LINDISSIMO ...Ñ DEIXEM DE LER. Solidário ou Solitário. Leão - TopicsExpress



          

LINDISSIMO ...Ñ DEIXEM DE LER. Solidário ou Solitário. Leão Tolstoi, o grande romancista russo, dá um exemplo admirável a respeito do assunto, uma comovente história resumida e narrada por Richard Simonetti: Mikail era habilidoso sapateiro russo. Vivia feliz com a sua família: a esposa adorável e quatro filhos que faziam a alegria de seus dias.Numa época em que a medicina não tinha o desenvolvimento atual, um filho ficou dente e morreu; o segundo filho adoeceu e também morreu; seguiram-se a esposa e o terceiro filho. Restou-lhe apenas um menino, que passou a resumir suas mais caras esperanças, mas em breve foi levado pela morte. E Mikail, que tinha na família sua razão de viver, viu-se irremediavelmente só. Revoltou-se. Afastou-se da religião; mergulhou na mais negra solidão, alimentou a idéia de morrer. A vida perdera inteiramente o significado. Apenas o trabalho lhe dava algum alento e era martelando o solado de sapatos que passava os dias, perdido em amarguras. Depois de algum tempo, um amigo veio visitá-lo e ficou penalizado: - Que tristeza é essa, Mikail! Você precisa reaprender a sorrir, animar-se, voltar a viver - Viver para quê? - Para Deus, meu amigo! - O que é isso? - É cumprir a Sua Vontade. Fazer o que o Senhor espera de nós! - Como descobrir qual é a vontade de Deus? - Leia o Evangelho. E Mikail, que nada tinha a perder porque já perdera tudo, até a vontade de viver, decidiu tentar. Comprou um exemplar de O Novo Testamento. Desde logo encantou-se. Como todos os crentes de sua época, pouco sabia sobre Jesus. Jamais lera o Evangelho. Daí o seu deslumbramento. A existência começou a ter outro significado, à medida que mergulhava na leitura. Já não se sentia abandonado por Deus. Aprendeu que os desígnios do Eterno são sábios e justos. Certamente havia razões para ele estar naquela situação. Ainda era um homem solitário, porém não mais atormentado por dúvidas e incertezas. Enxergava uma luz no túnel sombrio de suas amarguras. Certa noite leu em Lucas, capítulo 7, a passagem do fariseu que convidou Jesus à sua casa, mas não o tratou com devida consideração. Espantou-se. Como podia alguém agir assim com o mensageiro Divino?! Imaginou como ele próprio O receberia. Ah! O Mestre haveria de sentir-se muito feliz em sua casa! Então, ouviu uma voz: - Mikail, prepara-te! Amanhã eu virei! O sapateiro olhou em torno, espantado. Ninguém entrara. Trancou a porta, apagou a luz e deitou-se. Ouviu novamente: - Mikail, prepara-te! Amanhã eu virei! Dormiu embalado pelo doce sonho de que receberia a visita de Jesus. Acordou animado, com a lembrança nítida da experiência da véspera. Levantou-se, arrumou a casa, preparou o mingau de aveia, a sopa de legumes, o chá fumegante, e iniciou o seu trabalho, aguardando, ansioso, o sonhado visitante. Em dado momento viu, pela vidraça de pequena janela, que alguém parara junto à porta. Foi olhar. Seria Jesus? Era Nicolau, velho soldado, reformado, homem pobre que morava nas imediações, num cômodo cedido pelo proprietário. Para compensá-lo, limpava a rua, em frente, quando nevava. Fizera isso até aquele momento. Cansado, parara junto à porta de Mikail, que tinha reentrância, a fim de proteger-se do vento gelado. O sapateiro abriu a porta. - Entra Nicolau. O soldado vacilou. - As botas estão enlameadas. Vou sujar o chão... - Não se preocupe. Limparemos depois. Entre, meu amigo. Serviu-lhe o chá e o mingau de aveia. Depois, enquanto se aqueciam ao fogo, contou-lhe o que acontecera na véspera. E perguntou: - Você acha que eu poderia receber a visita de Jesus? O velho soldado suspirou: - Bem, meu caro Mikail, não sei se Jesus vai visitar alguém hoje. Mas, se o fizer, certamente virá aqui. Você é um homem bom e tem sofrido bastante. Pouco depois, Nicolau voltou ao trabalho. O mesmo fez o sapateiro, sempre olhando pela janela, esperando a gloriosa visita. *** Após o almoço percebeu que outra pessoa estava junto à porta. Seria Jesus? Era uma jovem. Trazia um filho nos braços, aconchegado ao corpo. O frio era intenso e ela estava malvestida, trajes leves. A criança chorava, provavelmente de frio e fome. Correu abrir a porta: -Entre, minha filha, venha aquecer-se... Ela vacilou. - Entre, em nome de Deus! Mikail serviu-lhes a sopa de legumes e o mingau de aveia. O menino aquietou-se e dormiu. Conversou com a jovem, junto ao fogo. Ela contou que enfrentava situação difícil. O marido, soldado, estava fora a meses. Não vinha recebendo o soldo, e a fome entrara em seu lar. Não tendo com quem deixar o filho, não conseguia emprego. Há dias vendera seus agasalhos para comprar alimentos. Mikail condoeu-se. Foi à dispensa e preparou um farnel e uma trouxa com roupas. Incluiu algum dinheiro e entregou tudo à jovem. - Leve, minha filha. Não sou rico, mas sempre poderei ajudá-la. Quando faltar, procure-me. Emocionada, a jovem beijou a mão de Mikail e despediu-se, rogando a Deus que o abençoasse. Mais algumas horas se passaram. Então, uma senhora parou junto à sua porta. Era uma vendedora de maçãs. Trazia um cesto, que pousou no chão, para ajeitar um saco de gravetos sobre os ombros. Nisso, um menino aproximou-se e apanhou, ligeiro, uma maçã. A senhora foi mais rápida. Esticou o braço e o segurou, pondo-se a gritar: - Acudam, acudam! É um ladrão! Ele se debatia, mas ela o segurava com mão de ferro. Makail, que tudo via pela janela, abriu a porta e aproximou-se. -Deixe o menino, minha senhora, é apenas uma criança. -É um ladrãozinho! Deve ser castigado! -Deixe, eu pago a maçã. Relutante, ela o soltou. O garoto, a chorar, pediu-lhe que o perdoasse. Ela se recusou. -Você precisa é de um bom castigo! Foi então que Mikail fez valer seus estudos do Evangelho: -Ora, minha irmã, se não somos capazes de relevar o menino sem juízo que roubou uma maçã, como podemos pretender que Deus perdoe nossos pecados, que são muito mais graves? Ela concordou. -o senhor tem razão. É tanto problema que a gente acaba se perturbando e faz o que não deve. Perdoou o menino que, aliviado, dispôs-se ajudá-la a carregar o saco de gravetos. E lá se foram os dois, pacificados. Mikail entrou. Trazia o coração leve, inefável sensação de bem- estar. Terminou o seu trabalho, tomou a última refeição do dia e dispôs-se a fazer o que mais o agradava – ler o Evangelho. Costumava a observar ma seqüência. Naquela noite, sem saber explicar o porquê resolveu ler ao acaso o nome que damos a Deus quando não identificamos sua presença. Abriu e leu (Mateus, 25:35-40): ...Tive fome e deste-me de comer, tive sede e deste-me de beber; eu era um estranho e me acolhes-te, estava nu e me vestistes, estive enfermo, e me visitas-tes; estive preso e fos-tes ver-me. Então perguntarão os justos: Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos preso e fomos ver-te? Ao que respondeu o Senhor: em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Então, Mikail ficou sabendo que Jesus cumprira sua promessa. O Mestre o visitara três vezes, naquele dia, representado pelos seus pequeninos. E com a graça de Deus, ele, Mikail, O acolhera em sua casa! Nunca mais sentira solidão! Aprendera naquele dia glorioso que jamais alguém será solitário, enquanto for solidário. (Do livro - O Clamor das Almas de Richard Simonetti)
Posted on: Wed, 04 Sep 2013 19:25:58 +0000

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