Há algo sobre as pessoas. As pessoas deslocadas, aquelas que não estão nunca no centro da roda, aquelas que nunca querem a atenção pra si, e nem mesmo conseguem manter um rápido contato visual sem se sentirem oprimidas, intimidadas. Elas vivem afastadas, sempre no canto do salão ou no fim do pátio, valorizando o silêncio, ou talvez temendo o barulho. Julgadas como estranhas, continuam suas vidas carregando uma aparente solidão angustiante. E estas atitudes, ou a falta de, são as que me instigam a conhecê-las. Talvez sejam todas, à sua própria forma, tesouros. São poços que insistem em permanecer no deserto. É realmente uma pena que tão poucos estão dispostos a procurá-los. Há tanto a se aprender com eles. Existem tantas histórias, tantos ensinamentos, tantos amores, tantas esperanças, que permanecem no deserto, e não podem ser compartilhadas, porque ninguém se dispõe a ir até lá. Por vezes sinto-me inseguro, com medo de que uma tentativa de aproximação possa assustar aquele que tanto sofrimento já passou. Mas devemos amar. Eu amo os poços perdidos, eu desejo saber suas histórias. Eu quero conhecer o caminho até eles...
Posted on: Mon, 22 Jul 2013 22:47:24 +0000
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