Hoje irei à rua. Sem partido político. Sem defender “passe - TopicsExpress



          

Hoje irei à rua. Sem partido político. Sem defender “passe livre” por não considerá-lo legítimo. Vou à rua e estacionarei meu carro em algum lugar que tenha vaga e esta vaga esteja determinada para tal fim. Vou à rua porque minha “cara anda pálida” demais, vendo os rostos de tantas caras que não têm mais sangue para “empalidecer”. Vou à rua porque cansei de passar pelas ruas da capital federal vendo desabrigados dormindo ao relento – invisível aos olhos do governo. Vou à rua porque cansei de passar por esquinas vendo o assustador consumo de drogas – invisível aos olhos do governo. Vou à rua porque não acredito mais que alguém possa me representar ganhando 26 mil por mês usufruindo de benefícios que são, ambos, distantes de mim. Vou à rua porque aqueles que deveriam me representar estão ocupados demais em negociatas, falcatruas, e apropriações indébitas – preciso afirmar, com muita ênfase, que não me representam. Vou à rua porque a minha faxineira se envergonha nas vezes que chega a minha casa tendo que me dizer que o ônibus não passou no horário que deveria passar. E o próximo é sempre sem horário. Vou à rua porque o jardineiro que cuida das árvores com muito cuidado, por saber que os frutos serão distribuídos sem nenhum desperdício, se recusa a receber os benefícios com que o Governo manipula a extinção da pobreza. Ele diz que é pobre, muito pobre porque trabalha de domingo a domingo e não tem direito à saúde, escola decente para seus filhos, nem condições de aperfeiçoamento para almejar uma vida mais digna. Vou à rua aos 59 anos de idade porque tenho tempo – o desemprego me favoreceu neste aspecto – para manifestar minha indignação frente a uma série de situações que fizeram de mim uma “cara pálida”, sem orgulho das transformações e sucateamento que estão destruindo a minha dignidade e me envergonhando dos possíveis questionamentos que meus netos um dia poderão me direcionar pela inércia em não ter me posicionado frente posições e decisões que discordo. Vou à rua sozinha. Não estou escorada em nenhum Movimento. Vou à rua pedir por um país que talvez só exista no meu imaginário, mas entendo que para não condená-lo à imaginação, tenho, no mínimo, que apontar o que está acontecendo na direção contrária dos meus anseios pátrios. Entendo que eu possa convidar meus amigos. Entendo que meus amigos tenham direito pleno de recusar o meu convite. Henrique Augusto Cruz Santos
Posted on: Wed, 19 Jun 2013 23:08:22 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015