Ensaios Sobre a Consciência XI A Crise Silenciosa: O fracasso da - TopicsExpress



          

Ensaios Sobre a Consciência XI A Crise Silenciosa: O fracasso da educação e suas consequências (Parte II) __________________________________ Uma juventude desenfreada ladeira abaixo É louvável o esforço feito pelos pais para dar sempre o melhor para seus filhos. Nossa geração, graças ao tremendo avanço da tecnologia e à industrialização, fez tudo que pôde para dar conforto e bem-estar aos filhos e, ao mesmo tempo, protegê-los dos apertos pelos quais nós mesmos passamos na nossa infância e juventude. Contudo, o cercar os filhos de atenções, brinquedos (eletrônicos, principalmente), atividades paralelas à escola (para mantê-los ocupados e longe das ruas) teve um efeito diverso daquele que esperávamos. O sonho e a meta de toda geração sempre foi conseguir que a geração seguinte fosse constituída de jovens solidários, empreendedores, amantes das artes, imersos na cultura e dedicados ao pensamento. Mas o que vemos é que grande parte da nossa juventude vive alienada, não pensa no futuro, não tem garra nem projeto de vida. Basta observar nossos alunos de hoje. Nossa geração deveria, ao invés de criticar os jovens, perguntar a si mesma: “onde nós erramos?”. Nós nos afastamos dos nossos jovens. A aglomeração urbana não acabou com a solidão. Eles têm medo de se expor. Vivem escondidos atrás do celular e do computador. Na escola, a situação é alarmante. Alunos e professores são estranhos uns para os outros, apesar de viverem juntos na sala de aula. De quem é a culpa? Dos professores? Dos pais? Da escola? Ou do sistema educacional doentio e moribundo que agoniza há vários anos? Conseguimos ensinar aos jovens como lidar com problemas lógicos e com a tecnologia, mas não conseguimos ensiná-los a lidar com fracassos e falhas. Eles conseguem solucionar os problemas propostos pela tecnologia eletrônica avançada, mas não sabem lidar com seus conflitos existenciais. E nós, será que sabemos lidar com os nossos? A grande questão do nosso tempo é que a superestrutura econômico-financeira dominante só está preocupada em treinar os jovens para o mercado de trabalho, para descarregar suas decepções e frustrações no consumo e no escapismo das drogas e da diversão sem compromisso. O jovem não é ensinado a construir sabedoria a partir das dificuldades da vida. As relações familiares foram abaladas nos seus alicerces pelas exigências da sociedade de consumo. Estamos passando por uma mudança profunda, mergulhando na era digital. Quem se preocupa em construir sabedoria na era da informação? Por outro lado, não conseguimos fazer os alunos e as famílias se sentirem responsáveis por um desempenho ruim na escola. Tampouco conseguimos que o controlador do sistema de ensino, o governo, assuma a sua responsabilidade pelo seu desempenho: um currículo ruim, voltado apenas para a necessidade de suprir o mercado de mão de obra, voltando as costas totalmente para a cultura, a disciplina, o respeito pelos profissionais de ensino, além de um sistema de avaliação frouxo, que incentiva a aprovação sem mérito. A educação está refém do mercado de trabalho e da tecnocracia. Nunca nenhuma geração produziu tanta informação e construiu tão pouca sabedoria. A maior parte da informação gerada não será organizada na memória nem utilizada para atividades intelectuais. Ela se converterá em lixo e será descartada sem trazer qualquer proveito. Os milhões de Terabytes que circulam todos os dias na Internet e no Facebook são aproveitados muito pouco. Na sua maior parte não passa de brincadeira e passatempo viciante e já estará totalmente esquecida no dia seguinte. Os jovens não vão mais à escola para aprender. O acesso à informação fácil e descartável disponível na Internet e os “compartilhamentos” do Facebok fizeram com que os jovens perdessem o prazer de aprender, de reter e processar informação para transformá-la em conhecimento. A escola deixou de ser uma aventura agradável, e não tem chance na competição com o Facebook. A mídia os seduziu com estímulos rápidos e prontos. A TV, a Internet, o Facebook e o celular colocam o jovem imediatamente no meio dos acontecimentos. O acesso à informação rápida, que não exige qualquer esforço para ser obtida, gera um bombardeio que não é inofensivo. A escola não tem como competir com isso. Na escola, o jovem precisa fazer um esforço para transformar a informação em conhecimento, enquanto a mídia bombardeia com informação que não precisa ser transformada em conhecimento. A consequência é que crianças e adolescentes perdem o prazer nos pequenos estímulos da rotina escolar. Os professores estão estressados e gerando alunos despreparados, os pais estão confusos e gerando filhos despreparados para a vida e cheios de conflitos. Uma das coisas que torna os seres humanos tão diferentes e tão brilhantes é que nossos cérebros estão constantemente sendo religados, o que significa que podemos reagir e aprender com o que acontece ao nosso redor. Mas, como disse a neurocientista Susan Greenfield, há uma questão que preocupa: como o cérebro se adapta de acordo com o seu ambiente, e o ambiente de aprendizagem para as nossas crianças vem mudando de forma dramática e sem precedentes, como avaliar e como cuidar deste impacto sem precedentes que vem atingindo o seu desenvolvimento? Susan apresentou esta mensagem como resultado da sua pesquisa sobre o fenômeno de que os alunos estão perdendo a capacidade de estudar corretamente: “O uso constante da internet religou seus cérebros para funcionar de forma diferente das gerações anteriores: eles saltam de um tópico para outro em um modo de pensar "associativo", e são menos capazes de ter o pensamento linear necessário para habilidades como leitura e escrita.” (Susan Greenfield, 2010) Ainda resumindo a pesquisa de Susan Greenfield, ela diz o seguinte: “Vamos começar com o que todo mundo pode concordar. Os jogos de computador, as redes sociais, como Facebook, Bebo e Twitter, e nossa facilidade geral de acesso à informação on-line mudaram a nossa forma de funcionar. Como consequência, os seres humanos ficaram mais rápidos porém menos habilidosos no processamento da informação. Tudo isso parece confirmar a ideia de que nós evoluímos para nos tornarmos competentes catadores de informações. Os jovens, em particular, parecem "viajar sobre uma paisagem virtual", pulando de site em site para encontrar fatos: Ninguém parece se deter em nenhum site por muito tempo." Eu não posso garantir a precisão do seu estudo, mas se o que ela diz for verdade, certamente combina com o meu próprio pensamento de que os jovens podem estar em risco de perder a capacidade de obter uma compreensão real. Compreensão requer a capacidade de relacionar um assunto com outra coisa - colocar algo dentro de um contexto. Se, como consequência da maneira como as crianças de hoje estão se desenvolvendo, elas não tiverem esse quadro contextual, então o que vão fazer é pegar as informações sem metabolizá-las e seguir em frente. Fazem o download das informações, mas não conseguem necessariamente entendê-las. A comparação da atitude dos jovens de hoje diante de um jogo de computador com a atitude que tinha a nossa geração diante de uma boa obra literária é aterradora. No jogo virtual, se a criança tiver, por exemplo, que resgatar uma princesa, não haverá empatia real com a princesa, apenas o frenesi da ação do salvamento e o processo do jogo. Não é atribuído nenhum significado de longo prazo a os personagens, porque as consequências são reversíveis. As crianças definitivamente não aprendem com seus erros. Por que se preocupar quando tudo que precisam fazer é clicar no restart? O resumo de toda essa história é que esse turbilhão de informações e de atividades sedutoras gera personalidades flutuantes, instáveis, insatisfeitas, precisando de cada vez mais estímulo para tirar cada vez menos prazer. De fato, temos uma indústria de lazer muito complexa, mas ela não produziu uma geração de jovens felizes e satisfeitos, mas sim uma geração de jovens atordoados. Os jovens têm cada vez mais informações sobre o mundo onde estão, mas sabem cada vez menos sobre quem são. A educação perdeu seu tempero e seu atrativo. Os jovens não sabem mais onde estão seus limites. Nas gerações passadas, não era comum a depressão atingir as crianças, mas hoje muitas são deprimidas e os jovens não têm encanto pela vida. O modelo de sociedade em que vivemos criou adolescentes ansiosos, obesos, com fobias, timidez, agressividade exacerbada e outros transtornos. Muitos estão se drogando. Os prazeres momentâneos e facilmente acessíveis destroem a emoção da conquista. A culpa é da escola? Não sei se a culpa é da escola ou se a escola tem a maior parte da culpa, compartilhando-a com outros atores, mas gostaria de chamar a atenção para uma realidade sombria que com certeza contribui para este cenário. O bom uso do idioma, da linguagem correta, já foi considerado um dos objetivos da educação. No entanto, hoje em dia mesmo os professores muitas vezes não usam o que alguns consideram como a linguagem "padrão", e as teorias educacionais modernas afirmam que o mais importante é permitir a criatividade, sem a camisa de força de formas que não são mais universalmente utilizadas. Há algumas décadas, havia o que se chamava “Jornais de qualidade", como o Jornal do Brasil, o Jornal do Commercio e outros, que eram conhecidos pelo rigor com que tratavam a gramática e o uso da língua. Hoje, com o foco na “comunicação”, a linguagem usada pelos jornais e outros meios de comunicação beira o achincalhe. E o pior é que os pais não podem sequer esperar que a escola irá ensinar aos seus filhos um bom português nem guiá-los através de um programa de leitura de obras importantes das literaturas brasileira e portuguesa. Hoje uma nova abordagem tem sido adotada no sistema de ensino e nos meios de comunicação. Os alunos não são mais obrigados a usar a gramática correta nas suas redações da escola ou nos vestibulares, e muitos saem da escola incapazes de escrever corretamente (ou, em muitos casos, incapazes de ler). Para completar o pesadelo, o uso de linguagem popular na sala de aula é orientação do MEC. Os parâmetros do MEC foram elaborados por educadores e pesquisadores para construir referências nacionais de ensino que respeitassem as diversidades regionais, culturais e políticas. As diretrizes defendem conceitos de linguística e afirmam que não existe uma forma correta única de falar, somente de escrever. O documento de referência explica que a língua portuguesa está em constante transformação e apresenta diferentes variedades (de pronúncia, de construções sintáticas, morfológicas, etc.). O documento que dá as diretrizes para o ensino de língua portuguesa no segundo ciclo do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) afirma: “No ensino-aprendizagem de diferentes padrões de fala e escrita, o que se almeja não é levar os alunos a falar certo, mas permitir-lhes a escolha da forma de fala a utilizar”. (sic) Em outro trecho, o documento diz que a escola precisa “livrar-se de vários mitos”. E elenca como um dos mitos: “o mito de que existe uma forma ‘correta’ de falar (...).” (sic) Este é um dos bugs que está levando o sistema educacional a entrar em modo de caos. Se a escola “não almeja levar os alunos a falar certo”, o que podemos esperar da educação? Não raro vemos pessoas que se dizem "linguistas" afirmarem que a gramática "prescritiva" e a boa pronúncia do português estão erradas, porque o ponto importante na linguagem é a comunicação, e desde que a comunicação seja alcançada, a língua está funcionando como deveria. Neste ponto de vista, formas que me disseram na escola dos meus tempos de aluno serem erradas são hoje tão válidas quanto os seus equivalentes em português culto, ou mesmo "mais autênticas" e "mais acessíveis". O ensino da norma culta tem sido encarado como uma forma de "fascismo", e a boa literatura brasileira ou portuguesa são vistas como carentes de "relevância" para a vida dos alunos e foram substituídas por livretos sem qualquer valor literário ou educacional, que só servem para enriquecer autores e editoras e para atender ao gosto da juventude de uma leitura rápida e superficial, tendo como única função atender à exigência oficial de cobrar a leitura de um livro por trimestre, qualquer livro. A sociedade se tornou uma fábrica de alienados. Mas a escola não é a única culpada. Nós não temos mais controle sobre o processo de formação da personalidade dos nossos jovens. Nós geramos nossos filhos e os mergulhamos desde cedo em um sistema caótico, desgovernado, mas, ao mesmo tempo, zelosamente controlador. Nossos jovens estão em contato diário com estímulos altamente sedutores que vão moldando sua vontade e seus padrões de consumo e de comportamento, ensinando o individualismo e o consumismo (consumir por impulso, não mais para atender a uma necessidade). Nunca antes houve tantos desafios para o nosso sistema educacional, para os nossos professores e, mais importante, para os nossos alunos. Nosso sistema educacional está falhando na tentativa de educar e estimular o desenvolvimento emocional saudável dos nossos jovens. Digo isto porque entendo que a missão precípua da educação deve ser promover a humanidade, estimular e sustentar a dignidade humana e os méritos intelectuais e ainda melhorar o conhecimento sobre si mesmo e sobre a comunidade, e não simplesmente fornecer o conhecimento necessário para o jovem ingressar no mercado de trabalho com alguma chance de sucesso. A sociedade industrializada e baseada no consumo mudou o foco da educação, passando da cultura para o treinamento para o mercado. A cultura sumiu da escola. Nós mal conseguimos fazer nossos alunos terem interesse pela aula e permanecer na sala, que dirá contemplar o belo, apreciar a boa literatura e a boa música, pensar antes de agir e planejar para o futuro. A escola corre o grave risco de se tornar um instrumento inútil. E as próprias famílias estão perdendo a guerra, não sabendo mais como dar limites aos filhos, ensiná-los a respeitar as pessoas e colocar-se no lugar do outro. Onde estão as soluções que atacarão o problema pela raiz? Será que basta mudar alguns pilares da educação ou é preciso uma mudança no pensamento e na estrutura da própria sociedade? Como conseguir isso? As teorias educacionais estão falidas? Quais são os bugs que estão tornando caótico o sistema? A teoria do caos e o sistema educacional A teoria do caos é um campo de estudo em matemática, com aplicações em várias disciplinas, incluindo meteorologia, física, engenharia, economia e biologia. A teoria do caos estuda o comportamento de sistemas dinâmicos que são altamente sensíveis às condições iniciais, isto é, pequenas incoerências nas condições iniciais, imperfeições ou bugs não detectados ou não corrigidos geram comportamentos do sistema muito divergentes do que seria de se esperar, tornando a predição de longo prazo, em geral, impossível. No sistema educacional, não apenas no Brasil, foram introduzidas várias incoerências e imperfeições que, por não terem sido corrigidas ou terem sido negligenciadas, produziram o caos. E, como podemos ver nos nossos próprios computadores, quando o sistema se torna caótico, não tem retorno, a máquina tem que ser reinicializada. Trazendo para perto de nós, Caos é a ciência das surpresas, do não-linear e do imprevisível. A ciência do caos nos ensina que deveríamos esperar o inesperado. Enquanto as ciências mais tradicionais lidam com os fenômenos supostamente previsíveis, como a gravidade, a eletricidade ou as reações químicas, a ciência do caos lida com as coisas não-lineares, que são de fato impossíveis de serem previstas ou controladas, como a turbulência, o clima, os nossos estados cerebrais, e assim por diante. Muitas situações sociais apresentam propriedades fractais e muitos dos sistemas em que vivemos exibem complexo comportamento caótico. Reconhecer a natureza caótica, fractal, do nosso mundo pode nos dar uma nova visão, uma nova compreensão das coisas que observamos e uma sabedoria. Ao compreender que nossos ecossistemas, os nossos sistemas econômico-sociais e nosso sistema educacional estão interligados, podemos começar a ter esperança de evitar ações que possam acabar sendo prejudiciais para o nosso bem-estar no longo prazo. Queria me corrigir: se tivéssemos entendido a natureza fractal dos nossos sistemas e suas interconexões, poderíamos ter talvez evitado introduzir neles os bugs, ou imperfeições, que acabaram sendo altamente prejudiciais para o bem estar da nossa sociedade e, particularmente, das nossas escolas. Vamos analisar alguns aspectos da ciência do caos e suas relações com nossos sistemas educacionais. 1. Pequenas mudanças ou imperfeições introduzidas nas condições iniciais levam a mudanças drásticas nos resultados. Nossas escolas são uma demonstração contínua deste princípio. Será que deveríamos ter previsto que a introdução da aprovação automática levaria, no futuro, à aprovação sem mérito, retirando dos alunos e das famílias a responsabilidade pelo desempenho escolar? Os alunos não se sentem responsáveis pelo seu mau desempenho na escola, nem os pais. A responsabilidade recai sobre o professor, o que é expresso na falácia de que “se o aluno não aprendeu é porque o professor não ensinou”. 2. Imprevisibilidade: Pelo fato de que nunca podemos conhecer com detalhes suficientes todas as condições iniciais de um sistema complexo como o educacional, não podemos esperar prever o seu destino. Mesmo pequenos erros, como a ênfase na comunicação em detrimento da gramática, introduzidos em um sistema serão amplificados de forma dramática, tornando inútil qualquer previsão e incontroláveis suas consequências. 3. Mistura: O princípio da turbulência diz que dois pontos adjacentes em um sistema complexo acabarão em posições muito diferentes depois de decorrido algum tempo. Exemplos: quando o professor atua na escola pública muitas vezes não possui autonomia ou tem autonomia limitada para aprovar ou reprovar um aluno. Os dois pontos adjacentes do sistema – a autonomia do professor e os interesses da escola – começam a se afastar, porque o próprio sistema determina o percentual de aprovação e reprovação que deve acontecer com intuito de cumprir exigências, ou seja, a ditadura do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, criado em 2007 para medir a qualidade de cada escola e de cada rede de ensino). Para os municípios, comparar o IDEB é mostrar ao governo que estão cada vez mais próximos da meta traçada pelo MEC (Ministério da Educação), de nota 6 até 2021 e, inclusive, reforçar a imagem política local de gestão competente. Além disso, os organismos liberam créditos somente se os dados apresentados se enquadrarem nas suas exigências. Isto acaba fazendo com que as duas gotas d’água existentes necessariamente no sistema – autonomia do professor e metas da escola – acabem indo parar em oceanos diferentes. Esta mistura é complexa, porque a turbulência ocorre em todas as escalas e tampouco é linear: estes fluidos não têm como ser misturados. 4. Retroalimentação: Os sistemas frequentemente se tornam caóticos quando há retroalimentação. Um bom exemplo é o comportamento desrespeitoso, depredador e até violento dos alunos na escola e na sala de aula. No meio disso tudo está o professor, que permanece sem ação e sujeito a crianças e adolescentes que beiram à delinquência. Eles podem se referir ao educador e aos colegas com palavras rudes, com ameaças e xingamentos, pois são garantidos pelo Estatuto da Criança. Quando o professor ou a escola tomam uma atitude mais severa como punição pelo ato de desrespeito, o culpado não é o aluno, mas o professor e a escola por terem constrangido o aluno. Dessa forma, a legislação protege somente uma parte, ou seja, somente o aluno estaria sofrendo constrangimento. A leniência e a permissividade da legislação realimentam o caos. Conclusão O universo é um lugar caótico. Ele é cheio de incertezas e pode ser difícil prever exatamente o que vai acontecer a qualquer momento, seja no presente ou num futuro não muito distante. Os cientistas e matemáticos desenvolveram uma teoria para explicar este fenômeno. Ela se chama teoria do caos e é altamente relevante para o campo do ensino. A educação é um empreendimento incerto. Não apenas é difícil prever exatamente o que vai acontecer na sala de aula a cada dia, mas também é quase impossível saber qual o melhor rumo que a educação deve tomar para qualquer pessoa ou sociedade. As razões para isso são simples: a Educação está ligada ao restante do universo e, assim sendo, está totalmente sujeita ao caos que existe naturalmente na realidade. É fácil ver, a partir desta descrição, que todo o trabalho do educador está sujeito aos caprichos do caos. A educação lida com a incerteza. É impossível prever o que vai acontecer no futuro próximo, que dirá no longo prazo. Mas isto não invalida a tese da causalidade na maioria dos casos. O que quero dizer é que faltou monitoramente dos rumos que estava tomando a educação depois da implantação dos planos educacionais mirabolantes que foram implementados seguindo-se cegamente as ideias propostas por teóricos que muitas vezes sequer tiveram vivência de sala de aula. É certo que a educação e o ensino são forçados a lidar com incertezas. Não estivemos atentos o bastante para perceber que as condições iniciais, e as subsequentes, não eram conhecidas com um grau de precisão que permitisse descuidar do monitoramento. E foi isso que aconteceu. Assim, o caos teve que acontecer. Este caos pode ser visto de duas maneiras. Em primeiro lugar, apesar dos melhores planos de educação desenvolvidos e das técnicas apuradas de gestão, o contexto social em que vive a escola está sujeito a um número infinito de possíveis variáveis. Isto requer das autoridades e dos educadores um monitoramento constante dos rumos que está tomando a educação em face da evolução das relações das famílias e dos alunos dentro do contexto social, no que pese ser difícil enxergar a ligação entre o contexto social, sujeito à superestrutura econômico-financeira, e a relação ensino-aprendizagem. Em segundo lugar, a boa notícia sobre o caos é que ele é natural. É um componente-chave do universo. O caos pode causar incerteza, mas também gera as oportunidades que criam esperança e mudança. Os educadores – incluindo os gestores do sistema educacional – precisam se preparar para o caos e para aceitar a incerteza como uma condição natural. Os educadores não podem controlar todo o universo. Mas podem causar impactos na pequena fatia do universo em que residem, a despeito de todo o caos evidente nele. Ernesto e Tânia Veras Julho de 2013 e-mails: [email protected] traducetur57@gmail Visitem as página: facebook/EnsaiosSobreAConsciencia https://sites.google/site/ensaiossobreaconsciencia/home
Posted on: Sat, 28 Sep 2013 01:09:44 +0000

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