Crime(s) e castigo Três crimes cometeu Camões. Pelos três foi - TopicsExpress



          

Crime(s) e castigo Três crimes cometeu Camões. Pelos três foi condenado e encarcerado. Para não cumprir por inteiro o último encarceramento obteve o perdão e foi exilado para o Oriente, onde permaneceu 17 anos. Voltou em abril de 1570 com 46 anos. O pano de fundo de tudo isto foi o seu envolvimento com as damas da casa fidalga onde servia. Arrependeu-se, pediu perdão e muito fragilizado no fim da vida converteu-se. Eis a história que vos conto no cap. VIII do meu 'Camões em Macau-Uma Verdade Historiográfica' (Labirinto de Letras, 2012). Em prosa e em verso (versos do nosso Épico e Lírico, entendamo-nos, não meus, que para tanto não tenho engenho e arte). Lembrei-me disto a propósito do protagonista de Dostoievsky (Crime e Castigo) que mata para se sentir superior ao comum dos mortais e que nem sequer usufruiu do produto do roubo. Cheio de remorso, entrou em delírios e acabou por se entregar. Arrependido? Não sei. Mas com uma certeza: afinal ele não era feito da mesma massa dos criminosos que ele admirava, que matavam por matar, sem dó nem contemplação, porque para esses nem toda a gente merecia ser considerado ser humano mas um simples verme. Afinal ele era um simples verme que merecia morrer. Daí ter-se entregado. Para ser castigado. O nosso Camões não matou ninguém. Não era dessa massa. O seu crime foi essencialmente ter-se apaixonado por quem não devia, por alguém muito acima da sua categoria. Teve o castigo que os deuses aplicam aos que se atrevem a querer subir ao Olimpo. O terceiro encarceramento, que teve por causa imediata a cutilada que deu no Largo de S. Domingos a um criado do Paço, e que cumpriu no Tronco até ser embarcado para a Índia Portuguesa em 1553, teve o agravamento resultante do facto de não ter acabado de cumprir a pena anterior que havia ficado suspensa por a vítima dos seus amores (D. Iona de Meneses, a Dinamene da lírica) ter morrido durante a viagem para a Índia que em 1550 ou 1551 ela fez para a porem bem longe dele. Longe da vista, longe do coração. Morta a ofendida, arquivado o processo. Maldita cutilada, que tudo fez recordar! De Camões não há nenhum filme decente. O de Leitão de Barros vai na onda do Camões inverídico, que nunca existiu, apaixonado por D. Isabel!!! O próprio Revedor dos Lusíadas, Bartolomeu Ferreira, aparece com um velhinho, já no final de vida ativa, quando a verdade é que é justamente o contrário: estava no início de uma atividade, que foi longa, e havia sido empossado recentemente nesse «ofício novo». Falta-nos um realizador de cinema que queira pôr em filme a vida de Camões. O meu livro serve de guião. Está lá a papinha toda! Quanto ao jovem estudante homicida do autor russo, temos várias versões, das quais destacaria esta de 2002 da BBC, em dois episódios de uma hora e meia cada um. Para mim o segundo é o melhor. Aqui: youtube/watch?v=IFuQ4RmMFFU
Posted on: Sun, 01 Sep 2013 13:53:27 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015