E, contudo, a mente humana não é um mapa territorial com fronteiras e subdivisões bem definidas, medidas de latitude e de longitude. Trata-se de uma estrutura inacreditavelmente complexa, sutil e frágil, interpretando ou tentando interpretar simultaneamente conceitos objetivos e subjetivos, sentimentos, pulsões, instintos, racionalizações, segredos, desejos e repulsas, ilusões, devaneios, amores e ódios, crenças, mistérios, ansiedades, esperanças, mágoas, pressentimentos, dores físicas e psíquicas, lembranças e medos, muitos medos. E ainda o inconsciente, incorretamente denominado por subconsciente quando o mais adequado seria supraconsciente. A intuição e sua inexplicável capacidade para agrupar conhecimentos diversos independentemente da consciência e do raciocínio, e trazer à luz respostas prontas. A forma como os impulsos elétricos do cérebro são transformados em pensamentos (ideias, juízos, raciocínios) ainda é um mistério para a ciência. Sabemos que pensamos, mas não sabemos por que pensamos ou como pensamos. Tudo que existe a este respeito são meras conjecturas. Talvez o raciocínio seja alguma forma de energia superior e muito sutil que permite a interpretação de realidades dentro de outras realidades numa espiral ascendente, assim como um contraste faz surgir algo que se procura num determinado contexto. Neste contexto, “realidade” seria algo particular, específico, vinculado à natureza individual de cada mente. Não seria, como se imagina, um conceito determinado e definitivo, comum aos grupos de indivíduos, mas algo que está em cada indivíduo, no seu próprio “eu”. A capacidade de ascender às realidades superiores estaria então condicionada à expansão mental de cada individuo, nas suas vivências e principalmente no seu repertório de conhecimentos. Toda esta miraculosa estrutura extraordinariamente complexa, sob padrões da civilização prática, por si só seria merecedora de uma camisa-de-força. Felizmente ela está bem disfarçada sob as cortinas de ferro dos padrões civilizatórios, que fazem do mundo um grande palco, dirigido pelos sistemas políticos, guarnecido pelas ciências e abençoado por Deus. E todo este potencial incalculável - as autênticas digitais de Deus na criação - é processado e afunilado para servir a uma conveniência supostamente ordenada, na grotesca futilidade de um cenário que está agora a um passo da mais completa imbecilidade.
Posted on: Sat, 26 Oct 2013 02:58:21 +0000
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