Especialistas avisam: ensino superior está à deriva há 30 - TopicsExpress



          

Especialistas avisam: ensino superior está à deriva há 30 anos Tutela, especialistas e reitores concordam que é preciso corrigir com urgência o desequilíbrio entre oferta e procura de cursos superiores Digo Pombo com Kátia Catulo O retrato está feito e pode ser resumido em pouco mais de meia dúzia de itens. Há 330 cursos com menos de 11 candidatos nesta primeira fase de acesso ao ensino superior. As áreas de Educação e Formação de Professores, Engenharias e Agricultura, Silvicultura e Pescas foram as menos procuradas. Mais de metade das vagas dos politécnicos ficou por ocupar (55%). As mais baixas taxas de ocupação estão em estabelecimentos do Interior. No total, foram 51 mil alunos que se candidataram e apenas 37 mil ficaram colocados. Este é o diagnóstico que leva o Ministério da Educação a concluir que é obrigatório repensar a oferta de cursos com pouca ou nenhuma procura. O ministro Nuno Crato defende a restruturação da oferta de licenciaturas ou mestrados por parte das instituições públicas, mas o certo é que "desde a década de 80 que a rede de ensino não tem rei nem roque", critica Santana Castilho, especialista em política educativa. Bastará aliás verificar os dados da Direcção-Geral do Ensino Superior para encontrar desequilíbrios: "Sobraram 3421 vagas nas Engenharias e só nos primeiros três meses deste ano mais de 20 mil jovens recém-licenciados em Engenharias saíram do país." Por outro lado, foram colocadas a concurso 841 vagas para cursos de Agricultura, Silvicultura (florestas) e Pescas, mas "só houve 17 candidatos" para estas três áreas: "É um dado desolador, sobretudo quando nos últimos tempos estas foram as áreas em que houve uma maior aposta", relembra Santana Castilho. O problema é antigo e será sempre "preciso coragem da tutela e articulação entre as instituições" para repensar a rede de ofertas de cursos e tomar decisões, avisa o presidente da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). Falta de planeamento, poucos estudos, medidas avulsas ou aleatórias é o que tem acontecido até agora, defende Alberto Amaral: "Ainda há uma boa parte das instituições que abrem os cursos só porque têm a ideia de que são os que mais probabilidades têm de atrair um maior número de alunos." A área do Turismo é um dos casos mais paradigmáticos para Alberto Amaral. Há quatro ou cinco anos houve um boom de candidatos a procurar estas licenciaturas e agora há uma "infinidade de cursos sem qualquer tipo de planeamento ou sem articulação com o mercado de trabalho", adverte o dirigente da A3ES. O critério, diz Alberto Amaral, tem sido lançar os cursos apelativos para os alunos, mas a actual recessão económica veio alterar as regras do jogo: "A crise tem vindo a mudar a perspectiva dos alunos, que cada vez mais orientam as suas opções em função da empregabilidade." Esta é aliás uma estratégia que também as instituições de ensino superior têm de começar a seguir: "Os politécnicos, por exemplo, precisam de articular a sua oferta de cursos com as actividades económicas da região, sejam elas a cortiça, a pesca, a agricultura ou o turismo." Os curso de 1.o ciclo (licenciatura) não podem também ser tão especializados, avisa Alberto Amaral. Fará por exemplo algum sentido uma instituição do Algarve oferecer um mestrado de Gestão e Manutenção de Campos de Golfe? "Não duvido da importância deste curso para a região algarvia, mas daí a atribuir um nível de mestrado é claramente um exagero", diz Santana Castilho. Superar os desequilíbrios entre oferta e procura dos cursos implica envolver tutela, universidades, politécnicos e empregadores num "enorme debate", defende o dirigente da A3ES: "É preciso saber o que querem os alunos, o que querem as instituições de ensino e o que querem os empresários antes de tomar qualquer decisão." E caberá sempre ao governo a responsabilidade de definir as políticas para incentivar as universidades e os politécnicos a racionalizar a rede do ensino superior, remata Santana Castilho. Com Marta F. Reis Ler mais: ionline.pt/artigos/portugal/especialistas-avisam-ensino-superior-esta-deriva-ha-30-anos Jornal i 2013-09-11
Posted on: Wed, 11 Sep 2013 14:00:14 +0000

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