Entidades de Fiscalização do Exercício das Profissões - TopicsExpress



          

Entidades de Fiscalização do Exercício das Profissões Liberais . CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA RESOLUÇÃO No 586, DE 29 DE AGOSTO DE 2013 Regula a prescrição farmacêutica e dá ou- tras providências. Preâmbulo No mundo contemporâneo, os modelos de assistência à saú- de passam por profundas e sensíveis transformações resultantes da demanda por serviços, da incorporação de tecnologias e dos desafios de sustentabilidade do seu financiamento. Esses fatores provocam mudanças na forma de produzir o cuidado à saúde das pessoas, a um tempo em que contribuem para a redefinição da divisão social do trabalho entre as profissões da saúde. A ideia de expandir para outros profissionais, entre os quais o farmacêutico, maior responsabilidade no manejo clínico dos pa- cientes, intensificando o processo de cuidado, tem propiciado al- terações nos marcos de regulação em vários países. Com base nessas mudanças, foi estabelecida, entre outras, a autorização para que dis- tintos profissionais possam selecionar, iniciar, adicionar, substituir, ajustar, repetir ou interromper a terapia farmacológica. Essa tendência surgiu pela necessidade de ampliar a cobertura dos serviços de saúde e incrementar a capacidade de resolução desses serviços. É fato que, em vários sistemas de saúde, profissionais não médicos estão autorizados a prescrever medicamentos. É assim que surge o novo modelo de prescrição como prática multiprofissional. Esta prática tem modos específicos para cada profissão e é efetivada de acordo com as necessidades de cuidado do paciente, e com as responsabilidades e limites de atuação de cada profissional. Isso fa- vorece o acesso e aumenta o controle sobre os gastos, reduzindo, assim, os custos com a provisão de farmacoterapia racional, além de propiciar a obtenção de melhores resultados terapêuticos. A literatura internacional demonstra benefícios da prescrição por farmacêuticos segundo diferentes modelos, realizada tanto de forma independente ou em colaboração com outros profissionais da equipe de saúde. O farmacêutico, neste último caso, prescreve me- dicamentos definidos em programas de saúde no âmbito dos sistemas públicos, em rotinas de instituições ou conforme protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas pré-estabelecidos. Esta resolução encerra a concepção de prescrição como a ação de recomendar algo ao paciente. Tal recomendação pode incluir a seleção de opção terapêutica, a oferta de serviços farmacêuticos, ou o encaminhamento a outros profissionais ou serviços de saúde. Vale ressaltar que concepções de prescrição farmacêutica en- contram-se fragmentadas na legislação vigente, tanto sanitária como profissional. Esta resolução inova ao considerar a prescrição como uma atribuição clínica do farmacêutico, definir sua natureza, espe- cificar e ampliar o seu escopo para além do produto e descrever seu processo na perspectiva das boas práticas, estabelecendo seus limites e a necessidade de documentar e avaliar as atividades de prescri- ção. O Conselho Federal de Farmácia, ao regular a prescrição farmacêutica, o faz em consonância com as tendências de maior integração da profissão farmacêutica com as demais profissões da área da saúde, reforça a sua missão de zelar pelo bem-estar da população e de propiciar a valorização técnico-científica e ética do farmacêutico. O Conselho Federal de Farmácia (CFF), no uso de suas atribuições previstas na Lei Federal no 3.820, de 11 de novembro 1960, e considerando o disposto no artigo 5o, inciso XIII, da Cons- tituição Federal, que outorga liberdade de exercício, trabalho ou pro- fissão, desde que atendidas as qualificações que a lei estabelecer; considerando que o CFF, no âmbito de sua área específica de atuação e, como entidade de profissão regulamentada, exerce ati- vidade típica de Estado, nos termos do artigo 5o, inciso XIII; artigo 21, inciso XXIV e artigo 22, inciso XVI, todos da Constituição Federal; considerando a outorga legal ao CFF de zelar pela saúde pública, promovendo ações de assistência farmacêutica em todos os níveis de atenção à saúde, de acordo com a alínea "p", do artigo 6o da Lei Federal no 3.820, de 11 de novembro de 1960, com as alterações da Lei Federal no 9.120, de 26 de outubro de 1995; considerando que é atribuição do CFF expedir resoluções para eficácia da Lei Federal no 3.820, de 11 de novembro de 1960, e, que ainda, compete-lhe o múnus de definir ou modificar a com- petência dos profissionais de Farmácia em seu âmbito, conforme o artigo 6o, alíneas "g" e "m"; considerando a Lei Federal no 8.078, de 11 de setembro de 1990, que dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras pro- vidências; considerando o Decreto Federal no 85.878, de 7 de abril de 1981, que estabelece normas para execução da Lei Federal no 3.820, de 11 de novembro de 1960, que dispõe sobre o exercício da pro- fissão farmacêutica, e dá outras providências; considerando a Portaria MS/GM no 687, de 30 de março de 2006, que aprova a Política de Promoção da Saúde; considerando a Portaria MS/GM no 4.279, de 30 de de- zembro de 2010, que estabelece diretrizes para a organização da rede de atenção à saúde no âmbito do sistema único de saúde (SUS); considerando a Portaria MS/GM no 3.124, de 28 de de- zembro de 2012, que redefine os parâmetros de vinculação dos Nú- cleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) Modalidades 1 e 2 às Equipes Saúde da Família e/ou Equipes de Atenção Básica para populações específicas, cria a Modalidade NASF 3, e dá outras pro- vidências; considerando a Portaria MS/GM no 529, de 1o de abril de 2013, que institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP); considerando a Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) no 338, de 6 de maio de 2004, que aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica, em particular o inciso IV do artigo 1o, no que se refere à atenção farmacêutica; considerando a Resolução/CFF no 386, de 12 de novembro de 2002, que dispõe sobre as atribuições do farmacêutico no âmbito da assistência domiciliar em equipes multidisciplinares; considerando a Resolução/CFF no 357, de 27 de abril de 2001, que aprova o regulamento técnico das boas práticas de far- mácia; considerando a Resolução/CFF no 417, de 29 de setembro de 2004, que aprova o Código de Ética da Profissão Farmacêutica; considerando a Resolução/CFF no 467, de 28 de novembro de 2007, que regulamenta e estabelece as atribuições e competências do farmacêutico na manipulação de medicamentos e de outros pro- dutos farmacêuticos; considerando a Resolução/CFF no 499, de 17 de dezembro de 2008, que dispõe sobre a prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias, e dá outras providências, alterada pela Re- solução/CFF no 505, de 23 de junho de 2009; considerando a Resolução/CFF no 546, de 21 de julho de 2011, que dispõe sobre a indicação farmacêutica de plantas me- dicinais e fitoterápicos isentos de prescrição e o seu registro; considerando a Resolução/CFF no 555, de 30 de novembro de 2011, que regulamenta o registro, a guarda e o manuseio de informações resultantes da prática da assistência farmacêutica em serviços de saúde; considerando a Resolução/CFF no 585, de 29 de agosto de 2013, que regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico e dá outras providências; considerando a Instrução Normativa (IN) da Agência Na- cional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no 5, de 11 de abril de 2007, que dispõe sobre os limites sobre potência para o registro e no- tificação de medicamentos dinamizados; considerando a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC)An- visa no 138, de 29 de maio de 2003, que dispõe sobre o enqua- dramento na categoria de venda de medicamentos; considerando a RDC Anvisa no 222, de 29 de julho de 2005, que aprova a 1a Edição do Formulário Nacional, elaborado pela Sub- comissão do Formulário Nacional, da Comissão Permanente de Re- visão da Farmacopeia Brasileira (CPRVD); considerando a RDC Anvisa no 26, de 30 de março de 2007, que dispõe sobre o registro de medicamentos dinamizados indus- trializados homeopáticos, antroposóficos e anti-homotóxicos; considerando a RDC Anvisa no 67, de 8 de outubro de 2007, que dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Ma- gistrais e Oficinais para Uso Humano em Farmácias, alterada pela RDC Anvisa no 87, de 21 de novembro de 2008; e, considerando a RDC Anvisa no 44, de 17 de agosto de 2009, que dispõe sobre boas práticas farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras providências, resolve: Art. 1o - Regulamentar a prescrição farmacêutica, nos termos desta resolução. Art. 2o - O ato da prescrição farmacêutica constitui prer- rogativa do farmacêutico legalmente habilitado e registrado no Con- selho Regional de Farmácia de sua jurisdição. Art. 3o -Para os propósitos desta resolução, define-se a pres- crição farmacêutica como ato pelo qual o farmacêutico seleciona e documenta terapias farmacológicas e não farmacológicas, e outras intervenções relativas ao cuidado à saúde do paciente, visando à promoção, proteção e recuperação da saúde, e à prevenção de doenças e de outros problemas de saúde. Parágrafo único - A prescrição farmacêutica de que trata o caput deste artigo constitui uma atribuição clínica do farmacêutico e deverá ser realizada com base nas necessidades de saúde do paciente, nas melhores evidências científicas, em princípios éticos e em con- formidade com as políticas de saúde vigentes. Art. 4o - O ato da prescrição farmacêutica poderá ocorrer em diferentes estabelecimentos farmacêuticos, consultórios, serviços e ní- veis de atenção à saúde, desde que respeitado o princípio da con- fidencialidade e a privacidade do paciente no atendimento. Art. 5o - O farmacêutico poderá realizar a prescrição de medicamentos e outros produtos com finalidade terapêutica, cuja dis- pensação não exija prescrição médica, incluindo medicamentos in- dustrializados e preparações magistrais - alopáticos ou dinamizados - , plantas medicinais, drogas vegetais e outras categorias ou relações de medicamentos que venham a ser aprovadas pelo órgão sanitário federal para prescrição do farmacêutico. § 1o - O exercício deste ato deverá estar fundamentado em conhecimentos e habilidades clínicas que abranjam boas práticas de prescrição, fisiopatologia, semiologia, comunicação interpessoal, far- macologia clínica e terapêutica. § 2o - O ato da prescrição de medicamentos dinamizados e de terapias relacionadas às práticas integrativas e complementares, deverá estar fundamentado em conhecimentos e habilidades relacio- nados a estas práticas. Art. 6o - O farmacêutico poderá prescrever medicamentos cuja dispensação exija prescrição médica, desde que condicionado à existência de diagnóstico prévio e apenas quando estiver previsto em programas, protocolos, diretrizes ou normas técnicas, aprovados para uso no âmbito de instituições de saúde ou quando da formalização de acordos de colaboração com outros prescritores ou instituições de saúde. § 1o - Para o exercício deste ato será exigido, pelo Conselho Regional de Farmácia de sua jurisdição, o reconhecimento de título de especialista ou de especialista profissional farmacêutico na área clínica, com comprovação de formação que inclua conhecimentos e habilidades em boas práticas de prescrição, fisiopatologia, semiologia, comunicação interpessoal, farmacologia clínica e terapêutica. § 2o - Para a prescrição de medicamentos dinamizados será exigido, pelo Conselho Regional de Farmácia de sua jurisdição, o reconhecimento de título de especialista em Homeopatia ou Antro- posofia. § 3o - É vedado ao farmacêutico modificar a prescrição de medicamentos do paciente, emitida por outro prescritor, salvo quando previsto em acordo de colaboração, sendo que, neste caso, a mo- dificação, acompanhada da justificativa correspondente, deverá ser comunicada ao outro prescritor. Art. 7o - O processo de prescrição farmacêutica é constituído das seguintes etapas: saúde; I - identificação das necessidades do paciente relacionadas à II - definição do objetivo terapêutico; III - seleção da terapia ou intervenções relativas ao cuidado à saúde, com base em sua segurança, eficácia, custo e conveniência, dentro do plano de cuidado; IV - redação da prescrição; V - orientação ao paciente; VI - avaliação dos resultados; VII - documentação do processo de prescrição. Art. 8o - No ato da prescrição, o farmacêutico deverá adotar medidas que contribuam para a promoção da segurança do paciente, entre as quais se destacam: I - basear suas ações nas melhores evidências científicas; II - tomar decisões de forma compartilhada e centrada no paciente; III -considerar a existência de outras condições clínicas, o uso de outros medicamentos, os hábitos de vida e o contexto de cuidado no entorno do paciente; IV - estar atento aos aspectos legais e éticos relativos aos documentos que serão entregues ao paciente; V - comunicar adequadamente ao paciente, seu responsável ou cuidador, as suas decisões e recomendações, de modo que estes as compreendam de forma completa; VI - adotar medidas para que os resultados em saúde do paciente, decorrentes da prescrição farmacêutica, sejam acompanha- dos e avaliados. Art. 9o - A prescrição farmacêutica deverá ser redigida em vernáculo, por extenso, de modo legível, observados a nomenclatura e o sistema de pesos e medidas oficiais, sem emendas ou rasuras, devendo conter os seguintes componentes mínimos: I -identificação do estabelecimento farmacêutico, consultório ou do serviço de saúde ao qual o farmacêutico está vinculado; II - nome completo e contato do paciente; III - descrição da terapia farmacológica, quando houver, in- cluindo as seguintes informações: a) nome do medicamento ou formulação, concentração/di- namização, forma farmacêutica e via de administração; b) dose, frequência de administração do medicamento e du- ração do tratamento; c) instruções adicionais, quando necessário. IV -descrição da terapia não farmacológica ou de outra in- tervenção relativa ao cuidado do paciente, quando houver; V - nome completo do farmacêutico, assinatura e número de registro no Conselho Regional de Farmácia; VI - local e data da prescrição. Art. 10- A prescrição de medicamentos, no âmbito do Sis- tema Único de Saúde (SUS), estará necessariamente em conformi- dade com a Denominação Comum Brasileira (DCB) ou, em sua falta, com a Denominação Comum Internacional (DCI). Art. 11- A prescrição de medicamentos, no âmbito privado, estará preferentemente em conformidade com a DCB ou, em sua falta, com a DCI. Art. 12- É vedado ao farmacêutico prescrever sem a sua identificação ou a do paciente, de forma secreta, codificada, abre- viada, ilegível ou assinar folhas de receituários em branco. Art. 13 - Será garantido o sigilo dos dados e informações do paciente, obtidos em decorrência da prescrição farmacêutica, sendo vedada a sua utilização para qualquer finalidade que não seja de interesse sanitário ou de fiscalização do exercício profissional.
Posted on: Fri, 27 Sep 2013 02:52:40 +0000

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