Juventude e capitalismo As grandes manifestações desse ano, - TopicsExpress



          

Juventude e capitalismo As grandes manifestações desse ano, que reuniram milhões de pessoas, na sua maioria jovens, demonstrou, e ainda demonstra, pela continuidade das lutas em diversas partes do país, a total insatisfação, ora fundada na consciência da precarização e exploração das relações na sociedade capitalista, em que pese as peculiaridades do capitalismo brasileiro, ora na compreensão de que o modelo de representatividade política existente é insuficiente para os interesses da totalidade da sociedade e, sobretudo, permeado por uma série de vícios, tais como fisiologismo e corrupção, tanto nos aspectos mais evidentes, quanto nos imperceptíveis, pelo seu conteúdo institucionalizado. Fica evidente que tal descontentamento é oriundo das mais nefastas práticas da “política”, quando entendida como relação dos poderes institucionais – legislativo, executivo e judiciário – mas que num sentido ampliado é a relação entre os vários grupos ou classes existentes com vistas à defesa de seus interesses mais imediatos ou universais. Claro que estamos falando do modelo democrático burguês, limitado pelas consequentes relações burguesas de produção material e cultural. Os milhões de jovens que participaram e compuseram os protestos Brasil à fora são indivíduos que cresceram num contexto de “calmaria” social, quando se pensa em manifestações massificadas como as verificadas em meados de 2013. Uma juventude com as perspectivas profissionais limitadas e vivendo um processo de desenvolvimento econômico duvidoso, em meio a um caos social, onde as discrepâncias econômicas e sociais só aumentam num país historicamente desigual, só pode, e não menos que isso, estar em busca de uma outra forma e associação política e social. Acrescenta-se, entretanto, que essa busca ainda não é clara, em especial pela desorganização da classe trabalhadora, também devido à reprodução das mesmas práticas da “política” nas organizações de classe dos trabalhadores, em especial os sindicatos. Fica claro, portanto, que o que almeja as massas ainda insurgentes não é apenas uma crítica mais “radicalizada”, seja lá o que esse termo possa significar. A luta dessa juventude rebelada é, antes de mais nada, contra as velhas formas organizativas e associativas, além, é claro, da constatação das limitações das relações de produção capitalista, que alimentam sonhos de bem-estar, com uma precariedade gritante. É só imaginar a vida de um trabalhador numa grande cidade como São Paulo, que passa mais tempo do seu dia nos meios de transporte para o trabalho, escola ou casa, que mantendo relações afetivas de amizade ou familiar, por exemplo. As decisões de cúpula nos parlamentos, nos gabinetes dos gestores ou do judiciário não representam a transformação crescente nas relações humanas decorrentes das mudanças substanciais do capitalismo nos últimos quarenta anos. O que se percebe é que a democracia liberal não se reformulou, isto é, não houve mudanças relevantes na sua composição enquanto regime. Também nas entidades fundadas nos mesmos princípios democráticos –burgueses essa máxima se reproduz. Uma crise latente do capitalismo, pela sua configuração, aliada a um modelo democrático limitado pela sua natureza burguesa, só pode fazer emergir a insatisfação que se verifica nas manifestações no Brasil e no mundo. Tanto o jovem trabalhador pobre com poucos anos de estudo, como o jovem trabalhador com ensino superior, portanto mão-de-obra especializada, sofrem as mazelas do capitalismo contemporâneo. Jovens trabalhadores do setor de serviços e jovens trabalhadores profissionais liberais sentem na pele a miséria da vida social contemporânea. Não obstante, é sabido o elevado consumo de drogas – lícitas ou ilícitas – por parte de médicos, já submetidos durante sua formação profissional à uma pressão por produtividade e metas. Esperar do potencial “conservadorismo” das massas para fazer reformas às avessas não pode ser a solução. No ponto em que estamos, a mudança deve ser no sentido de um desenvolvimento consequente da democracia, com o intuito de uma participação horizontal, onde as decisões sejam tomadas com a máxima participação das partes interessadas. Hoje o capitalismo não possibilita essa participação, por conta das já mencionadas limitações que impõe enquanto modo de produção material. Para alcançar tal objetivo, é necessário já se estabelecer novas formas de uma política emancipadora, tendo numa Revolução de caráter Socialista como ponto definitivo de novos tempos.
Posted on: Sun, 10 Nov 2013 16:40:31 +0000

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