E onde quer que existam falas de mulheres implorando para sempre ouvidas, devemos, cada uma de nós, reconhecer nossa responsabilidade de procurar por essas falas, encontrá-las, compartilhá-las e examiná-las também no que diz respeito à nossa própria vida. Que nós não nos escondamos atrás das enganosas separações que nos foram impostas e que, muitas vezes, se tornam parte de nós. Como por exemplo: Eu não posso ensinar literatura de mulheres Negras - a experiência delas é tão diferente da minha. Mas quantos anos você já esteve ensinando Platão, Shakespeare e Proust? Ou ainda: Ela é uma mulher branca, o que teria a dizer a mim? Ou: Ela é lésbica, o que pensaria meu marido? E ainda: Essa mulher escreve sobre suas crianças e eu nem tenho filhos. E todas as outras infinitas maneiras que nos privam de nós mesmos e da experiência de outras mulheres. Nós podemos aprender a nos movimentarmos e a falarmos quando temos medo do mesmo modo que aprendemos a nos movimentarmos e falarmos quando estamos cansadas. Fomos socializadas a respeitar mais o medo do que as nossas necessidades por expressão e definição, e enquanto esperamos em silêncio por esse dia em que não sentiremos medo nenhum, o peso do silêncio irá se chocar contra nós. O fato é que estamos aqui e eu estou falando essas palavras em uma tentativa de quebrar nosso silêncio e algumas das diferenças entre nós, porque não é a diferença que nos imobiliza mas o silêncio. E há tantos silêncios a serem quebrados. [A Transformação do Silêncio em Fala e Ação]
Posted on: Sun, 20 Oct 2013 01:46:11 +0000
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