Fora minha propensão de combater os oportunistas que utilizam - TopicsExpress



          

Fora minha propensão de combater os oportunistas que utilizam estes momentos como instrumentos para colher dividendos eleitorais (2014 é logo ali), este é um fenômeno social que precisa ser compreendido. Ainda é cedo para tirar conclusões, mas hipóteses podem ser levantadas sobre o que está ocorrendo no país. Meu parâmetro será o Brasil de hoje e aquele de 10 anos atrás, quando FHC (PSDB) estava no poder. A juventude na faixa dos 15 a 25 anos, compreendendo secundaristas e universitários, contava, em 2003, com idades entre 5 a 15 anos. Não tem, portanto, memória exata do que foram os anos FHC (1994/2002). No início do segundo mandato PSDB/PFL(DEM), 1998, alguns destes jovens estavam aprendendo as primeiras letras, outros entrando na 5ª série do Fundamental. Esta gurizada não possui (ou são parcos) os elementos para fundamentar a comparação entre o Brasil de 1994/2002 e o de 2003/2013. O processo histórico, que esses jovens não tem referências, modificou o país. O Brasil em 10 anos gerou 20 milhões de empregos com carteira assinada, enquanto no período anterior ampliavam-se a informalidade e a precarização! A taxa de desemprego oficial é 5,5% e em algumas regiões está em níveis menores. Falta mão-de-obra em vários setores. No período anterior, a Grande São Paulo conviveu com taxas de desemprego na casa dos dois dígitos. As políticas públicas produziram a movimentação para cima de 40 milhões de brasileiros. O aumento dos empregos veio acompanhado do aumento dos salários. O salário mínimo, referência para várias categorias profissionais, teve aumento real de 70% (ou seja, descontado a inflação). Hoje temos a melhor relação mínimo - cesta básica desde 1979! Não é pouco. Por isso, não existem aeroportos, rodoviárias ou ruas que não estejam lotadas de pessoas, carros e motocicletas. As estruturas, até então, davam conta do reduzido número de pessoas que utilizavam, por exemplo, o transporte aeroviário. As universidades públicas lutavam para pagar contas de luz, água, papel higiênico e as bolsa de estudos eram raríssimas! Hoje, sem grandes delongas, basta ver o que é a FURG! Não apenas as condições estruturais mudaram, mas também o acesso. Em 1997, no final do primeiro mandato do PSDB/PFL(DEM), apenas 7,1% dos jovens entre 18 e 24 estavam no ensino superior. Em 2011, segundo o Censo da Educação Superior, eram 17,6%. Se, em média, o país dobrou o número de universitários, as Regiões Norte e Nordeste triplicaram (de 3,5% e 3,4% para 11,9%, ambas). Para ter uma referência, a região Sudeste ficou com 15,4%. "Nunca antes na história deste país" houve tamanha redução da desigualdade entre as Regiões Norte/Nordeste e Sudeste no quesito educação superior. Esta "nova classe média", que na verdade é a classe trabalhadora ampliada, mudou o padrão de vida. Este processo modificou a expectativa social e ascensional destes setores. A juventude, como fiz referência, já cresceu neste novo Brasil. Em especial a parcela que compõe famílias menos vulneráveis socialmente. A ideia é a seguinte: estou empregado, estou estudando, agora quero ser cidadão! Quero mais! Este "querer mais" é fruto do processo desencadeado pelo PT 10 anos atrás. O brasileiro quer ser mais e isto é uma conquista dos avanços sociais produzidos pelas políticas da esquerda. Na medida em que o camarada sobe a colina começa a enxergar melhor o vale, esta é a lógica! O lamentável é que a esquerda não percebeu que a juventude estava crescendo em um cenário diferente daquele da Era FHC, mas sem referências. Esta é uma juventude avessa aos instrumentos "tradicionais" de exercício do poder, entre eles, os partidos. Os partidos e demais instituições rígidas, insensíveis aos apelos das ruas, burocratizadas, anti-povo, não cativam mais esta juventude. O que é mais preocupante, pois será sempre uma energia convulsiva, ora represada, ora ativa, mas muito pouco produtiva. Para as perguntas que os jovens estão fazendo não encontramos respostas nas instituições. E muitos ainda precisam de políticas públicas fortes, principalmente os jovens trabalhadores. Diante destes motivos, a juventude está certa, tem que ocupar as ruas. A esquerda precisa fazer a autocrítica e compreender melhor este fenômeno. O Brasil não está pior do que era 10 anos atrás, pelo contrário, os números são todos favoráveis. O que não está melhor é a relação das instituições (e da esquerda) com a juventude. O que não está melhor é a política, enxovalhada dia e noite pela mídia, mas com problemas reais. Aí, neste ponto, faltou politizar (política enquanto ato pedagógico) e oferecer um novo horizonte utópico para a juventude. Tudo o que está ocorrendo é um alerta e precisa ser ouvido. Quanto aos representantes do passado... já basta o que fizeram por aqui!
Posted on: Thu, 20 Jun 2013 05:32:27 +0000

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