HOJE É DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA... - TopicsExpress



          

HOJE É DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA... ... E O QUE A UNIVERSIDADE TEM A VER COM ISSO? Em 20 de novembro comemora-se o dia nacional da Consciência Negra. A data foi escolhida em virtude da morte do líder quilombola Zumbi dos Palmares, assassinado em Alagoas no ano de 1695. Contudo, sua história e sua figura, assim como de outras lutadoras e lutadores da resistência popular, não é contada nos livros de história nem nas escolas. Certamente, houve muit@s mais Zumbi’s, Dandara’s, Ganga-Zumba’s e Luiza’s Mahin na história de resistência à escravidão, já que o Brasil foi o primeiro país a ingressar na escravidão moderna e o último a sair dela e as elites se beneficiaram do trabalho escravo oficial por cerca de quase 400 anos. Ainda assim, a grande maioria dessas figuras e o contexto em que viveram é um total desconhecido para muit@s de nós. A historiografia brasileira foi escrita pelos vencedores. Assim, aprendemos a considerar que a abolição da escravatura foi dada de presente, por um gesto ilustrado de uma princesa bem intencionada. Aprendemos que não houve revoltas e organizações populares. Para passarmos no vestibular, tivemos que estudar o que foi considerado mais progressista em termos de resistência, como o movimento da Inconfidência Mineira – e sua duração inferior a 10 anos, com inspiração claramente burguesa. Mas, ao contrário, não nos foi demandado conhecer a história centenária dos quilombos, suas motivações e contradições, suas conquistas. O que bastou nos livros de história foi saber que esses centros de resistência e de luta foram fulminados em 1694 e 1695, pela lendária figura de Domingos Jorge Velho e outros ‘heróis’ reverenciados por seus ‘feitos grandiosos’. E assim o Brasil caminhou, dando nomes de ditadores e torturadores a suas escolas, praças e avenidas e retirando da história suas e seus verdadeir@s construtor@s, mulheres e homens, idos@s e crianças. Curiosa (mas não coincidentemente) a invisibilidade das negras e negros - em que pese sua decisiva representatividade para a formação do país - não está apenas nos livros de história. As negras e negros são a maioria da população brasileira, mas não o são na escola, na Universidade, nos programas de pós-graduação, nos grandes laboratórios, não são âncoras de telejornais ou protagonistas de telenovelas, não são dirigentes de multinacionais, não estão nos comerciais de TV, nos cursos de idiomas, não moram em bairros nobres, onde não há tiros acidentais... As crianças negras não fazem aulas de balé, nem tampouco estudam em tempo integral; as mulheres negras não podem se dedicar ao teatro, pois estão ocupadas em seu ofício natural de empregadas domésticas. Os jovens negros não podem tocar piano ou fazer intercâmbio, pois estão presos ou foram assassinados pela polícia ou por seus desafetos - igualmente negros e sem perspectivas - nos becos mal iluminados das periferias onde moravam, cercados pelas drogas e pelo desemprego. Não tiveram tempo para pensar e descobrir suas inclinações. Hoje, os povos remanescentes de quilombos têm sua natureza centenária simplesmente questionada, reelaborada e redesignada por 11 ministros da mais alta corte de justiça do país, sem que sua natureza tenha sido dada antes a conhecer e respeitar. Dos mais de 2800 territórios remanescentes de quilombos no Brasil, apenas 104 foram ‘reconhecidos’ pelo Poder Judiciário como tal (dados de 2007). A história de 400 anos de resistência e de 500 anos de luta parece ser ontologicamente imperfeita. Para ser concretizada, deve ser chancelada por pareceres e decisões judiciais vindas de sujeit@s alhei@s à sua realidade. Nas ruas, a polícia extermina a juventude negra; nas Universidades ela não pode entrar, mas quando entra é acusada de não merecer e de querer racializar o país – já que ‘não existe separação entre negros e não-negros no Brasil’! E quem conta essa história? Quem faz dela única versão? Quem relata, omite ou reinventa a história do país? Quem forma o poder judiciário? Quem forma as âncoras de telejornal, os professores da pré-escola, as atrizes, os bailarinos, as cientistas e os pensadores? Quem cria modelos de compreensão da realidade e influencia no seu curso de permanência ou rompimento? Que a UNIVERSIDADE se pinte de povo! Que receba negras e negros, índias e índios, amerel@s, branc@s e miscigenad@s, que se pense e se produza COM o povo, que se ponha a serviço e que não se omita na tarefa de resgatar a história do país! Uma Universidade sem racismo é aquela que não se recusa a discuti-lo e que não se compromete a negá-lo, que não sustenta a omissão, que contempla pret@s, pard@s e indígenas e não apenas branc@s, pois sabe que tod@s merecem ser contemplad@s! Que a Universidade conte nossa história, ouça nossas demandas e seja uma agente de construção da verdadeira Democracia Racial que o Brasil precisa!
Posted on: Wed, 20 Nov 2013 03:06:00 +0000

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