"Guitarras suburbanas Como em Londres e Liverpool Mas rock é pra - TopicsExpress



          

"Guitarras suburbanas Como em Londres e Liverpool Mas rock é pra bacana Aqui na América do Sul" Esse possível refrão para um rock básico e de preferência barulhento me veio hoje enquanto fazia uma caminhada matinal por bairros da cidade, e me lembrei de como nos anos 80 existiam moleques montando bandas de rock nos pontos mais improváveis de Juiz de Fora, sem ligar para o fato de que fazer rock no terceiro mundo e particularmente em JF nos anos 80 era quase uma impossibilidade tecnológica e socioeconômica. Nada de instrumentos ou equipamentos de qualidade, nada de pedais e acessórios, nenhuma facilidade para ter acesso aos últimos lançamentos do mercado fonográfico e mesmo ao clássicos. Nada de escolas de música que tivessem um trânsito pelo rock (o caminho era usar o ouvido, revistas de banca ou escolas eruditas, ou estudar com músicos de jazz e MPB, que não raras vezes tinham desprezo pelo rock). Nenhuma perspectiva de tocar por cachê e raros incentivos familiares para apostar na carreira, já que "música não dá camisa a ninguém". Com nenhum circuito alternativo consolidado, era arregaçar as mangas e organizar shows no DCE, pátios de escola, anfiteatros, e agradecer a amigos que usavam D.A.s e DCEs como doublés de produtoras. Além disso era só sacar a pinta dos malucos que se davam bem no Rock Nacional pra entender que (com raríssimas exceções, das quais só me lembro do Clemente dos Inocentes e do João Gordo, terem saído um pouco dos limites socialmente definidos) o caminho para as grandes gravadoras e mesmo para o circuito alternativo (com exceção talvez, do underground punk) tinha muito a ver com origem sócio-economico-cultural (basta lembrar que em certas publicações especializadas boa parte dos críticos tinham bandas e eram de uma mesma turma que as bandas que eram apontadas pela crítica como boas e definiam o que era bom ou ruim a partir de critérios que eram gestados de dentro desses próprios universos e que quando você vai olhar bem, principalmente em São Paulo, Rio e Brasília, eram "turmas" que chegavam juntas e entre tapas e beijos se avalizavam mutuamente. Em suma dedico esse refrão tosco, mas sincero, aos guerreiros anônimos e conhecidos do rock sem berço e sem jabá!
Posted on: Tue, 27 Aug 2013 15:39:57 +0000

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