ILHA DA FANTASIA (Texto de 2010) Descobrimos, com tristeza - - TopicsExpress



          

ILHA DA FANTASIA (Texto de 2010) Descobrimos, com tristeza - todos os jornais publicaram -, que os deputados mineiros ganham apenas R$ 6 mil por mês. Alguém vai querer que, preocupados o dia inteiro com a sobrevivência dos seus, possam pensar na proteção e sustento dos outros? Coitados. Péraí. Estou lendo de novo. Houve pequeno engano meu. Além dos R$ 6 mil, cada deputado tem mais R$ 2.250 de auxílio-moradia. Já é outra coisa - eles podem morar. Uma soma de R$ 8.250 não chega a ser uma fortuna, mas são 49 salários mínimos. Botei os óculos, agora leio ainda mais: tem também a ajuda de R$ 5 mil de salário-combustível - aproximadamente 2.958 litros de gasolina. Fazendo 10 quilômetros por litro, 29.580 quilômetros. Não é muito, mas dá pra 23 viagens ida e volta a Brasília, coisa fundamental para o exercício do legislativo mineiro. Além disso, o deputado recebe R$ 2.240 por sessão extraordinária, o que também não é muito. Evidentemente toda sessão onde se vota tais coisas é extraordinária. Tem mais R$ 2.250 para passagens aéreas (a Brasília uma vez vamos de carro, outra de avião, uma de avião, outra de carro) e duas parcelas de R$ 4.800 de auxílio-paletó (não é muito, dá somente pra comprar 10 blazers por mês num alfaiate modesto de Savile Row). Ah, há ainda R$ 3 mil pra outra atividade fundamental - participar de comissões técnicas, onde se estuda a técnica de receber comissões. Pros líderes de bancada a comissão é, com justiça, maior - R$ 5 mil. E, como faxineiro também precisa viver, votou-se a verba de 'manutenção do gabinete'; R$ 2.124. Tudo junto soma R$ 26.540. O que, convenhamos, dá bastante bem, ninguém pode reclamar. Mas não é lá essas mordomias. Por isso os deputados votaram um item chamado 'benefícios não relacionados'. Com o qual atingimos, em alguns casos, não são todos, nem são muitos, o total de R$ 60 mil. Estipêndio(!), agora sim, com que já é possível sustentar tranqüilamente uma família mineira de classe média. Ou duas, em sendo o caso. Mas, vejam só, Newton Cardoso, o varão de Plutarco de Contagem, governador em exercício, ilibado defensor dos bens públicos, acha que os deputados estão legislando em causa própria. E Newton sabe do que fala - em toda sua vida só legislou em causa imprópria. Por isso, na televisão, abriu uma boca deste tamanho, imitando Bóris Casoy, e berrou, com santa indignação: 'É uma ver-go-nha!'
Posted on: Mon, 30 Sep 2013 05:31:16 +0000

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