Clóvis Campêlo LUIZ GONZAGA (3) Samuel Valente Carlos Imperial levanta-se, bate na mesa, olhando para Gonzaga (que logo pensa: “É agora, louvado padrim padre Ciço, tô lascado!”), categoricamente afirma: “Esse homem que representa a simplicidade nordestina, criador e divulgador do Baião, na sua modéstia, não se sentiria à vontade para comentar semelhanças entre a música dos Beatles e a sua toada”. Num gesto teatral, desvia-se para o foco de outra câmera, dedo em riste para os demais debatedores: “Vocês, críticos da MPB, que abominam xote, xaxado, toada, baião e a sanfona de Luiz Gonzaga, que a chamam cafona, saibam, e eu tenho a prova aqui: OS BEATLES ACABAM DE GRAVAR A ASA BRANCA DE LUIZ GONZAGA”. A revelação tem efeito de autêntico terremoto. Luiz Gonzaga gravado pelos Beatles ? Nem Ary Barroso, Tom Jobim e Chico Buarque, mereceram tal distinção, outros complementam. Gonzaga, desconhecendo as reais intenções do apresentador, fica surpreso: “É verdade, “seu” Imperial ? A partir de então todos se voltam para o Cantor das Léguas Tiranas. Jornais, revistas, rádios e a própria televisão, todos querem entrevistá-lo. O cachê fica mais decente. Os discos começam a vender em maior quantidade. Veteranos e jovens, músicos e cantores pós “Bossa Nova”, “Jovem Guarda” e “Tropicalismo”, fixam unanimidade nacional em torno do filho de Santana e Januário, cantador zambeta e zarolho, lançando para o mundo, o permanente vôo de um novo gênero, o Baião, outra vez cortejado e reverenciado como sua Majestade única. Gonzaga sustenta a inverídica notícia, de maneira singular: não a confirma e nem a desmente. Ele só pensa em pegar a malota, recheada de xotes e baião, e voltar a despejá-la por esses Brasis. A Estrela de Ouro volta a brilhar. E a sua ASA BRANCA, voa, com mais de 600 gravações diferentes, um dos recordes na discografia brasileira: Joyce, Walter Wanderley, Sérgio Mendes, Caetano Veloso, em exílio londrino (1971), Quinteto Violado (a melhor de todas as gravações, segundo o próprio Gonzaga), Luiz Bordón, Paulinho Nogueira, o grego Demis Roussos, Elis Regina, (13º Festival de Jazz, em Montreaux), Rao Kyao, Di Biasio, Coro Escola Suiça/Brasileira, Ugo Marotta, Dodô e Osmar, para citar apenas estes. Há quem afirme ter sido Geraldo Vandré o conversador ao pé do ouvido de Carlos Imperial, comentando injustiças praticadas contra o criador do Baião. geleiageneral.blogspot/
Posted on: Sun, 30 Jun 2013 12:03:41 +0000
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