LOCUTOR : A VOZ DA OFERTA. A ideia de ter um locutor nas oito - TopicsExpress



          

LOCUTOR : A VOZ DA OFERTA. A ideia de ter um locutor nas oito lojas da rede Futurama era antiga e parecia boa, mas o gerente Antonio Ferreira de Souza não sabia como achar o profissional ideal. A solução, literalmente, bateu à porta. Beto Nunes foi até uma unidade e ofereceu os serviços de locução. Souza resolveu dar uma chance ao rapaz e, há cinco anos, a rede realiza a chamada “promoção de pista”. “Tudo depende do perfil da loja”, afirma o gerente. “Testamos em quatro unidades e deu certo em três.” Só não funcionou no supermercado com mais clientes das classes A e B. “É um perfil de consumidor que não gosta de bagunça e não quer ser incomodado durante as compras”, diz. Com 20 anos de profissão, Marcelo Oliveira, locutor do Supermercado Premium, na zona norte do Rio, defende que a locução de pista vale para todas as lojas, basta uma adaptação. “Barulho não vinga em loja de classe A”, confirma. “É preciso usar voz mais suave, fazer menos intervenções”, explica. Para o público B, C e D, o tom é outro. “Tem que falar: ‘vem pra cá, cliente, vem correndo, que a oferta está acabando.” Oliveira ensina os truques que aprendeu em um curso da Esfoc (Escola Formadora de Comunicadores). Para montar as aulas, descobriu que a estratégia aumenta em até 40% as vendas. No Futurama, alguns itens vendem 25% mais quando o locutor está na loja. URGÊNCIA E OPORTUNIDADE Por que ter um locutor na loja ? “O locutor tem um cunho promocional”, afirma Leonardo Lanzetta, diretor da DIA Comunicação, agência de branding e ponto de venda. Segundo ele, o efeito principal da locução é criar sensação de urgência. Oliveira, da Esfoc, complementa dizendo que é preciso “envelopar a informação” para caracterizar a oferta como imperdível. Por exemplo, ele nunca diz que o quilo da mussarela custa R$ 9,90. “Ninguém compra frios por quilo, é muito mais eficiente falar que 100 gramas sai por menos de R$ 1”, exemplifica. Para Lanzetta, a locução também pode ser usada como um complemento ao tabloide de ofertas. “Quando o cliente pega o folheto, não dá atenção a todas as promoções. O locutor entra com o papel de reforçar as ofertas”, diz. Ter locutor também é uma ótima saída para hipermercados e supermercados com grande área de vendas e mix diversificado. O anúncio de ofertas no microfone permite que o cliente se lembre de produtos que estão longe dele. Outra oportunidade é anunciar ofertas de itens incomuns, normalmente fora das listas de compras. Mas nem todo supermercadista pode contar com a sorte, como aconteceu com o gerente do Futurama, que nem precisou ir atrás de um profissional. “A dica que eu dou é testar o locutor. Ele tem que ser meio apresentador de televisão e topar fazer umas jogadas para animar o público”, afirma. “Com o nosso já fizemos de tudo, até o vestimos de escocês”, conta. Carente de cursos profissionalizantes, a profissão ainda conta com muitos amadores. Segundo o locutor Marcelo Oliveira, é comum achar profissionais que conhecem pouco o português ou usam tom de voz inadequado para o ambiente. Na escola que criou, ele ensina a usar a voz em diferentes momentos. “Explico da locução-padrão, sem emoção, até as técnicas para uma oferta relâmpago”, afirma. A primeira, diz ele, precisa parecer música ambiente, pois o objetivo é apenas informar o consumidor. Já na oferta relâmpago, a locução começa sem revelar o que será ofertado, para dar um tom de emoção. Essa é mais usada nas lojas populares. Para Leonardo Lanzetta, da DIA, o locutor também deve saber improvisar. “Ao mesmo tempo que ele não pode ultrapassar a linha do incômodo, deve sempre passar a linha da surpresa.” A única proibição para quem trabalha com a voz nos supermercados é informar as horas. Segundo Oliveira, é para “a pessoa esquecer que está na loja”. A prova final, que define se o locutor é mesmo útil para a loja e para as vendas, é a relação que ele constrói com os consumidores. O aposentado Antonio Terceiro, 67 anos, conta que usa a amizade com os locutores dos supermercados que costuma frequentar para economizar nas compras. “Vou sempre às mesmas lojas e viro amigo deles. Quando chego, vou direto perguntar se tem alguma promoção boa”, conta. O maior benefício que ele já conseguiu com a amizade foi uma televisão em uma oferta relâmpago. “Ele me disse que ia baixar o preço e eu corri para garantir a minha.”
Posted on: Fri, 28 Mar 2014 22:48:54 +0000

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