"De modo geral, as pessoas são contra o estatuto e sua tentativa de restringir o já adquirido direito de abortar em caso de estupro. A maioria dos comentários acha absurdo uma mulher ser forçada a manter a gravidez nesse caso. Afinal, ela não escolheu isso, foi uma violência. Mas veja só: no caso da mulher que engravida em uma relação consensual, o argumento é “mas é uma vida, é errado matar criancinha, a criança não tem ‘culpa’ da irresponsabilidade de quem a gerou”. Ué, um embrião gerado por estupro também não é uma vida? Também não seria errado matá-la? O embrião fruto de estupro também não tem ‘culpa’ do estupro. Por que o fetinho de estupro pode matar e o de relação consensual não pode? BUSTED: o problema não é a vida em potencial do fetinho, mas se a mulher quis ou não quis transar. Em português claro: se ela é ou não biscate." Adendo: o estatuto do nascituro não pretende restringir o aborto em caso de estupro, ele está, "apenas", oferecendo às mulheres vítimas a alternativa bizarra de, ao invés de abortarem, terem o filho mediante pagamento de "mesada". Essa ideia de que ele quer criminalizar o aborto em caso de estupro é interpretação errada do texto do projeto, que, claro, não deixa de ser nojento só por conta disso. De todo modo, só fiz a ressalva porque sou chata. O que é relevante, e tema do post, é o quanto o pensamento da maioria das pessoas, nas discussões sobre o assunto (aborto legal X aborto ilegal), é moralismo puro disfarçado de "pró-vida", mesmo que às vezes elas nem percebam, o que fica bem claro pelo quote do texto aí em cima. Vale MUITO a pena ler.
Posted on: Fri, 02 Aug 2013 18:10:48 +0000
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