Estava eu hoje as 16:55h na Av.Mario Leal Ferreira(Bonocô) - TopicsExpress



          

Estava eu hoje as 16:55h na Av.Mario Leal Ferreira(Bonocô) sentido iguatemi próximo a entrada da Fonte Nova estacionada (em local apropriado) olhando o aplicativo wase que é uma espécie de GPS no celular procurando uma rua que eu não conhecia quando fui abordada por um elemento que enfiou a mão pelo vidro do carro que estava entreaberto e arrancou-me o aparelho celular que estava em minha mão esquerda, provocando um ferimento no meu ante-braço. No mesmo instante larguei o carro e saí correndo atrás do sujeito e gritando na calçada pela contramão da rua: - Pega ladrão! Pega ladrão! Naquele momento, um senhor que vinha andando em minha direção, ainda tentou correr atrás dele, mas sem sucesso, o ladrão havia largado os chinelos na calçada para correr descalço (e pasmen! ainda mais rápido) e se dirigiu a ladeira que vai dar no bairro da Saúde. Desnorteada ainda com o ocorrido, abordou-me uma senhora que estava passando pela via e ofereceu-me um aparelho celular para que eu pudesse ligar para a polícia. Liguei para a policia e fui informada que seria enviado uma viatura para a localidade em que eu me encontrava. Após alguns momentos angustiantes, resolvi eu mesma procurar a polícia dando voltas pelas adjacencias, mas qual nada! Feriado do Servidor, a cidade estava vazia, inclusive de policiais fazendo ronda. Finalmente lembrei de um posto policial móvel, no Pelourinho, próximo a Baixa do Sapateiro, e quando cheguei lá, qual não foi a minha surpresa quando fui informada por um policial desinteressado que ele nada poderia fazer porque aquela não era a área dele. Sequer poderia passar um rádio, informando a descrição do elemento para alertar outros policiais da área. Disse-me ele ainda que eu precisava ir a delegacia e que de nada ia adiantar, mas informou-me que se eu quisesse poderia tentar encontrar outra viatura no Campo da Pólvora. Revoltada com o descaso, segui em direção ao Campo da Pólvora onde em frente ao Fórum Rui Barbosa, encontrei uma viatura da polícia estacionada. Estacionei meu carro ao lado da viatura e relatei o ocorrido aos policiais (um subtenente e um soldado)que prontamente se ofereceram a sair comigo na viatura policial em diligência a procura do meliante pelas ruas e bocas de fumo de todo o centro da cidade, do Pelourinho e adjacências. Após muitas voltas pelas ruas no carro da polícia, passando por lugares que de tão feios e sujos que eu jamais poderia imaginar que existiam, observei que esses lugares estavam enfeitados com crianças em situação de risco de todas as idades. Em vão, encerramos as buscas pelo meliante. Quando eu já estava dentro do meu carro, após agradecer o empenho dos policiais, que realmente tiveram uma atitude impecável, observei a rua, pronta para dar a partida no carro. Olhei para frente, suspirei esperançosa de ainda encontrar meu aparelho celular e então, lá estava ele, na minha frente, e na frente dos policiais, exatamente como o descrito. Ele estava limpando trânquilamente os para-brisas dos carros que estavam parados no sinal vermelho. Rapidamente eu abri o vidro do carona do meu carro e disse ao policial que estava estacionado ao meu lado: olha ali ele! está indo em direção ao semáforo que estava fechado do outro lado do cruzamento, passando pela nossa frente. Rapidamente, os dois policiais o abordaram, o prenderam e aí então, de fato eu começei a entender como tudo começou. Após breve interrogatório, ele confessou o roubo, (afinal, eu o reconheci!) e disse aos policiais que havia vendido meu aparelho que custa R$ 1.300,00 na loja por R$ 30,00 a um taxista desconhecido para comprar crack pois ele é um usuário desta droga. Ao chegar a delegacia, para fazer o B.O, descobri que aquela era a 12a vez que ele dava entrada por furtos e roubos. O que acontece, é que a policia prende, o sistema solta. Nunca ficou mais de 2 dias detido. Existem alguns procedimentos que precisam ser feitos para que de fato possa acontecer uma prisão mais definitiva me disse o delegado. Dessa vez houve o flagrante, embora o produto do roubo não tenha sido recuperado, com agravante de lesão corporal, porque que fui ao Instituno Nina Rodrigues para fazer a perícia médica. Um quasímodo, um rato que precisa ser eliminado, mais uma vítima do sistema, um peso a mais no nosso bolso de contribuinte, um número a mais de processo que aumenta a despesa com os gastos do sistema judicial, uma estatística que comprova a falencia do sistema de educação, que corrobora a necessidade de uma reforma nas leis do nosso país e que confirma que no Brasil, nem ladrão de galinhas fica mais atrás das grades! Chego a conclusão, que não existe punição no Brasil e que isso aqui é uma terra de ninguém onde a lei da selvageria impera e todos nós fingimos que está tudo bem, sentados no trono do apartamento com a boca escancarada cheia de dentes olhando a bandalheira passar! Dos serviços públicos, temos que pagar todos particulares, não temos direito a nada. Etica, moral? Num lugar onde até os políticos são desonestos, o que esperar então do resto da população que não tem sequer o mínimo para sobreviver? Ah, já ia me esquecendo, não podemos generalizar... Então, o que dizer do comportamento do taxista que interceptou o produto do roubo? A que camada da população ele pertence? Bem, o ladrão que me roubou pertence a camada da população que está doente, necessitando de políticas públicas voltadas para o câncer da sociedade que é o crack e que vai afetar a todos nós, mesmo os que acham que isso não é problema meu. Confesso quase ter sentido pena pois aquele ladrão nada mais é do que a maior vítima desse grande sistema que vivemos. Através de nossos impostos, pagamos toda uma cadeia de ineficiência, começando com uma polícia que está sempre de mãos atadas, prendendo bandidos que são soltos pelo judiciarios embasados pelos legislativos que nada fazem porque na verdade, a quem mesmo interessa leis eficientes? A quem mesmo interessa uma população consciente na hora do voto? A quem mesmo interessa que a grande massa não seja de manobra? Essa sociedade está apodrecida. Lembrei-me das crianças que observei em situação de risco enquanto buscava o meliante, no começo do relato... E eu? Bem, eu fiquei sem celular. Daniele.
Posted on: Tue, 29 Oct 2013 07:17:32 +0000

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