Depressão e restauração O Papa Francisco chega ao Brasil em - TopicsExpress



          

Depressão e restauração O Papa Francisco chega ao Brasil em circunstância extremamente sensível da vida política nacional. Todos falam e ninguém se entende. Em poucas ocasiões, em nossa História, a confusão foi tamanha. A vontade atomizada das ruas aponta para uma falência das formas tradicionais de exposição. Todos têm opiniões e estas se apresentam divergentes. Pede-se tudo. Deseja-se o infinito. Não há limites para as solicitações. Claro que é possível apontar para vetores precisos: saúde, educação, honestidade. São exigências nítidas e oportunas. Os brasileiros – graças a uma imensa onda de publicidade – foram envolvidos por uma falsa aparência de prosperidade. Verbas públicas foram despendidas sem parcimônia. Falsos empresários foram concebidos, graças as verbas concedidas por bancos públicos e privados. Jamais poderia se imaginar que o sistema bancário nacional pudesse financiar empresas de papel. Um novo “encilhamento”, tal como o propiciado nos primórdios da República, voltou a acontecer. Criou-se, em 1965, um Banco Central que, ao contrário de outros países, tem acumula também as funções de fiscalizar a manutenção de higidez do sistema. Funcionou por largos anos. Agora – vinte e cinco anos de redemocratização – constata-se que tudo voltou aos idos dos anos 60. Ganham os mais espertos. O aventureiro tem seu lugar na mesa dos governantes. E dos altos financistas. Falta vergonha na cara. Acabou o bom costume de ter caráter. Antigos dirigentes das finanças nacionais emprestam seus nomes para empresas sem respeitabilidade. Tudo sem cobrança. O cidadão comum e os acionistas minoritários são tratados como servos da gleba. Oferecem suas economias. Recebem, em troca, o desprezo, representado pelo silêncio mal humorado dos controladores. Em todos os campos da vida nacional, o descaso pelo cidadão comum está presente. A revolta é geral. Não existe um segmento da sociedade que mostre confiança no futuro. É neste cenário de apocalipse que Francisco, o papa jesuíta, aporta no Rio de Janeiro. É bom momento. O seu antecessor, Ignácio de Loyola, concebeu a Companhia de Jesus em momento difícil para a Igreja Católica. Os votos impostos a seus membros transformaram os jesuítas em combatentes abnegados da moral. Optaram pela renuncia ao direito de propriedade. Foram além. Suas orações seriam em privacidade. As penitências, tão costumeiras nos anos quinhentos, seriam escolha de cada um. Dedicariam suas forças à educação dos jovens. Os jesuítas foram, durante séculos, uma ordem religiosa de vanguarda. Estabeleceram-se nas Américas. Muitos afirmam que línguas locais – como o quéchua – permanecem graças à abnegação dos padres da Companhia. Amados e odiados, os jesuítas foram suprimidos em julho de 1773. Deixaram de participar do corpo da Igreja Católica. O Papa Clemente XIV, pela Breve Dominus ac Redemptor, foi o autor do ato de supressão. Voltaram. A Companhia de Jesus foi restaurada em 1814, após longo processo de inúmeras etapas. Não eram, então, mais de seiscentos em todo o mundo. Este Papa que estará no Brasil, dentro de poucos dias, é, pois, personalidade integrante de uma história de conquistas e fracassos, onde a perseverança nunca esteve ausente. Exatamente o que necessita sensibilizar os brasileiros. Há necessidade de perseverança nos muitos estágios da evolução social. Há momentos de euforia e outros de depressão. Estamos vivendo uma etapa de amarga decepção. A verdade veio ao Sol. O sonho acabou. Ficaram os esqueletos para ser enterrados. E a falta de vergonha na cara de muitos. A dignidade será restaurada. Basta lutar por todos os meios, como fizeram os antecessores do jesuíta Francisco. Por Cláudio Lembo
Posted on: Mon, 15 Jul 2013 16:21:50 +0000

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