Crise da mídia eleva a tensão no país Saul Leblon (…) Em - TopicsExpress



          

Crise da mídia eleva a tensão no país Saul Leblon (…) Em edição recente, a inglesa ‘The Economist’ chamou a atenção para a velocidade exponencial de conexão dos brasileiros à web. A metade dos lares do país já está plugada na rede. Somos a segunda base mais importante do Facebook no mundo. A mídia tradicional, segunda a revista conservadora, está perplexa diante de uma transição sem volta. Há muito dinheiro em jogo nessa transição, explica Ramonet: a indústria da comunicação representa 15% do PIB mundial. Não só dinheiro em espécie, vale dizer. Mas também a sua versão concentrada e ainda mais valiosa: o poder político que se embaralha nessa encruzilhada. É sobretudo isso, que a ‘Economist’ não atenta, que adiciona especificidade e nitroglicerina ao caso brasileiro. A ponto de o ocaso de um setor empresarial tornar-se uma ameaça à democracia do país. Meia dúzia de corporações da mídia aqui pautam a vida política e tutelam a economia , como centuriões da riqueza acumulada e da autoridade corrente. Alguns encarnam essa ‘gendarmerie’ autoconferida há mais de um século. Enfrentam os tempos difíceis, com as garras à mostra. Às trincas no alicerce político, decorrentes de três derrotas presidenciais sucessivas de seus candidatos à chefia da Nação, veio agregar-se a percepção de uma deriva estratégica. Consequência de uma mudança estrutural irreversível na dimensão tecnológica do seu negócio. ‘A explosão do jornalismo’, como diz Ramonet brincando com a ambiguidade, atinge o suporte convencional com tal impacto que desordena a escala e o conteúdo do que se produz, borra a linha divisória entre emissor e receptor e dissolve o próprio conceito do que se emite: a informação. Pior: os gigantes do crepúsculo não estão mais sozinhos na luta pela adaptação ao novo meio digital. Há uma população nova, ágil, desassombrada, composta de pequenos veículos progressistas que contrastam a pauta dominante e disputam uma audiência antes cativa. Ainda não assimilada em sua importância por governos hesitantes, a emergência desses novos atores tira dos gigantes o favoritismo absoluto na nova corrida. O faturamento grita, a audiência tropeça. E eles radicalizam. Sua estratégia no Brasil visa recuperar, por todos os meios, todos, um pedaço do chão firme anterior. Como a tecnologia é a variável exógena da equação, a alternativa dos liberais que dominam a mídia converge para a luta pelo controle do Estado. Vale tudo. A partidarização sem pejo esparramou-se do editorial para o colunismo; contagiou as manchetes e já capturou o noticiário. Busca-se assegurar, ao menos, uma transição suave, para algum ponto seco, a salvo da inundação digital-democrática, que não cessa de subir.
Posted on: Tue, 16 Jul 2013 11:06:17 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015