Galp Energia prepara compras de gás natural a Angola As vendas de - TopicsExpress



          

Galp Energia prepara compras de gás natural a Angola As vendas de petróleo de Angola a Portugal têm vindo a crescer e, agora, este país africano também se posiciona para abastecer o mercado nacional de gás natural liquefeito (GNL). Em Junho, foi inaugurada a produção de GNL neste país. Desde então, já foram entregues pelo menos dois carregamentos. Nenhum deles veio para Portugal, mas esse cenário não deverá durar muito tempo. Ao PÚBLICO a Galp Energia afirmou que "Angola é uma alternativa válida de fornecimento de GNL e a curto-médio prazo pode complementar o contrato de longo prazo que a Galp Energia tem com a Nigéria". Questionada sobre quando é que a Galp pretende começar a comprar GNL a Angola, e se já houve alguma tentativa de compra, fonte oficial apenas comentou que "nenhuma das cargas disponibilizadas por Angola até à data veio para Portugal". Neste momento, é a Nigéria, rival energético de Angola no continente africano, que se posiciona como o grande fornecedor de GNL da Galp. No ano passado, a empresa liderada por Manuel Ferreira de Oliveira comprou 3,5 bem (mil milhões de metros cúbicos) de GNL à Nigéria, além das compras de gás natural (via gasoduto) à Argélia. Em Julho, quando o navio-tanque Sonangol Sambizanga chegou ao Brasil, este foi um momento histórico para Angola. Depois de ter saído do Soyo no mês anterior, a chegada a bom porto do Sambizanga significou a entrega do primeiro carregamento de gás natural liquefeito angolano. Ao todo, foram 160 mil metros cúbicos de GNL que atravessaram o Atlântico até ao terminal de regaseificação da Petrobras na baía de Guanabara, Rio de Janeiro. Depois de vários problemas e atrasos, Angola começara finalmente a produzir e a exportar GNL. Na ocasião, Artur Pereira, presidente da Angola LNG Marketing, criada para comercializar o gás produzido pelo projecto Angola LNG (da sigla inglesa de liquefied natural gas), afirmou que a principal prioridade da empresa é a produção e entrega da GNL angolano "para todo o mundo". De acordo com a empresa, já foram "celebrados vários acordos-quadro de compra e venda de LNG com empresas do sector da energia" a nível global, e mais outros se seguirão. O PÚBLICO enviou várias questões à empresa, nomeadamente se Portugal está na lista de clientes e se havia a perspectiva de assinar algum contrato, mas fonte oficial referiu apenas que as "ofertas recebidas e os contratos são confidenciais". "Os nossos volumes [de produção] e frota permitem chegar aos vários mercados mundiais, conforme seja ditado pela procura", acrescentou a mesma fonte. Em Agosto, um segundo carregamento de GNL (para ser expedido por navio, o gás natural é processado e, através do recurso a baixas temperaturas, fica em estado líquido) chegou também à China, que tem em Angola o seu segundo maior abastecedor de petróleo. A venda de gás à China (e que este ano vai superar os EUA como maior importador de petróleo a nível mundial) A capacidade de exportação do projecto de GNL do Soyo é de 7200 milhões de metros cúbicos, o que equivale a 45 milhões de barris de petróleo, "podendo adicionar até dois pontos percentuais ao produto interno bruto" do país ra fortalecer as ligações comerciais e de investimento entre estes dois países", refere Carmen Mendes Camacho, analista do Departamento de Estudos Económicos e Financeiros do BPI. "Actualmente, cerca de 50% das exportações de Angola são absorvidas pela China, o que revela um elevado nível de concentração geográfica do comércio com o exterior e cria alguma dependência face à evolução das condições económicas neste país", nota esta analista. Economia a crescer Neste momento, a produção de GNL, localizada no Soyo (Norte de Angola, junto à costa atlântica e da zona onde desagua o rio Congo), vai parar durante algum tempo para algumas afinações e novos testes. Depois, a ideia é voltar a carregar navios-tanque com GNL, agora a velocidade cruzeiro, tirando partido das reservas do país (estimadas em 297.000 milhões de metros cúbicos). A Angola LNG estima que, uma vez alcançada a produção prevista, haja mais de 70 carregamentos por ano a sair das instalações do Soyo por via marítima. Até aqui, antes do projecto que junta a angolana Sonangol (que detém 22,8% do capital) com as multinacionais Chevron (36,4%), BP (13,6%), ENI (13,6%) e Total (13,6%), e que representou um investimento da ordem dos 10.000 milhões de dólares (cerca de 7562 milhões de euros, ao câmbio actual), o gás associado ao petróleo era queimado. Agora, é uma nova fonte de receitas para o país. De acordo com dados do Banco Mundial, citados num relatório do BPI, a capacidade de exportação do projecto de GNL do Soyo é de 7200 milhões de metros cúbicos (7,2 bem), o que equivale a 45 milhões de barris de petróleo, "podendo adicionar até dois pontos percentuais ao produto interno bruto no primeiro ano, caso a produção atinja a capacidade potencial". Para este ano, prevê- se que a economia angolana cresça acima dos 7%. A balança comercial já pende para o lado angolano Desde a independência de Angola, as trocas comerciais tendem a ser favoráveis a Portugal. O país não tem sido grande cliente do petróleo angolano, mesmo depois da normalização após o fim da guerra civil, e vende muitos dos produtos que Angola precisa para o seu quotidiano, devido à ausência de produção local. No entanto, essa situação está agora a inverter-se. De acordo com os dados oficiais, no primeiro semestre deste ano deu-se um momento de viragem, com Portugal a comprar bens no valor de 1594 milhões de euros, contra 1414 milhões em vendas. Em idêntico período de 2012, o saldo era positivo em 456 milhões. Agora, é negativo em 180,2 milhões de euros (com um coeficiente de cobertura de 89%). Para se ter uma melhor ideia da subida das compras a este país africano, as importações do primeiro semestre representam 89,5% do total do ano de 2012. As exportações para Angola até subiram 8% no primeiro semestre deste ano, mas não conseguiram acompanhar o salto de 87% dado por Angola, e que colocaram este país como quarto maior fornecedor (em 2009, um ano particularmente mau para a economia angolana, chegou a estar na 36.a posição). Esta alteração na relação comercial entre os dois países é explicada pelo petróleo. Portugal depende dele e não o produz, pelo que tem de comprar a alguém. Quanto a Angola, o ouro negro é a peça fundamental das suas exportações. Uma equação que se começou a aplicar a I fundo no terreno desde que a Galp I Energia alterou a sua estratégia de 1 refinação. Ao PÚBLICO fonte oficial da empresa destaca que o aumento das Hl importações de crude de Angola M "resultou da alteração do perfil de compras de crude da Galp Energia, na sequência do projecto de conversão do aparelho refinador, que privilegia crudes mais pesados, aliado à competitividade do preço do crude proveniente deste país". Olhando para o futuro, a empresa (que, além de Américo Amorim, tem a Sonangol e Isabel dos Santos como seus grandes accionistas) afirma apenas que a compra "dependerá do nível de preços praticado para essas ramas face a outras de diferentes proveniências". As compras de gás natural liquefeito a este país (ver texto ao lado) também irão ter o seu peso na balança comercial. Aliás, num horizonte mais alargado, Portugal tenderá a perder a expressão que tem actualmente em termos de fornecedor de bens a Angola. Carmen Mendes Camacho, analista do Departamento de Estudos Económicos e Financeiros do BPI, destaca que "a alteração da estrutura económica de Angola e a progressiva redução da dependência das importações alterará o que tem vindo a ser o padrão" das relações comerciais entre os dois países. As autoridades angolanas, diz, pretendem "desenvolver o sector empresarial local, estando actualmente em discussão uma nova pauta aduaneira que protegerá mais significativamente sectores económicos de interesse nacional. Esta orientação política privilegia as relações de investimento entre empresários angolanos e empresários estrangeiros, como forma de transferência de tecnologias e conhecimentos indisponíveis localmente". Por isso mesmo, Carmen Mendes Camacho destaca que as relações comerciais entre Portugal e Angola, "que têm sido tradicionalmente mais positivas para Portugal, tenderão a alterar-se". A médio prazo, conclui a analista, Portugal "deverá perder as quotas de exportação actuais, o que levará as empresas a procurar oportunidades mais rentáveis, nomeadamente o desenvolvimento de projectos locais com parceiros angolanos".
Posted on: Mon, 02 Sep 2013 11:29:54 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015