Crónica publicada hoje no Correio do Ribatejo MUDANÇAS de TOM Olho uma paisagem de montes e vales verdejantes e penso que o verde vai mudando com as incidências da luz, com o tipo de florestação, com as plantações escolhidas. O verde dum pinhal manso, cor de musgo, de um verde-escuro, refrescante, macio, difere do Pinhal bravio, esgueirado e menos denso; O verde acinzentado dos eucaliptos, fazem contraste com o prateado das oliveiras, com o sombreado dos castanheiros. Sugere-me interrogar como seriam as paisagens verdes da Floresta Mediterrânica, a fusão de cores e matizes do sobreiro, cedro, cipreste, medronheiro, loureiro, giesta, intercalada com estevas, piteiras, cactos, buxos, carrasco, alecrim, rosmaninho, alfazema, e tantas outras… A fauna residente nesses lugares… os ruídos, os cantos… Vem a propósito uma pergunta sobre o canto dos pássaros – será que …por exemplo há 500 anos o canto dos pássaros seria igual ao que hoje escutamos? Dificilmente, direi eu. Eles escutam-se, chamam-se, respondem e interagem em diálogos sonoros entre espécies. Aprendem, repetem, ensaiam atitudes e sons. Isso leva-nos a crer que o processo evolutivo contínuo gerou novas harmonias. Como soariam no passado os trinados das aves? Como soarão no futuro? Tudo é dinâmico, o espaço sideral, as galáxias, os corpos celestes, a atmosfera, as florestas, os mares, o curso dos rios, a espécie animal e… nós. Mercedes Sosa canta “Todo Cambia” youtube/watch?v=GL2cWnRzAyk Sejam os valores da “tradição”, do hábito, das heranças culturais, dos costumes sociais, sempre o passado tenta deter a ousadia dum presente que nos conduzirá para o futuro anunciado. Essa entropia paralisa, estagna, inviabiliza dinâmicas, cria desculpas inconcebíveis, como se fosse possível permanecer em caminho já andado… Resistir à mudança é negar o futuro. É atrasar a marcha inevitável da evolução. Manuela Marques
Posted on: Thu, 05 Sep 2013 23:29:17 +0000