FORMAÇÃO DE PALAVRAS Segundo o professor Evanildo Bechara, - TopicsExpress



          

FORMAÇÃO DE PALAVRAS Segundo o professor Evanildo Bechara, além dos processos gerais típicos de formação de palavras (derivação e composição), possui o português mais os seguintes: formação regressiva, abreviação, reduplicação, conversão, combinação, intensificação. FORMAÇÃO REGRESSIVA A formação regressiva também chamada deverbal é intimamente ligada a derivação; Consiste em criar palavras por analogia pela subtração de algum sufixo, dando a falsa impressão de serem vocábulos derivantes; Ex: de atrasar tiramos atraso; de embarcar, embarque; de pescar, pesca; de gritar, grito; Os derivados regressivos procedem da 1ª ou da 3ª pessoa do singular do presente do indicativo, o que explica sua distribuição em substantivos em tema -o (se providos da 1ª pessoa) ou de tema -a ou-e (se providos da 3ª pessoa); Os de temas em -o têm maior vitalidade no português moderno, especialmente na variedade formal; Ex: o amasso, o agito, o chego, o sufoco, o apago [ VK.3, 23-24] O professor Said Ali distribui em quatro grupos, levando em conta seu gênero gramatical: “1) Masculino em -o: atraso, assento, emprego, voo, esforço, choro, degelo, remo, mergulho, suspiro, mando, confronto, rodeio, galanteio, festejo, gargarejo, etc. 2) Masculino em -e: embarque, desembarque, combate, corte, toque, etc. 3) Feminino em -a: amarra, pesca, sobra, suplica, leva, engorda, desova, renúncia, rega, esfrega, entrega, escolha, etc. 4) Masculinos e femininos: pago, paga; custo, custa; troco, troca; achego, achega; grito, grita; ameaço, ameaça”[SA.2, 163] Neste processo, os substantivos tirados de verbos denotam ação, enquanto os substantivos que dão origem a verbos denotam, em geral, objetos ou substâncias: Ex: arquivo, arquivar; timbre, timbrar; apelido, apelidar; etc... Esse processo lhe garante garante uma grande vitalidade na formação de derivados; Ex: apago. apagão; choro, chorão; pago, pagão; etc. Já o professor Celso Cunha coloca a derivação regressiva ou deverbal, como um dos processos de formação de palavras por derivação. A derivação regressiva é contrária as derivações mais utilizadas (prefixal, sufixal, prefixal-sufixal, parassintética) que ampliam as palavras primitivas (morfema lexical); A derivação regressiva, consiste na redução da palavra derivante por uma falsa análise da sua estrutura. Ex: proveniente da linguagem dos ciganos espanhóis, entrou na gíria portuguesa o termo gajão com o significado de “indivíduo finório, velhaco”. Por causa deste sentido pejorativo e da presença da final -ão, passou ele, com o tempo, a ser considerado simples aumentativo de um suposto substantivo gajo, que hoje é forma corrente. A derivação regressiva tem importância maior na criação dos substantivos deverbais ou pós-verbais, formados pela junção de uma das vogais -o, -a ou -e ao radical do verbo. Exemplos Abalar, abalo; amostrar, amostra; alcançar, alcance; adejar, adejo; amparar, amparo; atacar, ataque; afagar, afago; buscar, busca; cortar, corte; amparar, amparo; caçar, caça; debater. debate; apelar, apelo; censurar, censura; enlaçar, enlace; arrimar, arrimo; ajudar, ajuda; levantar, levante; chorar, choro; comprar, compra; rebater, rebate; errar, erro; perder, perda; resgatar, resgate; recua, recuo; pescar, pesca; tocar, toque; sustentar, sustento; vender, venda; sacar, saque. Alguns deverbais possuem formas masculinas e femininas: Ameaçar, ameaço, ameaça; gritar, grito, grita; custar, custo, custa; trocar, troco, troca. Observações Nem sempre é fácil saber se o substantivo se deriva do verbo ou se este se origina no substantivo. Há um critério prático para a distinção, sugerido pelo filósofo Mário Barreto: “Se o substantivo denota ação, será palavra derivada, e o verbo palavra primitiva; mas, se o nome denota algum objeto ou substância, verificar-se-á o contrário”. Gramática e linguagem, II, Rio de Janeiro, 1922, p. 247 Assim, dança, atabaque e amparo, denotadores, respectivamente, das ações de dançar, atacar e amparar, são formas derivadas; âncora, azeite e escudo, ao contrário são as formas primitivas, que dão origem ao verbos ancorar, azeitar e escudar. ABREVIAÇÃO Consiste na redução de frases ou de palavras, até o limite da compreensão; Comum não apenas no falar coloquial, mas ainda da linguagem escrita, por brevidade de expressão: extra por extraordinário ou extrafino; Passa a constituir uma nova palavra; Nos dicionários têm tratamento à parte, quando sofre variação de sentido ou adquire matiz especial em relação àquele donde procede; Ex: fotografia por foto; motocicleta por moto; etc. A Sigla é um caso especial de formação de palavras por abreviação, possuí vitalidade no léxico, mediante a leitura, isoladas ou não, das letras quem compõe as siglas, como: Ex: OMS, FMI, UFG, PMGO, ETC. REDUPLICAÇÃO Também chamada duplicação silábica; Consiste na repetição de vogal ou consoante; Quase sempre acompanhada de uma alternância vocálica; Formação de palavra imitativa: Processo geralmente usado na formação de onomatopeias, ou seja, palavras imitativas que procuram reproduzir aproximadamente certos sons ou ruídos. Ex: tique-taque, reco-reco, pingue-pongue, etc. Em geral, os verbos e os substantivos denotadores de vozes de animais têm origem onomatopeica. Ex: ciciar, cicio (da cigarra); coaxar, coaxo (da rã, do sapo). CONVERSÃO OU DERIVAÇÃO IMPRÓRPIA. (EVANILDO BECHARA) Consiste no emprego de uma palavra fora de sua classe normal: Ex: Terrível palavra é um não. Não conseguir descobrir o porquê da questão. Ele é o benjamim da família, isto prova a não-existência do erro. Entre os casos de conversão podemos incluir a passagem, por hipertaxe, um grupo de vocábulos (geralmente o final) a palavra isolada: Ex: Ele tem certas fobias. (fobia é a parte de um grupo de palavras que designam aversão a uma coisa (fotofobia, xenofobia, hidrofobia, etc.) Observação: Os casos de conversão recebiam o nome de derivação imprópria, Como a conversão não repercute na estrutura do significante de base, muitos estudiosos, com razão, não a incluem como processo especial de formação de palavras, como demonstra a hipertaxe. Já o Professor Celso Cunha, não coloca a conversão ou derivação imprópria como uma forma especial de formação de palavras. Vejamos o que ele diz: As palavras podem mudar de classe gramatical sem sofre modificação . Basta por exemplo, antepor-se o artigo a qualquer vocábulo da língua para que ele se torne um substantivo: Ex: Ele examinou os prós e os contras da proposta. Esperava um sim e recebeu um não. A este processo de enriquecimento vocabular pela mudança de classe das palavras dá-se o nome de derivação imprópria, e por ele se explica a passagem: a) De substantivos próprios à comuns: damasco, macadame, quixote; b) De substantivos comuns à próprios: Coelho, Leão, Pereira; c) De adjetivos à substantivos: capital, circular, veneziana; d) De substantivos à adjetivos: burro, (café)-concerto, (colégio)-modelo; e) De substantivos, adjetivos e verbos à interjeições: silêncio!, bravo!, viva!; f) De verbos à substantivos: afazer, jantar, prazer; g) De verbos e advérbios à conjunções: quer...quer, já...já; h) De particípios (presentes e passados) à preposições: mediante, salvo; i) De particípios (passado) à substantivos e adjetivos: conteúdo, resoluto. Observação: A rigor, a derivação imprópria ( também denominada conversão, habilitação ou hipóstase por linguística modernos) não deve ser incluída entre os processos de formação de palavras que estamos examinamos, pois pertence à área da semântica e não à da morfologia. COMBINAÇÃO A combinação é um caso especial de composição em que a nova unidade resulta de combinação de parte de cada um dos dois termos que entram, na formação: Ex: português + espanhol = portunhol Bahia + Vitória = Bavi São comuns na linguagem jocosa: Ex: sofre + professor = sofressor aborrecer + adolescente = aborrecente INTENSIFICAÇÃO É um caso especial de intensificação ou expressividade semântica de uma palavra já existente mediante o alargamento de sufixos, quase sempre -isar, ou as vezes por modelos franceses ou ingleses: Ex: agilizar por agir; veiculizar por veicular, obstaculizar por obstar, protocolizar por protocolar, culpabilizar por culpar, de pauperizar por depauperar. BIBLIOGRAFIA Nova gramática do português contemporâneo do professor Celso Cunha, em sua terceira edição revisada, publicada pela Editora Nova Fronteira Moderna gramática portuguesa do professor Evanildo Bechara em sua 37ª edição revisada e ampliada sendo uma publicação da editora Lucerna.
Posted on: Fri, 25 Oct 2013 18:16:10 +0000

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