Há excelentes jornalistas. Gente que persegue a maravilhosa ambição de informar, de procurar a verdade, de escavar o seu tempo como se fosse um arqueólogo do presente, de regular uma das mais extraordinárias invenções do ser humano: a democracia. Esses, os que não desistem, têm de sobreviver a um modo de vida que reduz o jornalismo a uma ficção. Ver um telejornal, perceber a lógica do alinhamento, escutar a maneira como a maioria dos pivots pronunciam certas palavras, como se sentam e inclinam expressões, é um convite ao mergulho retemperador de uma ficção. Não que seja mentira o que muitas vezes dizem, o problema é que nada do que ouvimos ou vemos parece ser verdade. Se digo telejornal, poderia falar dos jornais, rádios, discursos políticos, modelos educativos ou construção de relações. A evolução da civilização transportou-nos para um mundo de distracção e de lazer, e ainda bem que o fez. Mas existe uma factura para tudo. E o jornalismo, como a política ou as famílias, é tão volátil como o argumento de uma novela cujo objectivo é ter audiência, animação e expectativa. É esse o recibo a que não conseguimos fugir.
Posted on: Sun, 30 Jun 2013 09:29:56 +0000
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