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JC e-mail 4833, de 14 de outubro de 2013 5. Por que as universidades brasileiras estão fora dos rankings mundiais Artigo de Paulo Cesar Philippi, Aguinaldo Silveira e Silva e Sergio Colle* para o Jornal da Ciência Em seu pronunciamento no Senado em 3 de outubro do corrente, o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), manifestando sua preocupação com a qualidade do ensino superior no Brasil em relação aos países desenvolvidos, sugeriu a realização de uma audiência pública na Comissão Senado do Futuro para discutir o problema (JC e-mail 4827 de 04 de outubro). Para Luiz Henrique, não há justificativa para um país como o Brasil, que possui a sétima economia do planeta, não possuir um ensino superior de alta qualidade, em padrão equivalente ou pelo menos próximo ao das melhores instituições do mundo. É algo que nos faz meditar que realmente nós temos que investir na educação, fazer uma cruzada pela educação, transformar as nossas universidades em centros que não sejam só de ensino, como geralmente são... Luiz Henrique apresentou a proposta da audiência pública, após questionar em seu discurso quais seriam as causas do desempenho ruim das universidades brasileiras. Em sua opinião, seria importante que a Comissão Senado do Futuro convide o próprio diretor da entidade inglesa Times HigherEducation, responsável pela elaboração dos ranking mundial de universidades, para, se possível, apresentar sugestões para a melhoria da qualidade do ensino superior no país. Não é preciso fazer o que o distinto senador e ex-governador do estado de Santa Catarina sugere: chamar alguém do The Times HigherEducation para dizer o que está errado com a universidade brasileira. Basta perguntar aos professores aqui mesmo no Brasil. São problemas cujas soluções são conhecidas. O que não existe é a vontade política de resolvê-los. Alguns deles: 1- uma estrutura burocrática e jurídica que faz os pesquisadores gastarem mais tempo em viabilizar meios do que realmente fazer pesquisa; mudanças só seriam possíveis tirando o poder da casta de burocratas dentro e fora de nossas instituições universitárias e resgatando a autonomia constitucional da universidade; 2- falta de uma política de avaliação de desempenho consistente que estimule e promova o mérito acadêmico e seja requisito para a progressão na carreira; nosso atual plano de carreira aprovado no Congresso em 2012 resultou de uma negociação entre técnicos despreparados do governo e profissionais do sindicalismo universitário; os primeiros com metas puramente quantitativas, preocupados, sobretudo, com o número de profissionais de nível superior que formamos anualmente; os segundos com preocupações predominantemente corporativas; o resultado foi uma carreira sobre degraus de tempo de serviço que poderia ter sido evitado caso carreira e critérios de progressão fossem inseridos dentro de uma política de Estado (e não de governos) como um tema para ser tratado por quem de direito: nossas lideranças acadêmicas; 3- o processo de escolha de dirigentes, que deveria garantir gestores com um conhecimento profundo da atividade acadêmica no país e exterior, visão da universidade como centro de geração de ciência e tecnologia e formação de recursos humanos qualificados, o que constitui a grande missão social da universidade; neste sentido, seria saudável suprimir a eleição direta para Reitor e implementar a universal prática do colégio eleitoral, com membros que representem o melhor extrato acadêmico da universidade; 4- aumento da interação da universidade com o setor produtivo visando acaptação de recursos, por meio da conversão da pesquisa em produtos e processos para aumento da produtividade e competitividade do setor industrial; isto se choca com uma visão ideológica estreita que rejeita qualquer interação da universidade com a economia real; além disso, nossas leis não distinguem um projeto de pesquisa, prenhe de incertezas, de um contrato de obras, onde tudo precisa estar previamente definido; nossas universidades vivem sob o assédio da Advocacia Geral da União (AGU) e nossos pesquisadores imobilizados, sob permanente suspeição; 5- investimentos importantes na educação pública fundamental e média, evitando-se com isto a necessidade do recurso à política de cotas de acesso à universidade pública; a universidade é uma instituição intrinsicamente meritocrática e não pode ser usada para resolver problemas resultantes de políticas de governos que não dão à educação a prioridade que lhe é devida; 6- uma política de salários que dignifique a carreira e a vida pessoal do professor, dapré-escola à pós-graduação, e o estimule a ensinar a ler, a escrever, a pensar...e a produzir conhecimento; ainda que seja, nas palavras do Senador, a sétima economia do planeta, o país está entre os últimos neste quesito. As soluções estão aí. Basta vontade política para implementá-las. *Paulo Cesar Philippi, Aguinaldo Silveira e Silva e Sergio Colle são professores da Universidade Federal de Santa Catarina
Posted on: Tue, 15 Oct 2013 19:41:15 +0000

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