DIÁRIO DE UM CANDIDATO – Ramalde – Porto (26) Depois de um - TopicsExpress



          

DIÁRIO DE UM CANDIDATO – Ramalde – Porto (26) Depois de um pequeno interregno – a campanha está na rua, já emagreci quase 5 kg desde que me meti nesta aventura saudável mas esgotante e até o Manuel Maio, o ainda presidente de junta de Ramalde, ora candidato a Presidente de Matosinhos, me dizia há dias ter torrado as “solas de dois pares de sapatos” a calcorrear, como eu e todos os candidatos, este campo onde, cada um a seu modo, trava este combate político. Mas devo dizer que muito tenho aprendido e ganho. Além de uma melhor forma física (os anos pesam, não vale a pena escamotear a realidade), conheço agora melhor a freguesia de Ramalde. A função de presidente da Assembleia de Freguesia, ao contrário do que parece, não tem a relevância que se pensa, basta dizer que a lei lhe comete meras funções de disciplina e condução dos trabalhos. As funções de governação estão cometidas ao Presidente da Junta e seu pares no executivo, é deles a responsabilidade de fazer. Por falar em competências uma nova Lei, a entrar em vigor logo após estas eleições, vem dar mais poder e competências às Juntas de Freguesia. Vale a pena ler. Não era sem tempo, vamos ver o que daqui sai de positivo para a governação e para as populações, o que pode fazer a JF para resolver os seus problemas e satisfazer as suas necessidades. Uma outra coisa que aprendi – mera dedução do que vi nestes últimos dois meses – é que existe uma noção errada sobre os chamados “bairros sociais”. A expressão está mal denominada, o termo bairro é já, por si só, social. E bairros são todos, quer se situem em zonas degradadas quer em zonas centrais, modernas e bem requalificadas. Aqui chegado, tiro uma conclusão: na grande maioria dos bairros da cidade (ditos sociais, um pleonasmo) vive-se razoavelmente e agora com melhor qualidade depois da requalificação que alguns sofreram. Já o escrevi aqui, o que mais me espanta é a degradação dos espaços relvados e jardins no terreno onde eles se inserem. Valha a verdade que a carolice de alguns moradores, nalguns bairros, faz a diferença de qualidade de vida. Pior, muito pior, tem sido o que tenho visto nas chamadas “ilhas”, essa herança do tempo a que eu já chamei a “revolução industrial” do Porto, iniciada muitos anos atrás quando os campos de milho deram lugar às fábricas como aconteceu em Ramalde. E o panorama aqui não tem comparação com os bairros. Curiosamente, é aqui que se vê uma maior união e solidariedade entre as famílias, um Porto mais típico, tripeiro e cultural. O problema maior é que estas “ilhas” são propriedade privada, o Estado (em sentido lato) pouco pode fazer. Ainda assim Rui Moreira tem dito às pessoas que nos interpelam que vai tentar soluções tripartidas: inquilinos, senhorios e Câmara. Também as rendas pagas são desiguais. Na ilha do Papelão ouvi falar em € 275,00 (uma exorbitância!) e ontem, uma senhora mostrou-nos o barraco e disse pagar € 7,00, acrescentando, com grande pragmatismo, não ser possível à senhoria fazer obras, uma senhora já com mais de 80 anos sem filhos, ela própria com dificuldades e a viver só. Ou seja, temos de encontrar soluções também para estas ilhas. É também importante que os moradores dos “bairros sociais” não se julguem na soleira do patamar social. Por isso muito eu gostava que alguns que me têm interpelado a reclamar mais e mais, me acompanhassem a ver estes tugúrios nestas ilhas,. Por certo modificariam o discurso e teriam mais contenção. Como se vê, falamos aqui não na hierarquia dos valores mas dos desvalores. Ou, se quiserem, é a chamada gestão correta das expetativas.
Posted on: Sun, 15 Sep 2013 19:39:01 +0000

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