sonho, vendo-o realizado. È preciso que diga a mim mesma que sou o única responsável pelas minhas realizações, desejos, sonhos, e que ninguém, seja ele importante ou personalidade, pode tornar as coisas reais para mim. Estou mesmo decidida a afirmar isto com categoria. Desde os primórdios da humanidade, ouve-se alguém dizer que ninguém escreve para si mesmo, se escreve sua intenção é ser lido, entendido, compreendido, seja referência de esperanças e desejos. Não tenho dúvidas disso. Contudo, em verdade, não me posso furtar ao prazer de palavras serem registradas no papel, na página branca, que se transforma sem o meu consentimento em uma página de desejos, de sonhos, de vontades, de esperança e de fé. Não me preocupa muito se sou entendida, se sou compreendida. Muitas coisas desagradam quando são feitas e agradam depois de feitas. Muitas coisas passam despercebidas por longos anos, e quando nem cinzas sobram de quem as fez aí começam a ter importância. Gostaria de dizer que não escrevo para o momento presente, mas para a eternidade. Eis aí a razão de a linguagem ser clássica, erudita. Só assim pode algo ultrapassar o tempo presente. As estátuas, os quadros, os romances que hoje trazem os sonhos e utopias mais profundos da humanidade foram em suas épocas um peso inerte, não foram entendidos, compreendidos. Se houvessem sido, creio eu que não estariam expostos em todas as galerias, museus da humanidade, à vista de curiosos, especialistas, amantes, à cata de descobrirem caminhos novos e visões novas do mundo. Embora ninguém possa comigo concordar neste momento, pois que sou uma iniciante ainda, os valores que estão construídos em minha vida com a escolha que achei a mais conveniente para mim quem não consegue num diálogo com alguém dizer todas as coisas que me perpassam o espírito, não sei se por pensar eu que não possam entender, compreender, se por toda a vida vi-me impossibilitada de revelar o que penso e sinto, era julgada um sonhadora, uma rebelde sem causas, uma irresponsável, colocada à margem, discriminada; enfim podem pensar ser eu uma mulher quem está muito longe, distante do mundo das coisas e dos objetos. Possuo nome, posição, agudeza intelectual, talento. Faço da arte uma filosofia e da filosofia uma arte, não há nada que diga ou faça que não provoque de algum modo uma admiração envelada, suscitada sim pela linguagem, estilo, musicalidade, poesia, mas existe sempre uma interrogação evidente no olhar e na fisionomia de cada um: o que enfim estou querendo dizer com a minha arte, com a minha filosofia? Quanta vez ouvi amigos, conhecidos, indiferentes dizerem que a minha escritura não é de fácil entendimento, não é de fácil leitura, exige um conhecimento anterior, uma perspicácia de interpretar os sentimentos e as emoções. Se lhes disse que não é bem assim, o mais importante não é entender e sim viver, as coisas nos chocariam, em sua maior parte, se as pudéssemos ver por dentro, não acreditaram em hipótese alguma. Disse-lhes, então, de outro modo: disse-lhes que em primeira instância era necessário que eles mergulhassem fundo em suas emoções, sentimentos, conhecendo os sonhos e desejos que há neles, assim poderiam entender, sem precisar de conhecimentos anteriores. Assim poderiam descobrir o que há de mais precioso, o tesouro que se oculta em suas almas, atingindo assim uma outra visão de mundo e de situações, encontrariam o que mais desejam encontrar, a felicidade, a paz. Assim poderiam viver de outro modo e estilo. E isto é que é o mais importante na arte. É o homem descobrir a si mesmo, conhecer o seu íntimo. Se o disser, creio, que de antemão não irão em hipótese alguma acreditar numa única palavra, numa única afirmação. Contudo, em verdade, não estou querendo dizer coisa alguma, não sou eu quem o diz, quando não são as palavras a dizerem, são os homens a interpretarem, e tudo são interpretações deles próprios diante de suas vidas e de suas situações no mundo. Agora, por exemplo, neste nível do que escrevo, ligo o som a fim de ouvir uma música com a intenção de poder continuar a escrever, de poder continuar a vida, de poder continuar a conhecer a minha alma sedenta de sabedoria. Em verdade, deixo os sentimentos e as emoções se revelarem em mim e, como desde a mais tenra infância sinto-me relacionada com a música, transformo o que me é revelado numa forma de expressão tão pessoal quanto o poema lírico, ao mesmo tempo que amplio o meu eu, tentando assim atingir a intimidade dos homens e dos indivíduos, com seus desejos e vontades, seus sonhos e utopias mais sinceros e verdadeiros, enriquecendo as características mais singelas e puras do ato de criar e re-criar a vida e a esperança de o mundo ser um pouco diferente do que é, e isto só pode ser realizado se me entregar inteira ao mergulho no espírito e na alma, de onde, sei-o bem, é-se possível vislumbrar e contemplar a felicidade e a paz.
Posted on: Mon, 29 Jul 2013 12:24:35 +0000

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