Em 2010 publiquei esse texto em um blog (do qual me afastei - TopicsExpress



          

Em 2010 publiquei esse texto em um blog (do qual me afastei prudentemente). Reli hoje e ainda me lembro da crítica que recebi de um , sei lá , petista , esquerdopata ? Basicamente , o crítico declarava que eu estava louco porque o SUS era e estava maravilhoso. Ironicamente citou o INCA RJ como modelo de eficiência. Esqueceu-se evidentemente de tudo o mais que estava em volta. Se tiverem paciência leiam, compartilhem, comentem e critiquem ! Um problema O Sistema Único de Saúde (SUS) modelo bastante elogiado dentro e fora do Brasil, tem problemas que desafiam a sua concepção. A Constituição Federal prevê que “... saúde é um direito do cidadão e um dever no Estado...” e isso é o quanto basta para toda e qualquer sorte de medidas, decisões, solicitações e principalmente para que oportunistas vários tomem de assalto os recursos dos contribuintes. Quando vejo empresários, ilustres representantes de entidades médicas, lideranças sindicais, políticos em geral, todos em defesa do SUS, penso comigo: tem alguma coisa errada na concepção e operacionalização do sistema. Vejam só: empresários o defendem, mas ainda assim não o usam, preferindo confiar em seus sistemas privados; representantes médicos raramente trabalham para o SUS e simplesmente não conhecem seus problemas; sindicatos colocam na pauta de reivindicação apenas a existência dos Planos de Saúde Suplementar, jamais a melhoria do SUS que na sua avaliação é “coisa de pobre” e aposentado; políticos defendem o SUS, pois existe dinheiro para distribuição demagógica e trás visibilidade perante a população mais humilde. Diante dessa confusão enorme de interesses diversos ainda assim somos elogiados. Permaneço na tentativa de entender, mas não consigo. De qualquer forma os elogios vêm de “intelectualóides” que não usam o Sistema e jamais viveram dentro de sua realidade paradoxal. Muito parecido com um aspecto de nosso sistema previdenciário que é gerenciado por um grupo de pessoas que tem sua previdência com regras diferentes daquelas oferecidas para a maioria da população. È como a história do Chefe de Cozinha que não come – e não experimenta – o prato que prepara. Na administração do SUS, nos seus vários níveis de competência as contradições são também muito estranhas e graves. Médicos se esquivam de participar da gestão. Claro que existem exceções – as de praxe – mas não é melhor ser gestor de um Sistema menor e mais lucrativo? Os políticos municipais são em sua grande maioria conscientes da impossibilidade das ações municipais, que são as principais, funcionarem, mas de alguma forma a inoperância os favorece. Pensando bem, também nunca vi um Secretário Municipal de Saúde com autonomia para administrar. Nada de novo nessas reflexões. Faltou lembrar o Poder Judiciário que mostra seu desconhecimento do Sistema – ou seria excesso? – mas de qualquer forma definitivamente não o usa em suas necessidades individuais. Aqui quero lembrar uma espécie de “gargalo” do Sistema que é distribuição de medicamentos incluindo os de alto custo mesmo para aqueles que participam dos planos de saúde suplementar. Os gestores do SUS à custa de liminares acabam por atender todas as solicitações, por mais absurdas que sejam e fornecem medicamentos dos mais variados. Quem avalia sua necessidade? Ninguém. Por que ninguém? Porque aqueles que seriam capacitados a estabelecer a real necessidade de determinado medicamento não participam da gestão do SUS. Qual a razão disso? Baixos salários e nivelamento por baixo das carreiras no Sistema de Saúde. A gestão é feita por pessoas vulneráveis tecnicamente. Trata-se de cargo político. Assim estabelece-se um círculo vicioso: prescrições viciadas carregando interesses da indústria farmacêutica, solicitações negadas apenas por falta de recursos, liminares concedidas sem nenhuma discussão de mérito por qualquer das partes, pessoas decidindo a concessão de medicamentos sem saber sua real importância e pacientes usam os mesmos sem resultado objetivo ou pelo menos mensurado! Aqui novamente devemos fazer as tais exceções de praxe. Acho que ainda há muito por ser discutido, e esse aspecto que abordei é apenas um pequeno problema. Muito interessante por ser um belo exemplo de como gerir algo que no fundo não se deseja que mude, mais um daqueles casos onde vale o princípio de Lampedusa onde tudo deve mudar para que tudo se mantenha como está.
Posted on: Wed, 13 Nov 2013 22:22:30 +0000

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