Chico Xavier A TERRA NATAL E A FAMÍLIA Francisco Cândido - TopicsExpress



          

Chico Xavier A TERRA NATAL E A FAMÍLIA Francisco Cândido Xavier, nasceu a 2 de abril de 1911, no município mineiro de Pedro Leopoldo, uma cidade pequena, tranqüila, de tradição bandeirante, sem atrações, vida pacata e comércio rudimentar, tendo apenas a agricultura como a base mais importante de subsistência. A chegada da indústria pesada, do aço, fábricas de cimento e outras, causou uma grande transformação no município, ocasionando inclusive o desenvolvimento e o aumento populacional. Em conseqüência, a vida pacata passou a não fazer mais parte do cenário de Pedro Leopoldo, onde hoje se conta com uma população de aproximadamente quarenta mil habitantes. Pedro Leopoldo ficou conhecida nacionalmente a partir da década de 30, quando chegaram às grandes cidades as primeiras notícias da fama de Chico Xavier. O pai João Cândido Xavier e a mãe Maria João de Deus, tiveram nove filhos: Maria Cândida, Luíza, Carmozina, José Cândido, Maria de Lurdes, Francisco Cândido, Raymundo, Maria da Conceição e Geralda. Em 1915, Dona Maria João de Deus, percebendo a gravidade de sua enfermidade e pressentindo o desencarne próximo, entregou seus filhos a pessoas amigas, para cuidarem de sua educação. Diante de tais circunstâncias, Chico foi entregue a sua madrinha, Dona Rita de Cássia, mais conhecida como Ritinha. Percebendo a separação de sua família, o menino Chico, perguntou a sua mãe o porquê daquilo estar acontecendo, sem compreender a gravidade da situação e, muito inocentemente, chegou a pensar que a mãe não os amava mais. Dona Maria, conseguindo superar as emoções, lhe disse que se preparava para sair da casa em tratamento de saúde e que voltaria em breve para cuidar de todos. Resignado com a situação, aceitou as palavras finais de sua mãe, que veio a desencarnar no dia seguinte, 29 de setembro. A VIDA COM DONA RITINHA Durante suas constantes crises nervosas, Dona Ritinha premiava Chico com surras que chegaram a acontecer até três vezes ao dia. Sua vida tão cheia de provações, certamente poderia torná-lo um ser revoltado e marginal. Tal fato ocorreria realmente se sua riqueza espiritual de médium não se manifestasse. Certa vez, Chico dirigiu-se à madrinha muito feliz, dizendo que havia conversado com a mãe desencarnada. Foi o suficiente para receber uma surra extra. Essa conversa com sua mãe foi a primeira experiência de Chico no campo da mediunidade. No entanto, ele continuava a ter visões e conversas com sua mãe, o que sempre narrava à madrinha. Dona Ritinha decidiu então conversar a respeito com o pároco do local, o qual recomendou ao Chico que rezasse mil Ave-Marias com uma pedra de 15 kg em cima da cabeça durante a procissão. Não bastasse isso, Chico foi atingido por algumas garfadas, o que algum tempo depois se transformou numa hérnia estrangulada, que o acompanha até hoje. Em suas visões, a mãe o aconselhava a ter paciência. Explicava-lhe que não podia levá-lo para junto de si e procurava ajudá-lo a superar os maus tratos da madrinha. Outro fato lamentável ocorreu quando Dona Ritinha soube que a única maneira de curar a ferida infeccionada de seu outro filho adotivo, o sobrinho Moacir, era lamber-lhe a ferida durante três semanas seguidas, em completo jejum. Incumbido desta tarefa, Chico foi desesperado até o quintal, onde evocou o socorro de sua mãe. Recebeu dela palavras que naquele momento lhe confortaram. E quando iniciou a penitência, percebeu com surpresa que sua mãe colocava um pozinho sobre a ferida. E assim, pouco depois a perna de Moacir estava curada. Apesar de tantos maus tratos, até hoje nunca se ouviu uma só palavra de Chico Xavier queixando-se de sua madrinha. Ao contrário, ele diz que o temperamento de sua madrinha Rita era benévolo. SEGUNDO CASAMENTO DO PAI A permanência de Chico junto a Dona Ritinha durou dois anos. Em 1917 seu pai casou-se em segundas núpcias com Dona Cidália Batista, de cuja união a família Xavier se viu aumentada em seis filhos: André Luís, Lucília, Neusa, Cidália, Doralice e João Cândido. Dona Cidália fez questão de reunir todos os filhos de João Cândido. Foi quando Chico mudou-se para junto deles. Foram dez anos de compreensão e muito carinho entre pai, mãe e quinze filhos! A PRIMEIRA MENÇÃO HONROSA Os espíritos continuavam a enviar mensagens a Chico, mas ele receava ser rotulado de louco se comentasse com alguém as conversas que mantinha com "almas do outro mundo”. Ele percebia os fenômenos mas ainda não sabia explicá-los. Chegavam a manifestar-se até na sala de aula, durante os quatro únicos anos de instrução primária que recebeu. O próprio médium conta que, em 1922, no primeiro centenário da independência do Brasil, todos os alunos tiveram que apresentar uma dissertação sobre a data. Antes de começar a dissertação Chico viu um homem ao seu lado ditando o que deveria escrever. Assustado foi falar com a professora que o aconselhou a escrever o que ouvira, tranqüilizando-o: "Ninguém lhe disse nada. O que você ouviu veio de sua própria cabeça". Com esse trabalho o garoto Chico recebeu a sua primeira Menção Honrosa. APROFUNDAMENTO NOS ESTUDOS DA DOUTRINA Naquela época a maior dificuldade de Chico era conciliar a Doutrina Católica, que lhe era imposta, com as primeiras manifestações e conhecimento que obtinha do espiritismo. Começou a ler sobre a doutrina espírita aos dezessete anos. Nesta época veio a perder sua segunda mãe, Dona Cidália, que desencarnou no dia 19 de abril de 1931. Seu pai não mais voltou a se casar, desencarnando no dia 6 de setembro de 1960, na cidade de Pedro Leopoldo aos 92 anos de idade. Chico prossegue em seus estudos doutrinários apesar de o padre Sebastião, que era o conselheiro da família e o mesmo que lhe receitou as mil Ave-Marias como penitência para acabar com as "assombrações", deixar bem claro que a igreja Católica não aprovava o Espiritismo. Decidido que estava, Chico aprofunda seus conhecimentos pesquisando Allan Kardec e se dedicando cada vez mais ao desenvolvimento mediúnico. FATO DECISIVO O fato que levou decisivamente Chico Xavier a se dedicar à tarefa mediúnica ocorreu no mesmo ano de 1927. Uma de suas irmãs ficou em estado de profunda obsessão, atormentada durante dias por maus espíritos. Chico procurou o amigo José Hermínio Perácio, espírita convicto, que lhe ofereceu sua casa para um tratamento adequado. José e sua esposa Carmem, uma médium experiente, conseguiram curar a irmã de Chico através dos ensinamentos da doutrina espírita e do desenvolvimento de suas faculdades mediúnicas. Ainda na residência do casal espírita, na Fazenda Maquiné, situada no município de Curvelo, a 100 km de Pedro Leopoldo, Chico e sua irmã receberam mensagens tranqüilizadoras da mãe. Assim, a irmã voltou para a sua casa completamente curada e Chico sem qualquer dúvida a respeito da verdadeira face do espiritismo. Desde então ele organizou e passou a reunir um grupo de crentes para estudar e desenvolver a doutrina. Tal passagem é narrada no prefácio de Parnazo de Além Túmulo, onde confessa: "...foi nessas reuniões que me desenvolvi como médium escrevente, semimecânico, sentindo-me muito feliz, datando daí o ingresso do meu nome nos jornais espíritas onde comecei a escrever sob a inspiração dos bondosos mentores que nos assistiam". EMMANUEL Emmanuel, o principal amigo espiritual de Chico Xavier, acompanha o médium desde que as primeiras manifestações espirituais se fizeram perceber pelos amigos, parentes e pelo próprio Chico. Quatro anos antes de encontrar o médium, Emmanuel já havia mantido contato com Dona Carmem Perácio numa reunião espírita realizada em Maquiné. Emmanuel identificou-se, na ocasião, como amigo espiritual de Chico, relatando a Dona Carmem que esperava apenas o momento certo para começar a "grande tarefa dos livros psicografados" através dele. AS PROVAÇÕES DOS ESPÍRITOS Em 193l, começaram os primeiros contatos entre Emmanuel e Chico. Nessa época Chico já sofria de uma doença complexa nas vistas: o deslocamento do cristalino, que, somado ao estrabismo da vista direita, incomodava-o dia e noite. Ele pediu ao mentor uma orientação sobre o tratamento que deveria seguir para amenizar o seu sofrimento. Talvez pensasse em obter uma cura imediata através dos poderes espirituais de Emmanuel, mas este lhe ensinou uma lição: não deveria esperar privilégios do mundo espiritual só porque havia sido escolhido para transmitir ensinamentos sublimes. Deveria tratar-se sim, recorrendo à medicina humana, que segundo Emmanuel, "está no mundo em nome da Divina Providência". O desprezo de Chico pelos bens materiais e pelos cuidados com o corpo também não merece a aprovação de Emmanuel, para quem "o corpo é comparável a uma enxada e o homem lembra o lavrador. Todo cuidado do lavrador é necessário para conservar a enxada em condições de trabalhar com acerto e segurança". As lições foram assimiladas em parte. Chico começou a se cuidar, entretanto o seu intenso ritmo de vida não lhe permitia ter uma boa saúde, pois trabalhava praticamente o dia todo e dormia apenas três horas durante a noite. Em sua juventude seu corpo ainda resistia. Porém, com o passar dos anos, as defesas do organismo foram se esgotando e nem com a ajuda da medicina terrena Chico escapou da debilidade progressiva. Desde 1976 sofreu crises de angina e dois enfartes. Após a ultima crise de angina, em março de l982, precisou ser assistido permanentemente por um médico, o clínico geral Eurípedes Vieira, e tomar medicamentos diariamente. O que a medicina dos homens não conseguiu curar foi o problema da visão. Mas uma vez Chico deu prova de que não se desviaria dos ensinamentos de Emmanuel ao recusar em 1969 uma oferta do médium Zé Arigó que desejava operar espiritualmente os seus olhos. "A doença é uma provação do espírito que devo suportar", respondeu Chico. TRABALHO MATERIAL Desde os 8 anos Chico trabalhava para ajudar no sustento da família e poucas foram as horas vagas para devotar-se ao Espiritismo. Foi operário em uma fábrica de tecidos, trabalhou como servente de fiação, servente de cozinha no bar de Claudovino Rocha, caixeiro no armazém de Felizardo Sobrinho e, finalmente, inspetor agrícola. O emprego de servente de cozinha fez nascer em Chico o hábito de preparar suas próprias refeições. A CONFUSÃO DO NOME Chico Xavier, ao ingressar para o serviço público como inspetor agrícola, precisou providenciar seus documentos pessoais. Junto com seu pai dirigiu-se ao cartório da cidade a fim de obter a sua certidão de nascimento. Qual não foi a surpresa de ambos, quando o funcionário do cartório não conseguiu encontrar ali o seu registro. Após várias horas de busca deparam-se com outras surpresas: o filho do Sr João Cândido Xavier ali registrado era Francisco de Paula Cândido, nascido a 2 de abril de 1910, quando o correto seria: Francisco Cândido Xavier, nascido em 2 de abril de 1911. Como não havia tempo para modificação naquele momento, seu nome assim permaneceu até 1965. Coube ao Meritíssimo Juiz de Direito da 2ª Vara de Uberaba, Dr Fábio Teixeira Rodrigues Chaves, retificar por sentença o seu nome, passando então a usar aquele que o tornara conhecido através das suas atividades mediúnicas. Portanto, para sanar qualquer dúvida, funcionário publico, hoje aposentado do Ministério da Agricultura, é o Sr Francisco de Paula Cândido. Francisco Cândido Xavier nunca existiu no quadro de funcionários desse Ministério, pelo menos até 1965. Refletindo sobre tal confusão, após algum tempo, o pai de Chico lembrou-se de que havia solicitado a um amigo para que fosse em seu lugar efetuar o registro de seu filho. Esse amigo, ao chegar ao cartório lembrou-se de que o dia 2 de abril era, segundo o calendário católico, consagrado a São Francisco de Paula. Foi então que decidiu registrar o menino como Francisco de Paula, completando com o primeiro sobrenome, Cândido, ao invés de Xavier. OS TRÊS PERÍODOS DE VIDA MEDIÚNICA Mesmo sem tempo, Chico conseguiu desenvolver-se mediunicamente com a colaboração do casal Perácio. Em 1934, quando o casal transferiu-se para Belo Horizonte, a presidência do centro espírita de Pedro Leopoldo foi entregue a José Cândido Xavier, irmão de Chico. "Tive três períodos distintos em minha vida mediúnica", relata Chico Xavier, no início de Parnazo. "O primeiro, de completa incompreensão para mim, é aquele dos 5 anos de idade, quando via minha mãe proteger-me, até aos dezessete anos, quando a doutrina espírita penetrou em nossa casa. O segundo, de 1928 a 1931, no qual psicografei centenas de mensagens que os benfeitores espirituais, mais tarde, determinariam que fossem inutilizadas, porque em suas opiniões essas mensagens eram apenas esboços e exercícios. O terceiro período começou com a presença do nosso abnegado Emmanuel, que, em 1931, assumiu o encargo de orientar todas as atividades mediúnicas até agora". A VIDA PREGRESSA DE EMMANUEL Após inúmeros contatos com Emmanuel, Chico conseguiu saber algo sobre a vida pregressa do espírito benfeitor: ele esteve na pele de um senador Romano da Judéia, Publius Lentulus, casado com Lívia, com quem teve uma filha de nome Flávia. Sua vida era cercada de luxo e ostentação, totalmente devotada ao imperador César, enquanto que Lívia dedicou sua vida a Deus. Presenciou da arquibancada de honra do Circo Máximo, a execução da mulher que amava e que se convertera ao cristianismo, sem manifestar qualquer reação que impedisse a ocorrência funesta. Desencarnou tragicamente, no ano de 79, em Pompéia, quando da erupção do Vesúvio. Anos mais tarde, reencarnou como Nestório, negro de grande cultura. Foi feito escravo pelos romanos e comprado por uma família nobre de Roma que o aproveitou como professor. Cristão desde a juventude, foi um dos assistentes das pregações evangélicas do apóstolo João Evangelista em Efeso. Freqüentava as reuniões nas catacumbas e, certa noite, na ausência do pregador Policarpo, substitui-o encaminhando a palestra. Após belíssimos ensinamentos, ele e todos os que o ouviram, foram presos e condenados a morrer a flechadas e a serem devorados pelas feras no Circo Máximo. A mais recente reencarnação de Emmanuel teria sido como o Padre Manuel da Nóbrega, primeiro apóstolo do Brasil. Nasceu em Sanfins, Portugal, em 18 de outubro de 1517 e desencarnou no Rio de Janeiro, no Colégio dos Jesuítas, por ele mesmo construído, no ano de 1570, no mesmo dia e mês de seu nascimento, contando com 53 anos de idade sendo a tuberculose a causa de sua morte. Mesmo sentindo que Chico estava preparado para receber mensagens psicografadas, Emmanuel impôs uma condição básica para trabalhar ao seu lado: que o médium seguisse, acima de tudo, os ensinamentos de Hippolyte Léon Denizard Rivail, cognominado Allan kardec (03/10/1804 - 31/03/1869). A orientação é seguida à risca até hoje. Chico se limita a aprender e a transmitir os ensinamentos codificados por Kardec. A humildade é sempre presente nas atitudes de Chico, que revela aversão à idolatria e à tentativa de alguns que desejam mitifica-lo. A VIAGEM A BELO HORIZONTE Em janeiro de 1933, Chico trabalhava no armazém de José Felizardo Sobrinho como balconista, recebendo quarenta cruzeiros mensais. O amigo José Álvaro, poeta e escritor, propôs-se a levá-lo para a capital mineira em busca de um melhor salário. João Cândido seu pai, ficou entusiasmado e incentivou o filho a aceitar a proposta. Chico, defrontando-se com o dilema, consultou Emmanuel que lhe disse achar inoportuna a viagem, mas aconselhou-o a não desobedecer ao pai. Assim, ele resolveu viajar após conseguir uma licença no armazém. Diante de um novo mundo em Belo Horizonte, onde participava de convenções literárias e recebia visitas de todos os tipos, Chico teve seu primeiro contato com a fama, pois todos queriam conhecer o autor do Parnazo. Durante três meses, ele permaneceu em Belo Horizonte, mas as agitações e os elogios não foram suficientes para fazê-lo perder a humildade. Regressou a Pedro Leopoldo retomando suas atividades no armazém do senhor Felizardo.
Posted on: Sun, 28 Jul 2013 20:09:48 +0000

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