Eles Não Abraçam árvores Os especialistas em - TopicsExpress



          

Eles Não Abraçam árvores Os especialistas em sustentabilidade nunca tiveram tanto prestígio nas empresas como agora. Sem abrir mão do idealismo em questões ambientais, eles ajudam a fortalecer os negócios Em meados dos anos 90, o paulista Fernando Von Zuben recebeu uma missão na subsidiária brasileira da indústria sueca de embalagens Tetra Pak. Recém-contratado como diretor de meio ambiente, ele foi encarregado de desenvolver tecnologias que possibilitassem à empresa aumentar a reciclagem de suas embalagens longa vida. A missão começou como um trabalho solitário. Era uma diretoria de uma pessoa só, diz Von Zuben, engenheiro químico formado pela Unicamp. Mas ganhei carta-branca para atuar, desde que seguisse as diretrizes da matriz. No trabalho com os fornecedores da Tetra Pak, ele buscou identificar oportunidades de aumentar o índice de reciclagem das embalagens e fomentar o mercado de produtos feitos com esse material. O resultado foi além do esperado. Mas foi com a criação de uma tecnologia que permite separar o alumínio, o papel e o plástico das embalagens - algo inédito no mundo - que Von Zuben e a unidade brasileira ganharam reconhecimento internacional. O método foi exportado para fábricas da empresa na Espanha e na China e permitiu à Tetra Pak reduzir drasticamente os danos de seu negócio à natureza. Hoje Von Zuben comanda uma equipe de 12 profissionais e orgulha-se de já ter ajudado a formar mais de 30 engenheiros na área de sustentabilidade. A experiência de Von Zuben exemplifica o que é valorizado hoje nos profissionais de sustentabilidade: executivos que entregam resultados, algo longe do estereótipo de abraçadores de árvores. O que o mercado busca são profissionais que conheçam a empresa e ajudem a dar respostas aos desafios ambientais do nosso tempo, diz Martin Bernard, consultor que acaba de criar a P4BW, empresa paulistana de recrutamento de executivos especializada em sustentabilidade. Uma dose de idealismo pode ser bem-vinda, mas não é o elemento principal. Para as empresas, o problema é que não existem muitos especialistas com o perfil desejado. A demanda está muito aquecida, e as empresas se queixam de que falta gente qualificada e experiente, diz Marcus Nakagawa, presidente da Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, que reúne especialistas que atuam em empresas, ONGs e no setor público. O cargo de gestor de sustentabilidade, que há dez anos mal existia, hoje está em alta. Uma pesquisa recente da consultoria Deloitte analisou a estrutura de sustentabilidade de 23 grandes companhias que atuam no país. O levantamento revelou que, nessas empresas, existem, em média, nove pessoas trabalhando com o tema. O estudo também apontou que o salário pode atingir 25 000 reais mensais, além dos benefícios e da remuneração variável por cumprimento de metas. A valorização do profissional de sustentabilidade reflete a grande transformação pela qual o tema vem passando nos últimos anos. Há pouco mais de uma década, o que a maioria das companhias tinha era um funcionário que gerenciava as doações a ­ONGs ou instituições de caridade. Ainda hoje, muitas vezes o departamento de sustentabilidade das empresas é responsável por conduzir as dezenas de relacionamentos e parcerias com entidades do terceiro setor. A gestão da filantropia, porém, ainda que necessária em um país como o Brasil, representa apenas uma parte ínfima de um trabalho que passou a ter um escopo bem mais ambicioso. PAPEL MAIS ESTRATÉGICO Um bom exemplo das novas responsabilidades é o da psicóloga Maria Luiza Pinto, conhecida como Malu. Em 2001, quando morava na Holanda e atuava na área de recursos humanos do banco ABN Amro, ela foi convidada a voltar para o Brasil e a elaborar a estratégia de responsabilidade corporativa do Banco Real, hoje Santander. Na Holanda, achavam que eu estava voltando para o Brasil para fazer filantropia, pois essa área era um campo desconhecido até então, diz Malu. De volta ao país, aos poucos ela foi descobrindo as oportunidades de trabalhar temas como relação com fornecedores, ecoeficiência, microcrédito e análise de risco socioambiental - algo que se tornou um diferencial do Real e foi copiado pela concorrência anos depois. Veio então a compra do banco pelo Santander, em 2007, e o receio de que o grupo espanhol não incorporasse as práticas sustentáveis do Real. Após um período de adaptação, a diretoria executiva evoluiu: passou a ser chamada de desenvolvimento sustentável, hoje emprega 23 pessoas e está cada vez mais direcionada à promoção de práticas de educação voltadas para a sustentabilidade. A exemplo de Malu, os profissionais que estão assumindo o papel de liderar o tema da sustentabilidade nas empresas têm formação bem diversificada - de psicólogos a engenheiros, de advogados a administradores. Para aprimorar suas competências, muitos buscam especializações dentro e fora do país. Foi o que fez a gaúcha Gabriela Werner, gerente global de sustentabilidade da Embraco, multinacional brasileira da área de compressores. Depois de se formar em direito em 2004, Gabriela trabalhou em uma ONG, morou na Austrália - onde atuou em uma consultoria de marketing - e, de volta ao Brasil, foi trabalhar na diretoria de responsabilidade social do Banco Real. Lá desenvolveu uma de suas principais competências: a capacidade de engajar pessoas. Não demorou a surgir o convite para trabalhar na Embraco. A empresa, que vende para 80 países e tem fábricas na China, no México, nos Estados Unidos, na Eslováquia e na Itália, procurava um profissional que difundisse a ideia da sustentabilidade em todas as unidades. Hoje, Gabriela comanda uma equipe de 13 pessoas e é responsável por incluir a questão da sustentabilidade no desenvolvimento de produtos - a estratégia é incentivar a inovação e a eficiência energética dos compressores. Segundo Gabriela, para ser gestor de sustentabilidade é necessário ter paixão pelo assunto. Você precisa ser um embaixador do tema e engajar pessoas o tempo todo, diz. E o mais importante: conseguir traduzir a sustentabilidade em benefícios para o negócio. Mostrar à chefia que sustentabilidade agrega, de fato, valor ao negócio pode ser uma empreitada difícil. A tarefa se torna um pouco mais fácil quando o profissional conhece a fundo o negócio de sua empresa. É o caso de Ricardo Rolim, diretor de relações socioambientais da Ambev. Com uma carreira de 20 anos na fabricante de bebidas, Rolim já passou por vários departamentos: começou na área financeira, depois cuidou de logística, distribuição e vendas. O convite para cuidar de sustentabilidade veio em 2011. Com formação em administração e mestrado em estratégia, Rolim aprende no dia a dia a lidar com a parte mais técnica de seu cargo - por exemplo, gestão de recursos hídricos, indicadores ambientais, resíduos e reciclagem. É um campo totalmente novo, diz o executivo. Em sua gestão, a Ambev conseguiu reduzir de forma significativa indicadores como o consumo de água. Em algumas fábricas, cada litro de bebida utiliza 3,52 litros de água, o que deixa a empresa próxima de sua meta global, que é consumir 3,50 litros de água para cada litro de bebida. O caminho para fazer uma boa gestão socioambiental é sistematizar processos, metas, diagnósticos, diz Rolim. Sustentabilidade precisa ter indicadores, senão fica apenas no discurso. E blá-blá-blá, no longo prazo, não é nada sustentável. Autor:Andrea Vialli Fonte:Guia Exame de Sustentabilidade
Posted on: Wed, 27 Nov 2013 14:50:57 +0000

Trending Topics



s="stbody" style="min-height:30px;">
Serdang Skyvillas, Seri Kembangan Return up to 6% Property
Não posso deixar de comentar um que outro POST que li a respeito
Black Framed/Matted Print 17x23, A True Conservationist CHECK

Recently Viewed Topics




© 2015