Eu ia postar apenas o texto, mas descobri um vídeo para me - TopicsExpress



          

Eu ia postar apenas o texto, mas descobri um vídeo para me ajudar: Um depoimento do estrangeiro Houve truculência policial nas manifestações? Não sei, não vi. Houve abuso por parte dos manifestantes, causando destruição e caos pela cidade? Não sei, não vi. O estrangeiro não é uma boa fonte de informações. Alias, nem mesmo a mídia nacional é um bom exemplo. Um vídeo, uma foto, onde seria inserido o contexto? Nas palavras de um policial espancado? Nas palavras de um repórter partidário? Nas palavras de um jovem operário que deixaria de alimentar a filha por causa desses 40 cêntimos diários? Não há, ao menos em São Paulo, um modo simples de dizer quem está errado. Se um manifestante atear fogo a um ônibus, que seja preso por vandalismo! Se um policial desferir um tiro injusto, que seja exonerado! Mas é impossível dizer quem está mais errado. A mídia, o manifesto, claro que culpará os outros. A polícia, com medo e com ódio, fará pior pelo outro lado! Mas não é esse o ponto que me interessa. A truculência policial é um caso para uma manifestação que não brigue por 20 cêntimos. Alguém ainda pensa que essa é uma luta por 20 cêntimos? Vejo amigos criando um evento paralelo sobre a desestatização do transporte público. Os grandes atos mobilizaram a grande massa por um desejo simples da mais valia pessoal. Alguém deste movimento fez um estudo sobre o motivo do aumento? Alguém pensou que o aumento é válido, talvez? Não disse justo, mas válido! É fácil pedir por “Catraca Livre”. Vamos nos ater a um fato: quem vai pagar pela gasolina do autocarro? Quem pagará o salário do motorista que o leva? Os impostos, claro. Agora, vamos pensar: eu, classe média, usuário de um transporte particular, estaria pagando por um transporte sem usá-lo. Seria válido, penso, que o IPVA do meu carro também fosse um imposto municipal, então, não? Mas vejo o egoísmo deste pensamento, pois, afinal, eu não uso porque não quero, e não por não ser meu meio de condução. Então entendo que deveria pagar o imposto também, e que meu IPVA deveria continuar sendo só meu. Mas vamos pensar, por outro lado, seria um novo imposto? Pois, afinal, esse dinheiro (que, como alguns já fizeram contas, esses 20 cêntimos saem muito caro) tem que sair de algum lugar! Vamos tirar da saúde ou da educação? Qual será o estandarte dessa nova manifestação? Os agentes que criaram esse movimento apenas usaram a utopia para iludir o povo. Alguém, enfim, questionou porque 20 cêntimos de aumento? Eu mesmo não sei se esse aumento é válido, já me mostraram provas que ele é “válido”, digo, tem uma justificatíva “plausível”, mas não fui atrás por mim mesmo para averiguar. Pois eu, talvez por estar externo ao movimento e ao Brasil, por hora, veja diferente. Fui bombardeado por informações diversas, mas nenhuma que me negasse o fato: essa manifestação é política. Não é pelos pobres, ou por um ideal. Hoje fui abordado por uma amiga na cozinha de casa falando “O Brasil finalmente acordou!”, e fui obrigado a rejeitar essa máxima. Fico feliz de ver o povo brasileiro unido, mas fico triste de ver a minha geração sendo feita de farinha. Digo farinha não apenas pelo fato que dessa união sairá pizza, mas pelo simples fato que farinha é apenas um objeto do padeiro. O padeiro político que cozinha a população nesta doce ilusão comunista. Veremos nosso Brasil virar a miséria que é Cuba, forçando o governo a pagar o transporte que não temos? Um exemplo nórdico seria usado, mas lá os impostos são bem aplicados. A “Catraca Livre” é possível? Sem corrupção, quisá seria um sonho factível. Mas, talvez por causa de minha formação em uma área que se presa muito mais a eficácia do que o real valor de alguma coisa, penso que essa utopia é um caminho longínquo a ser seguido. Muitos dos que são contra esse movimento disseram “Vão protestar pela PEC 37, pela corrupção” e chego, por hora, a concordar com isso! Mas ainda diria que seriamos farinha! Limpemos o senado, e colocaremos quem? Um belíssimo pizzaiolo para nos enganar de novo! O povo brasileiro sempre me inspirou com sua beleza, mas hoje, me faz chorar a sua vergonha. Chego a duvidar de minha própria integridade por falta de esperanças. O Brasil não está pronto para seguir o caminho das flores. Derrubar o sistema não fará com que um sistema melhor se instaure. Apoiar essa “marcha”, digo pois isso é apenas ilusão de partidos como PSTU e PCO que manipularam uma enorme malta para um propósito acobertado que se distingue da ilusão criada pelo evento no Facebook. Mas reformulando a minha frase proposta: não apoiar essa marcha não é negar um preço abusivo da taxa, ou negar que o povo deve se mostrar presente e mais forte que esse governo corrupto que se instaura no Brasil, seja ele do DEM, do PT ou no bico de um Tucano. Se opor a essa marcha é mais que isso. É se opor ao sistema político que cegou a população pelo próprio interesse. Que seja válida a marcha quando não houver o estandarte erguido da oposição. Que seja válida quando a luta não seja partidária, mas pela causa. Que seja válida quando eu ver uma máscara no chão ao invés de acobertando a quem fala. Acho incrível quem pensa que a revolução mascarada se dá na crença que a revolução não tem rosto, mas todos os rostos tem uma revolução. Mas o mal também não tem face, e, neste caso, tenho certeza que essa é a máscara que acoberta a verdade do povo brasileiro. Somos todos marionetes da política e dos políticos. Não se enganem pensando que estão indo as ruas por uma causa. Logo esta causa cairá por terra e se instaurará a politicagem mais uma vez. Vejam o exemplo: a maioria das reportagens já trata do abuso policial do que da real causa dessas passeatas. O motivo já se esvaiu. Mas, ao menos, para mim, ele nunca existiu. Uma vez, escutei minha mãe dizer: “Sinto pena da sua geração, vocês nasceram com a mesma garra que a minha, mas vocês não tem pelo que lutar”. Já ouvi isso da boca de um ou outro jornalista, também. Mas eu não penso que esse seja o único problema. A garra apenas nos cega perante um motivo, fazendo-nos ter em algo errôneo a certeza de uma causa. Mas eu vejo uma geração de infantes guerreiros, alienados. Nossos pais e avós lutaram contra um mal realmente maior. Nós temos, sim, pelo que brigar. Talvez, até seja uma luta não tão bonita, mas quisá mais importante. Mas, parece-me, que por ser uma luta apagada, existe a inveja de brilho de derrotar dragões, sendo que só nos resta moinhos. E enquanto as pessoas quiserem brilhar, quem se ofuscará será nossa pátria, o Brasil. Um país que chorei ao deixar e, hoje, me questiono se tantos sonhos e encantos terão um futuro para que eu pudesse voltar. Pedro Simacek Estudante de Engenharia Mecatrônica na Escola Politécnica da USP em intercâmbio acadêmico. Pois sei que não sou revolução, mas não tenho porque esconder meu rosto.
Posted on: Sun, 16 Jun 2013 23:27:18 +0000

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