E... Quando você for embora, espero que tenha a dignidade de sair sem fazer barulho. Sem bater de portas, passos fortes, nada disso. Que vá cedo, enquanto eu ainda estiver dormindo, sonhando com sei-lá-o-que, que à esta altura não será mais sobre você. E mesmo tão decidido e teimoso, me olhe por uma última vez, enquanto meus olhos ainda estejam fechados. Torço para que você esqueça um cd importante e que volte para pegá-lo, sendo suave ao entrar, discreto ao sair, para não chamar a atenção dos vizinhos. Que, como acaso do destino, corte o dedo naquele prego exposto do portão, que você sempre diz que é perigoso, mas que nunca consertou e volte para procurar um band aid, mesmo que você não saiba onde eu o guardo. Saindo da mesma forma que chegou, calado. E, ao ligar seu carro, você perceba que ele precisa de uma limpeza antes que você pegue a estrada e que opte por lavá-lo, sem deixar que a água da mangueira me desperte. E se a fome apertar quando você já estiver no final da rua, aguardando o sinal abrir, você faça uma bandalha e volte, entre na cozinha e não deixe o cachorro perceber que você está pegando um pacote de biscoito. Não esbarre em nada, utensílios de cozinha costumam ser barulhentos. E, antes de sair, você me olhe de novo. E desista dessa ideia absurda. E que eu seja sua melhor desculpa, dentre tantas outras, para você nunca ir. Aryane Silva
Posted on: Wed, 25 Sep 2013 01:29:30 +0000
Trending Topics
Recently Viewed Topics
© 2015