FOGO & HISTÓRIA PELA IMPRENSA Nesta oportunidade, recuamos até - TopicsExpress



          

FOGO & HISTÓRIA PELA IMPRENSA Nesta oportunidade, recuamos até ao ano de 1988. Um artigo da autoria de Carlos Pinheiro, publicado no jornal O Almonda, de Torres Novas, acerca do XXVIII Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses, com destaque para os problemas mais prementes que então afectavam o sector, é o pretexto. Vale a pena ler este fragmento da história recente e fazer uma avaliação desapaixonada, à luz dos factos... O CONGRESSO DOS BOMBEIROS PORTUGUESES Reuniu recentemente em Barcelos o XXVIII Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses que uma vez mais pôs em relevo as dificuldades diárias com que se batem os Valorosos Soldados da Paz que gozam do reconhecimento e da simpatia do País. Já perto do final do Verão pensava-se ainda que os incêndios florestais não seriam, este ano, tão numerosos nem tão extensos como em anos anteriores, mas nos últimos dias do Estio e primeiros do Outono tais previsões foram derrotadas para nossa infelicidade. Foram incêndios por todo o País e a nossa região também não foi poupada. As Corporações de Bombeiros, numa tarefa quase sempre ininterrupta têm acudido a vários fogos ateados, na maioria dos casos, por desleixo ou por mãos criminosas. De algum modo se pode dizer que é cíclica a atenção do País em relação a estes Homens que, a qualquer hora do dia ou da noite, não medem o perigo que os ameaça e acodem às populações onde quer que sejam solicitados. Como o Natal para os mais desfavorecidos, o Verão é a época do ano em que os Bombeiros são lembrados porque é nesta altura que os incêndios deflagram e as florestas ficam mais pobres. No entanto não é só na floresta que os Bombeiros intervêm. Vivemos nós numa zona com uma certa concentração industrial e onde se utilizam muitas toneladas de matérias altamente inflamáveis que face ao fogo são autênticos barris de pólvora. No entanto, esta consciência de utilidade social que os Bombeiros personificam confina-se, na prática, mais a uma apreciação generosa e benévola do que a uma demonstração material de ajuda e reconhecimento real. Daí que neste último Congresso tenham sido feitas criticas a alguma alterações, nomeadamente ao facto do Orçamento do Estado não contemplar, como anteriormente, a transferência para as Câmaras Municipais das verbas cobradas pelas Companhias de Seguros nos prémios dos Seguros de Fogo, verbas essas que as Câmaras, por norma, transferiam para as Corporações de Bombeiros dos seus concelhos. As consequências de tal medida traduzem, segundo a letra das conclusões do Congresso, a possibilidade de tais verbas não virem a beneficiar as Corporações de Bombeiros, o que, a verificar-se, poderia pôr em causa alguns compromissos já assumidos, e especialmente no que respeita a obras nas instalações e/ou aquisição de outros bens de equipamento. Todos nós sabemos que as condições materiais de que dispõem as Corporações de Bombeiros são, em grande parte, resultado de boas vontades e da compreensão agradecida das populações. No entanto, todo este conjunto habitual de boas vontades é naturalmente insuficiente para ocorrer a despesas de maior vulto nomeadamente construção, reparação e ampliação de quartéis ou reparação de viaturas e outros equipamentos. "(...) esta consciência de utilidade social que os Bombeiros personificam confina-se, na prática, mais a uma apreciação generosa e benévola do que a uma demonstração material de ajuda e reconhecimento real" O Estado tem subsidiado os investimentos de construção de quartéis, contribuindo até há pouco com 80% do valor desses bens. Agora no Congresso foi posta em causa a redução em 20% das verbas atribuídas pelo Estado ficando portanto aquela comparticipação reduzida a 60% do valor da construção, reparação ou ampliação. Os inconvenientes daqui decorrentes atingem todas as Corporações de Bombeiros mas muito especialmente as do interior do País, escassamente ajudadas pela população local e por isso se ressentirão de qualquer redução que afecte o seu Orçamento. Mais recentemente, viram também os Bombeiros as suas despesas aumentadas com a sujeição ao IVA do material de incêndio e de saúde que até aqui estava isento daquele imposto. A força reivindicativa dos Bombeiros Portugueses não está propriamente na razão das suas palavras e na justiça das suas exigências. Ela está, sobretudo, no interesse das populações e da sua segurança, nos meios preventivos que em quantidade e qualidade lhes dêem a certeza de que as suas vidas e haveres estarão devidamente acautelados. Mas, para servirem mais e melhor, os Bombeiros só o poderão fazer se forem apoiados com medidas certas e nunca com a subtracção de verbas que sempre foram insuficientes para a cobertura das suas despesas. Apesar da evidência dos factos acima descritos, queremos continuar a pensar que o bom senso prevalecerá. Queremos acreditar que a redução nas comparticipações para a construção de quartéis não passará de uma miragem e que a inclusão do material de incêndio sujeito a IVA não passará de um pesadelo. Cá ficaremos à espera. Os Bombeiros saberão agradecer. As populações, maiores beneficiárias ou prejudicadas, também não deixarão de o fazer. Carlos Pinheiro 22.10.1988 (Publicado em O Almonda de Novembro de 1988) Nota: Ilustração e destaque da responsabilidade de F&H.
Posted on: Fri, 02 Aug 2013 15:25:16 +0000

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