Descartes se pergunta de onde viria o erro, já que, uma vez - TopicsExpress



          

Descartes se pergunta de onde viria o erro, já que, uma vez aceita a existência de um Deus perfeito, não poderia vir Dele o engano, o erro e a falsidade, já que estas seriam características de um ser finito e imperfeito, relacionadas, portanto à carência, não havendo, assim, relação entre Deus e o erro. A ausência de conhecimento só pode ser fruto da minha finitude. O homem tem, portanto, uma natureza dúbia: por um lado, participa do ser mediante as idéias claras e distintas, por outro, de forma diversa, participa do não-ser devido à sua carência. Descartes conclui que a causa do erro só pode estar em mim, e começa, então, a investigar as minhas representações. Percebe, então, que as idéias tomadas apenas como representações são apenas uma faceta da minha capacidade, que se estende numa faculdade chamada juízo. Ora, o juízo nada mais é do que uma afirmação ou negação acerca de alguma proposição e depende em parte do meu entendimento, em parte da minha vontade. O que distingue o entendimento da vontade, é que o primeiro é limitado (embora este limite não tenha sido estabelecido), enquanto a última é ilimitada. De acordo com a minha vontade, posso afirmar, por exemplo, que 2 + 2 não é = a quatro. Ora, sendo a faculdade do juízo ilimitada, posso exercê-la tanto no que se refere às idéias claras e distintas, quanto no que se refere às idéias confusas e obscuras. Eis então a causa do erro: se afirmo ou nego em relação a algo sobre o qual eu não tenha clareza e distinção, então eu estou incorrendo em erro. Descartes situa a moral, como vimos no início, num dos ramos da sua árvore do conhecimento, fazendo supor, desse modo, que a moral deveria ser a última coisa a ser elaborada, só podendo ser bem sucedida após um conhecimento científico plenamente estabelecido. Entretanto, a moral é necessária desde que haja homens vivendo em sociedade e, se, de acordo com o sistema cartesiano ela deveria ser derivada de conhecimentos precedentes, de acordo com a vida em sociedade ele é imprescindível e imediata. Para solucionar este impasse, Descartes elabora uma moral provisória determinada por três máximas, que se encontram na terceira parte do Discurso do método. São elas: a obediência às leis, costumes e à religião adotada no país em que se vive, optando sempre pela moderação. Embora, por tratar-se de uma moral provisória, ainda não haja meios de determinar essas opiniões como verdadeiras, certamente, são as mais verossímeis, isto é as que mais se aproximam da verdade e, portanto, as mais adequadas neste momento; uma vez adotada uma opinião, deve-se segui-la com constância, como se ela fosse certa e verdadeira, o que é mais sensato do que mudar de opinião a todo momento. O bom sendo condena a instabilidade; por fim, deve-se sempre tentar domina-se ou modificar-se a si mesmo quando necessário, e nunca a ordem do mundo. Em As paixões da alma, Descartes vai se dedicar ao estudo das nossas paixões para que, a partir deste conhecimento, seja possível ter algum domínio sobre elas. Ele vai distinguir entre as paixões provocadas pela alma e as paixões provocadas pela sensibilidade e vai afirmar que existe um elo entre alma e corpo estabelecido por uma glândula: a glândula pineal. Essa região de comunicação entre corpo e alma é, entretanto obscura e confusa, o que impossibilita, assim, um conhecimento pleno das nossas paixões. Desse modo não é possível o exercício pleno da razão no âmbito das paixões e, por conseqüência, no âmbito da moral.
Posted on: Sun, 11 Aug 2013 00:52:25 +0000

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