DO-BE-DO-BE-DO... 1) Às vezes a inspiração ocorre de uma forma que nem o inspirado percebe o seu alcance. No final dos anos 60, durante um voo para Los Angeles, o executivo do canal CBS Fred Silverman pensava no nome para a novo desenho animado que seria lançado e um trecho da canção “Stranger in the night” de Frank Sinatra não saia de sua cabeça. No final da música Sinatra cantarola algo que soa como “do-be-do-be-do” e... Eureka! O nome do novo desenho: Scooby-Doo – simplesmente a mais longa série de desenho animado da história da televisão, várias gerações se deliciaram com as aventuras dos jovens que resolviam mistérios juntamente com seu adorável mascote. 2) Mas e o “do-be-do-be-do” que Sinatra brincava em várias músicas seria apenas um “lá-lá-lá...”? Pode ser que sim, mas algo curioso se revela ao prestarmos um pouco mais de atenção: do, em inglês é “fazer” e be é “ser”, daí o jogo de palavras vira “ fazer-ser-fazer-ser”, uma alternância, o equilíbrio perfeito entre o “fazer” e o “ser”, que hoje divide o mundo. 3) Atualmente temos de um lado: materialistas e racionalistas que veem a criatividade como um processo racional de tentativa e erro. Focalize um problema, engendre uma teoria, descubra consequências prováveis para essa teoria, faça um experimento, se funcionar, “bingo!”, você tem uma solução. Se dados experimentais não se ajustarem à previsão da teoria, volte à prancheta e idealize outra teoria experimental. Tudo é fazer-fazer-fazer. 4) Do outro lado, temos as religiões e tradições espirituais do mundo que enfatizam a oração, adoração, louvor, meditação, contemplação. Tudo é ser-ser-ser, o mundo do fazer é considerado ilusório e, por isso, ignorado. 5) Ao ter que escolher apenas um lado, inevitavelmente teremos um conhecimento capenga, desequilibrado racional ou emocionalmente e, ao se separar do “outro lado”, temos a origem de todo ódio e violência do mundo. 6) Alternando entre o modo “ser” e o modo “fazer” é que Salsicha e Scooby (tal qual Dorothy e Totó em Oz) enfrentam seus medos para desmascarar falsas verdades e solucionar todos os problemas apresentados, notadamente conduzidos pela inteligência de Velma, sensibilidade de Daphne e a liderança de Fred. 7) Viagem? Talvez... mas o fato é que essa singela fórmula persiste a décadas e as crianças, ah, sempre as crianças, adoram! Seria também delírio apontar a cor predominante do psicodélico furgão desta jovem trupe ser o verde, da verdade? * (trecho compreendido nos parágrafos 3 e 4 extraído do livro O Ativista Quântico, de Amit Goswami).
Posted on: Sat, 26 Oct 2013 00:03:08 +0000
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