Dialogo 85º Levantei um pouco antes de o sol nascer, fiz minha prece como de costume, agradeci por estar diante de tão bela paisagem, arrepiava-me pensar que horas atrás estava confinado nas entranhas sombrias daquela montanha. Mas uma vez sai ileso pensei eu... Lady RedFord e meu Velho Irmão vieram contemplar o nascer de sol comigo na beira do imenso paredão, Lady RedFord me chamou: “Vamos para o Templo, vamos para casa Lobo Templário”. Desmontamos acampamento e iniciamos a longa e perigosa descida vertical... Durante a descida eu sentia dentro de mim como se parte da minha alma ficara naquele maldito salão das tumbas... Já tinha visto muitas coisas sinistras nas minhas andanças pelo mundo, mas estive literalmente no inferno na noite que se passara. As descidas eram tão perigosas quanto às escaladas, e estávamos todos muito exaustos, por isso precisávamos manter o foco e atenções redobradas, mais de 100 metros nos separavam do solo firme. Depois de uma hora estávamos todos salvos no solo, pegamos nossas montarias e seguimos caminho de volta para o Templo de Jerusalém. Enfim fomos finalmente para casa com as mãos vazias e um temor em nossos corações pela experiência sinistra que vivenciamos naquela montanha amaldiçoada. Muitos dias se passaram desde então, todos seguimos nossas vidas, não deixamos de continuar nossas buscas e escavações... Também nunca mais tocamos no assunto! Os dias, meses e anos se passaram tranquilos, sem grandes batalhas a serem travadas, tirando uma ou outra emboscada, alguns pequenos ataques isolados, estávamos mantendo nossas forças e domínio de terras com certa facilidade em Jerusalém... Eu também ficara calejado com as areias dançantes da Terra Santa, tornara-me mais endurecido e frio do que era quando cheguei e pisei o solo da Terra Santa anos antes, mas por outro lado ainda mantinha minha essência intacta, não deixara me corromper pelas barbáries que presenciara. Com o tempo a saudade de Lobo e da Princesa bruxa das Rosas fora se tornando algo intocável, algo que estava além das minhas forças, parei de lutar comigo mesmo em relação a eles, mas nunca os esqueci um minuto sequer... Estava finalmente pronto para aceitar meu destino, embora restasse no fundo da minha alma o desejo de retornar ao meu distante lar, algo que parecia pouco provável de acontecer... Cerca de um ano atrás o Grão Mestre do Templo teve uma enfermidade na qual tirou-lhe a vida, para o desespero de todos Irmão Negro que era o segundo no comando assumiu seu lugar tornando-se Grão Mestre. Ele não se metia muito em meu caminho, mas a partir da data que ele assumiu o comando eu sabia que iria fazer de tudo para que eu não regressasse ao meu distante lar... O miserável mal esperou enterrarmos nosso antigo Grão Mestre e começou a dar ordens absurdas aos comandantes, na época foi necessário que eu e meu Velho Irmão Templário intervíssemos ameaçando o agora Grão Mestre Irmão Negro. Isso quase nos custou à vida, mas serviu para ele se por no lugar... Se não tivéssemos tomado uma atitude enérgica na ocasião Irmão Negro teria colocado anos de conquistas territoriais e alianças tudo a perder, mas não deixamos e com isso pagamos o preço, na ocasião ele disse que eu e meu Velho Irmão estávamos condenados a viver o resto dos nossos dias prisioneiros da Terra Santa. Infelizmente ele tinha esse poder, se quiséssemos regressar ao distante lar teríamos que levar uma carta com seu selo e assinado pelo Grão Mestre do Templo nos dispensando, caso contrário seriamos desertores da Ordem dos Cavaleiros Templários... Um Cavaleiro Templário preferia a morte a ser condenado como um desertor, um covarde! Meu Velho Irmão Templário que estava na Terra Santa há alguns anos antes da minha chegada surtou, queria matar Irmão Negro, mas eu o convenci a não fazer nenhuma besteira na época, se matasse o novo Grão Mestre seria condenado a morte imediatamente, e não seria uma morte limpa, o fariam sofrer muito antes do fim. Assim nós seguimos nossa rotina naquelas terras estrangeiras... FlavioK2 – Lobo Bárbaro Poeta
Posted on: Wed, 02 Oct 2013 00:42:38 +0000
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