MANIFESTO DA ILHA DO SOL “Hermanas y hermanos”: desejo - TopicsExpress



          

MANIFESTO DA ILHA DO SOL “Hermanas y hermanos”: desejo expressar minha surpresa por esta grande concentração que reúne, hoje, nesta Ilha do Sol, a irmãs e irmãos que vêm do Abya Yala, da América, da Europa, da África y da Ásia. (...) Hoje estamos todos reunidos aqui, no tempo de Pachakuti, no tempo da mudança. A ILHA DO SOL, O NASCIMENTO DO NOVO TEMPO Daqui da Ilha do Sol, do lago sagrado Titicaca, que compartilhamos Peru e Bolívia, queremos dizer-lhes que estamos reunidos, hoje, 21 de dezembro de 2012, não esperando que o mundo se acabe, como disseram alguns. Nunca haverá o fim do mundo. Estamos aqui para dar esperança neste novo amanhecer para os povos do mundo. Nesta Ilha do Sol, onde há mil anos se inaugurou o tempo do sol, nasceram Manco Kapac e Mama Ocllo para fundar o Tahuantinsuyo*. Por isso, esta ilha é a ilha fundadora do tempo e da história dos filhos do sol. Mas depois chegou a escuridão, com os invasores estrangeiros. Estimulados pela cobiça, chegaram até nosso continente Abya Yala para submeter as nações indígenas. Foi o tempo das trevas, da dor e da tristeza, um tempo que, para os filhos de Willka, foi o do não tempo. Hoje, a partir desta mesma ilha que deu origem ao Tahuantinsuyo, estamos encerrando a época da escuridão e do não tempo e abrindo o novo tempo da luz: el Pachakuti (o bem-viver). Novamente os povos do mundo, os movimentos sociais, a gente marginalizada, discriminada, humilhada se organizam, se mobilizam, se conscientizam para nos levantarmos novamente como naqueles tempos do Pacha, tempos do Pachakuti. Por isso, irmãs e irmãos, este grande ato histórico e inédito é uma grande surpresa, assim como também para nossos irmãos na Guatemala, no México, Equador e em outros países do mundo, que hoje se mobilizam para receber o Pacha. Esta manhã, com o irmão vice-presidente Álvaro Garcia e o irmão chanceler David Choquehuanca, nos informamos de que os povos da América do Norte, tanto no Canadá como nos Estados Unidos, se mobilizam para expressar sua esperança neste solstício de verão (inverno no hemisfério norte – n do T). Irmãs, irmãos: o mundo está sendo açoitado por uma múltipla crise global, que se manifesta em uma crise climática, financeira, alimentar, institucional, cultural, ética e espiritual. Esta crise nos mostra que estamos vivendo os últimos dias do capitalismo e de um consumismo desenfreado, ou seja, de um modelo de sociedade onde o ser humano pretende ser superior à Mãe Terra, convertendo a natureza num objeto do seu desapiedado domínio predador. Os teóricos do capitalismo apontam, diante da crise, as seguintes soluções: Por un lado, mais capitalismo, mais privatização, mais mercantilização, mais consumismo, mais exploração irracional e predadora dos recursos naturais e mais proteção às empresas e aos lucros privados. Por otro lado, menos direitos sociais, menos saúde pública, menos educação pública e gratuita, e menos proteção aos direitos das pessoas. Hoje as sociedades e os povos dos países desenvolvidos vivem dramaticamente a crise capitalista criada por seu próprio mercado. Os governos capitalistas acreditam que salvar os bancos é mais importante que salvar os seres humanos e salvar as empresas é mais importante que salvar as pessoas. No sistema capitalista, os bancos têm direitos econômicos privilegiados e gozam de uma cidadania de primeira, de forma que podemos dizer que os bancos valem mais que a vida. Neste capitalismo selvagem as pessoas e os povos não são irmãos e irmãs, não são cidadãos, não são seres humanos; as pessoas e os povos são devedores, prestadores, inquilinos e clientes. Em resumo, se as pessoas não têm dinheiro, não são nada. Vivemos no reino da cor verde. Verde como os dólares, são as políticas monetárias, verde como os dólares são as políticas de desenvolvimento, verde como os dólares são as políticas habitacionais, verde como os dólares são as políticas de desenvolvimento humano e as políticas ambientais. Por isso, diante da nova onda de crise do sistema capitalista, seus ideólogos se lançaram a promover a privatização da natureza, através da chamada economia verde, ou o capitalismo verde. No entanto, as receitas de mercado, de liberalismo e de privatização não fazem mais do que gerar pobreza e exclusão, fome e marginalidade. As imagens que o capitalismo selvagem deixam no mundo são tenebrosas: - Mais de 850 milhões de famintos no mundo, quase 200 milhões a mais do que existia há 30 anos. - A expectativa de vida dos mais pobres no mundo continua a mesma de 1977, 44 anos de vida. - Aproximadamente 1 bilhão e 300 milhões de pessoas vivem em condições de pobreza. - Existem perto de 230 milhões de desempregados no mundo, 40 milhões a mais do que há 30 anos. - Finalmente, os países desenvolvidos desperdiçam, anualmente, 700 milhões de toneladas de alimentos, ou seja, três vezes mais do que produz a África subsaariana em um ano. A crise capitalista global tem, entre suas causas estruturais: - A acumulação e concentração da riqueza em poucos países e em pequenos grupos sociais privilegiados. - A concentração de capital na produção e comercialização de recursos e bens de alta e rápida geração de riqueza. - Promoção do consumo social massivo e excessivo de produtos, com a crença de que ter mais é viver melhor. - Produção massiva de produtos descartáveis, para enriquecer capitais e acrescentar a pegada ecológica. - Aproveitamento produtivo e extrativo de recursos naturais renováveis e não renováveis de forma excessiva e insustentável, com altos custos ambientais. - Concentração de capital em processos de especulação financeira, para gerar lucros rápidos e abundantes. - Concentração de conhecimentos e tecnologias nos países ricos e em grupos sociais mais ricos e poderosos. - Promoção de práticas financeiras e esquemas produtivos, extrativos e comerciais, que deterioram a economia e a soberania dos Estados, em particular dos países em desenvolvimento, monopolizando o controle dos recursos naturais e de seus ganhos. - Redução dos Estados a débeis reguladores, convertendo os grandes investidores em patrões da casa alheia e aos Estados e povos em servidores ou sócios menores, com o mito de que o investimento estrangeiro pode resolver tudo. Irmãs e irmãos do mundo. O capitalismo criou uma civilização esbanjadora, consumista, excludente, clientelista, geradora de opulência e miséria. Este é o padrão de vida, produção e consumo que temos a necessidade imperiosa de transformar. O planeta e a humanidade estão em grave perigo de extinção. As florestas estão em perigo, a biodiversidade está em perigo, os rios e os oceanos estão em perigo e a terra está em perigo. Esta formosa comunidade humana que habita nossa Mãe Terra está em perigo devido à crise climática. As causas desta crise climática estão relacionadas diretamente com a acumulação e a concentração da riqueza em poucos países e em pequenos grupos sociais; com o consumo excessivo e dispendioso, devido à crença de que ter mais é viver melhor; com a produção contaminante e de bens descartáveis, para enriquecer capitais, com o acréscimo da pegada ecológica; assim como com o aproveitamento produtivo da extração excessiva e insustentável de recursos naturais renováveis e não renováveis que têm altos custos ambientais. Irmãs e irmãos. O Estado Plurinacional da Bolívia, fazendo eco à voz dos povos do mundo, assume uma obrigação ética com o planeta e propõe a necessidade de que o ser humano recupere o sentido de unidade e pertencimento com a Mãe Terra. Estamos num momento crucial para a definição do futuro do nosso planeta. Em nossas mãos e em nossas consciências está a responsabilidade de acertar o caminho que vamos seguir para garantir a erradicação da pobreza, a distribuição e redistribuição da riqueza, assim como a criação e o fortalecimento das nossas condições sociais, materiais e espirituais para viver em harmonia e equilíbrio com a natureza. Os Estados ricos e industrializados devem contribuir para promover a socialização da riqueza e o bem estar em harmonia com a natureza, enquanto os Estados mais pobres e em desenvolvimento devem distribuir a pouca riqueza com que contam. Não há futuro para a humanidade se impera o egoísmo e a cobiça, a acumulação e a ostentação própria de um sistema onde o que tem mais reina sobre os despossuídos. Devemos compartilhar e complementar-nos em conhecimento, em riqueza, em humanidade e em respeito à natureza. Este 21 de dezembro é o dia do início do Pachakuti que se traduz no despertar do mundo para a cultura da vida. É o início do fim do capitalismo selvagem, assim como da transição do tempo da violência entre os seres humanos e da violência com a natureza para um novo tempo, onde o ser humano constitui uma unidade com a Mãe Terra e todos convivemos em harmonia e equilíbrio com a totalidade do cosmo. Este dia é, para as sociedades milenárias, o momento em que se produzirão no planeta importantes mudanças telúrico-cósmicas e o anúncio de que a cultura da morte, da fome e da injustiça haverá chegado ao seu fim. Significa o fim de um estado de coisas e o início de profundas mudanças no mundo. Assim, este novo tempo tem que ser o início do fim das monarquias, das hierarquias, das oligarquias e das anarquias do mercado e do capital. É chegado o Pachakuti e os que agora nos reunimos na ilha sagrada do Sol, no lago Titicaca, somos os guerreiros do Arco-Íris, os guerreiros do bem viver, somos os insurgentes do mundo. Neste marco, apresentamos dez mandamentos para enfrentar o capitalismo e construir a cultura da vida: 1. Na Política: REFUNDAR A DEMOCRACIA E A POLÍTICA, EMPODERANDO OS POBRES E SERVINDO AOS POVOS (...) As chamadas democracias são o pretexto para entregar as riquezas naturais às mãos do capital transnacional. Nestas falsas democracias a política se converteu em um instrumento de lucro e não em uma vocação de serviço. Ainda sobrevivem formas anacrônicas de governos que não respondem às necessidades dos povos do mundo. Devemos refundar a democracia. Não queremos uma democracia colonial, onde os políticos são uma classe aristocrática e não militante da causa dos pobres e do serviço aos pobres. A democracia não é viável se não empodera os pobres, os marginalizados, se não responde, primeiro e antes de tudo, às urgências dos mais necessitados. Não é democracia aquela na qual uns poucos se fazem ricos e a maioria se faz pobre. Refundar a democracia, refundar os Estados, refundar as repúblicas e refundar a política requer, entre outras, as seguintes ações: 1. Refundar os sistemas políticos, dando fim a todas as formas de hierarquias, monarquias, oligarquias e à anarquia de mercado do capital. A democracia é o governo dos povos e não do mercado. 2. Passar da democracia representativa, na qual o poder está a serviço dos interesses das elites e minorias, para a democracia comunal, onde não existem maiorias nem minorias, onde as decisões se tomem por consenso e onde se imponha a razão e não o voto. 3. Fazer com que a ação política se constitua num completo e permanente serviço à vida, como um compromisso ético, humano e moral com nossos povos, recuperando os códigos dos nossos ancestrais – não roubar, não mentir, não ser fraco nem adulador. 4. O serviço à pátria não pode se entender com servir-se da pátria, como se fosse uma empresa. Os políticos não podem empregar seus instrumentos administrativos, jurídicos e econômicos do Estado para seus interesses privados e pessoais. 5. O povo, por intermédio de suas organizações sociais e comunitárias, deve tomar o poder político, construindo novas formas estatais plurinacionais para que nos governemos a nós mesmo, no marco do mandar obedecendo. 2. No Social: MAIS DIREITOS SOCIAIS E HUMANOS CONTRA A MERCANTILIZAÇÃO DAS NECESSIDADES HUMANAS No mundo ainda existe uma realidade ofensiva e abusada, que é a do abismo entre os ricos e os pobres. Isto se deve a uma desigual distribuição de renda, mas também a um acesso desigual e discriminador aos serviços básicos. O capital e o mercado não resolvem a iniqüidade e a pobreza, apenas privatizam os serviços e lucram com as necessidades. Temos vivido dramaticamente a privatização dos serviços básicos e, em especial, da água. Para resolver as graves iniqüidades sociais é necessário empreender, entre outras, as seguintes ações: 1. É um imperativo avançar no reconhecimento, na legislação internacional e nas leis nacionais dos países do mundo, de que os serviços básicos – água, eletricidade, comunicações e saneamento – são direitos humanos fundamentais das pessoas em todos os rincões do planeta. 2. Em particular, a água deve se constituir num direito humano essencial das pessoas, porque dela provém, diretamente, o desenvolvimento da vida para todos os seres do planeta, e é um insumo fundamental para a mobilização de todos os processos produtivos. 3. Junto com o reconhecimento dos serviços básicos como direitos humanos, deve-se avançar na nacionalização destes serviços, já que as administrações privadas marginalizam a maioria da população do acesso a estes serviços fundamentais para a vida das pessoas, ao lhes dar valores inalcançáveis para muitos. 4. É uma necessidade concentrar mais recursos econômicos nos Estados e criar mecanismos de distribuição desta riqueza entre as regiões e as populações mais necessitadas e vulneráveis, para eliminar, no mundo, nos próximos anos, toda forma de pobreza social, material e espiritual, através da democratização da riqueza econômica. 5. É necessário desenvolver a formação de um novo ser humano integral, que não seja materialista nem consumista e que esteja sempre focado na busca do bem viver, com uma profunda ética revolucionária baseada na harmonia e na solidariedade, reconhecendo que todos os povos do mundo formamos uma grande família. 6. Acabar com o monopólio transnacional da indústria farmacêutica e recuperar e fortalecer nossos conhecimentos e práticas medicinais ancestrais e naturais. 3. No Cultural e Espiritual: DESCOLONIZAR NOSSOS POVOS E NOSSAS CULTURAS PARA CONSTRUIR O SOCIALISMO COMUNITÁRIO DO BEM VIVER Irmãs e irmãos: estamos vivendo em uma sociedade onde tudo se globaliza y homogeniza e onde as identidades culturais parecem ser restos do passado que todos querem ignorar. As culturas milenares e ancestrais são marginalizadas dos processos econômicos e políticos e, por isso mesmo, sua força e energia cultural e espiritual é desprezada. Isto nos levou a uma profunda desumanização no mundo e à discriminação de uma riqueza espiritual e cultural que pode nos dar a força necessária para deter a brutalidade do capitalismo. Para isso é necessário: 1. Descolonizarmo-nos do racismo, do fascismo e todo tipo de discriminação. 2. Descolonizarmo-nos do mercantilismo e do consumismo, do luxo, do egoísmo e da cobiça, para promover o bem viver. 3. Recuperar os conhecimentos e códigos das culturas milenares no mundo, para fortalecer a consciência das pessoas e das sociedades sobre a Mãe Terra, entendendo que é um ser vivo e sagrado, de que somos suas filhas e filhos e nos alimentamos dela, respeitando os ciclos da natureza e compreendendo que tudo o que existe é parte do equilíbrio e da harmonia da vida. Nascemos do ventre da Mãe Terra e voltamos ao seu ventre. 4. Onde existam múltiplas culturas nos países, é um imperativo promover a construção de Estados Plurinacionais que respeitem o pluralismo social, econômico, jurídico e cultural. A partir daqui o texto está em espanhol. Não tive tempo de traduzir tudo e já está esperando há tempos. Resolvi publicar assim mesmo, o espanhol não é tão difícil de entender e a mensagem é preciosa. 4. CON RESPECTO AL MEDIO AMBIENTE: POR LOS DERECHOS DE LA MADRE TIERRA PARA EL VIVIR BIEN Y CONTRA EL COLONIALISMO AMBIENTALISTA DE LA ECONOMÍA VERDE En los últimos años los ideólogos del sistema capitalista han promovido la “economía verde” como la salvación de este modelo de sociedad. Esto no significa más que la mercantilización de la naturaleza en el marco de un capitalismo verde. La economía verde es la economía de la muerte, porque en el marco de un proteccionismo de la naturaleza condena a muerte a los pueblos del mundo. Por lo mismo, condenamos la economía verde como el nuevo colonialismo ambiental y capitalismo verde. Asimismo, nos preocupa la crisis climática del planeta ya que la comunidad humana que habita nuestra Madre Tierra está en un inminente peligro debido a las consecuencias catastróficas de los desastres naturales en el mundo. Para transformar este estado de cosas los pueblos del mundo deben impulsar las siguientes acciones: 1. Exigir a los países que han causado la crisis climática a que cumplan con su responsabilidad histórica de pagar la deuda climática a los pueblos del sur y también que reduzcan drásticamente sus emisiones de gases de efecto invernadero en el marco de compromisos internacionales vinculantes. 2. Debemos implementar las políticas y acciones necesarias que prevengan y eviten el agotamiento de los recursos naturales asumiendo que la vida depende del sostenimiento de la capacidad de regeneración de los sistemas de vida de la Madre Tierra y del manejo integral y sustentable de sus componentes. Tenemos que tener siempre presente que el planeta puede vivir mejor sin los seres humanos pero los seres humanos no pueden vivir sin el planeta. 3. Éste es el siglo de la batalla por el reconocimiento universal de los derechos de la Madre Tierra en toda la legislación, tratados y acuerdos nacionales e internacionales para que los seres humanos empecemos a vivir en armonía y equilibrio con el cosmos. 4. Los países del mundo tenemos que impulsar de forma decidida y agresiva la no comercialización de las funciones ambientales y procesos naturales de la Madre Tierra así como el manejo integral y sustentable de sus componentes. No podemos vender a nuestra sagrada Madre Tierra solamente con las falsas ilusiones de que los mercados van a promover algún financiamiento para nuestros pueblos. Nuestros pueblos y la Madre Tierra no pueden venderse al capitalismo ahora ni nunca. 5. CON RESPECTO A LOS RECURSOS NATURALES: LA SOBERANÍA SOBRE LOS RECURSOS NATURALES ES LA CONDICIÓN PARA LA LIBERACIÓN DE LA DOMINACIÓN COLONIAL Y NEOLIBERAL Y PARA EL DESARROLLO INTEGRAL DE LOS PUEBLOS En muchos países del mundo la principal fuente de riqueza económica se basa en el aprovechamiento de los recursos naturales. Sin embargo, en la mayoría de los países esta riqueza ha sido saqueada y apropiada por manos privadas y potencias transnacionales que se enriquecen a costa de los pueblos. Convocamos a los países a desarrollar las siguientes acciones con relación a los recursos naturales: 1. Pasar la propiedad de los recursos naturales al Estado en beneficio de los pueblos para que ellos estén orientados al goce y beneficio de todos. 2. Impulsar en todos los países del mundo que tienen recursos naturales estratégicos la puesta en marcha de procesos de nacionalización, ya que solamente a través de esta nacionalización se puede quebrar los procesos de colonialismo económico y garantizar el fortalecimiento del Estado con recursos económicos que, a su vez, impulsen mayores servicios básicos para los pueblos. 3. Desarrollar procesos de industrialización de estos recursos naturales teniendo siempre presente la protección y el respeto a los derechos de la Madre Tierra. 6. CON RELACIÓN A LA SOBERANÍA ALIMENTARIA: SABER ALIMENTARSE PARA El VIVIR BIEN IMPULSANDO EL LOGRO DE LA SOBERANÍA ALIMENTARIA Y EL DERECHO HUMANO A LA ALIMENTACIÓN La discusión sobre los temas de la seguridad alimentaria se ha realizado en el mundo desde diferentes perspectivas y enfoques como el de la seguridad alimentaria, soberanía alimentaria y el derecho humano a la alimentación. La alimentación es una parte central en la vida de las personas y en el logro del Vivir Bien y, por lo mismo, los Estados y los pueblos deben promover un conjunto de acciones para: 1. Avanzar en la construcción del “Saber Alimentarse para el Vivir Bien” recuperando los saberes alimenticios y tecnologías productivas alimenticias comunitarias, donde los alimentos son medicina y parte de nuestra identidad cultural. 2. Cada país debe buscar garantizar los alimentos básicos que consume su población a través del fortalecimiento de los sistemas económicos, productivos, sociales, culturales, políticos y ecológicos de los productores rurales, con énfasis en la agricultura familiar comunitaria. 3. Protección de la población de los efectos de la malnutrición con énfasis en el control de la comercialización de alimentos que dañan la salud humana. 4. Sanciones a la especulación financiera basada en la producción y comercialización de alimentos. 7. CON RESPECTO A LA INTEGRACIÓN Y RELACIONES INTERNACIONALES: LA ALIANZA DE LOS PUEBLOS DEL SUR CONTRA el intervencionismo, el neoliberalismo y el colonialismo Nuestros pueblos ancestrales siempre vivieron integrados en culturas, integrados en comercio, integrados en solidaridad y en redes de colaboración. Hoy tenemos que construir y fortalecer nuestros acuerdos de integración entre los pueblos y comunidades, entre los Estados y gobiernos, en un marco de apoyo, colaboración y solidaridad para fortalecer la vida y la humanidad. Ante la diplomacia de la muerte y de la guerra, del mercantilismo, de la privatización, del saqueo de los recursos naturales, nosotros debemos construir la diplomacia de los pueblos del Sur para fortalecernos desde el Sur. El Sur no es ni puede ser un obediente y servil peón de las potencias del Norte. No somos el depósito de la basura industrial ni nuclear de las potencias del Norte, ni somos la fuente inagotable de materias primas para ellas. El Sur está emergiendo con la potencia de los pueblos y los gobiernos patriotas y soberanos, y está construyendo proyectos de integración comercial, productiva, cultural, tecnológica, económica financiera y social. Este es un momento en el que los pueblos del Sur, y también con los pueblos del Norte, debemos compartir, apoyarnos y fortalecernos social, económica y culturalmente. Una condición para lograr la integración es contar con Estados y pueblos fuertes, gobiernos nacionalistas, patriotas, socialistas, con voluntad política y control nacional, con proyecciones y estrategias de alianzas regionales que configuran un sur que construye proyectos de poder y de integración regional. La potencia del Sur es su soberanía, el derecho al desarrollo, el apoyo y la solidaridad de los pueblos y los Estados. El Sur está fortalecido, el Sur está hermanado. No habrá Sur fuerte si no hay soberanía, patriotismo, nacionalismo, voluntad de los pueblos y de los Estados de romper las cadenas de la servidumbre colonial y neoliberal. Para lograr la integración Sur-Sur debemos promover las siguientes acciones. 1. Conformar coaliciones y alianzas poderosas para suscribir Tratados de la Vida compartir conocimientos, tecnología y provisión de recursos financieros y no Tratados de Libre Comercio que son tratados de la muerte para los pueblos del Sur y también para los pueblos del Norte. 2. Construir un mecanismo para el desarrollo integral y la integración entre los Estados y pueblos del Sur que incluya las áreas de conocimientos, tecnologías, energía, producción de alimentos, financiamiento, salud y educación entre otros. 3. Avanzar en el hermanamiento de los pueblos del Sur con los pueblos del Norte para destruir el imperialismo y construir el horizonte civilizatorio del Vivir Bien en armonía y equilibrio con la Madre Tierra. 8. CON RESPECTO AL CONOCIMIENTO Y TECNOLOGÍA: El Conocimiento y la Tecnología son instrumentos fundamentales para lograr el desarrollo integral, la erradicación de la pobreza y del hambre El conocimiento y la tecnología son fundamentales para la provisión de medios de comunicación, educación, servicios básicos y para el emprendimiento industrial, los emprendimientos energéticos, la transformación de las materias primas y la producción de alimentos; en definitiva para impulsar nuestras economías. Hoy en día los países desarrollados protegen ciegamente sus tecnologías a través de patentes y licencias y nos impiden acceder a ellas. Si queremos tecnología tenemos que entrar a sus mercados de tecnologías. No hay solidaridad, no hay complementariedad tecnológica posible con los países desarrollados. El monopolio de la tecnología es un instrumento de poder para controlar a los países en desarrollo. Las potencias transnacionales de los países ricos y desarrollados y el imperialismo no comparten tecnología ya que sólo quieren venderla para dominarnos y crear dependencia. Por ello, hoy más que nunca, es fundamental impulsar las siguientes acciones: 1. Construir la convergencia entre los conocimientos, saberes, técnicas y tecnologías ancestrales y comunitarias con las prácticas y tecnologías de la ciencia moderna para contribuir a la creación de condiciones para Vivir Bien y protección de la Madre Tierra. 2. Desarrollar conocimientos y tecnologías propias rompiendo la dependencia tecnológica a las potencias transnacionales del norte. 3. Contra el egoísmo mercantilista de las potencias transnacionales del Norte construiremos el colaboracionismo, la solidaridad y la complementariedad de los pueblos y los países del Sur conjuntamente con los pueblos del Norte. 9. CON RESPECTO A LA INSTITUCIONALIDAD INTERNACIONAL: DEBEMOS CONSTRUIR UNA INSTITUCIONALIDAD MUNDIAL DE LOS PUEBLOS, DE LOS POBRES, DE LA MADRE TIERRA. NO ACEPTAMOS NI PERMITIMOS EL INTERVENCIONISMO NI EL NEOLIBERALISMO DE LAS NACIONES UNIDAS Y DE LA INSTITUCIONALIDAD DEL IMPERIO DEL CAPITAL La institucionalidad mundial colonial está diseñada para someter y engañar a los pueblos. A nombre de la libertad y la democracia organismos como la OTAN e incluso la ONU, a través del famoso Consejo de Seguridad, invaden países, destruyen pueblos, legalizan y amparan las masacres. No se debe permitir ni admitir la construcción de bases militares e industria bélica para dominar a los pueblos con el pretexto de la seguridad nacional. Primero está la seguridad de los pueblos, la vida y la Madre Tierra. El armamentismo es el negocio de la muerte que enriquece al capitalismo y destruye el planeta. La maquinaria institucional mundial de las llamadas Naciones Unidas está diseñada para destruir la voluntad soberana de los pueblos. Ahí trabaja una burocracia al servicio del capital y del imperialismo. Los pueblos del mundo no aceptamos que organismos internacionales se adjudiquen el derecho de la invasión y de la intervención. La ONU no tiene moral para imponer. Los pueblos del mundo no aceptamos esa institucionalidad elitista de los burócratas del imperio. De las entrañas de la ONU nació la economía verde privatizadora, que nosotros la entendemos como la economía negra de la muerte; de esas entrañas nacen las recetas de la privatización y del intervencionismo. La ONU parece ser la Organización para las Naciones Ricas y Poderosas, quizás debería llamarse ONI, Organización de las Naciones Imperialistas. Esa ONU nosotros no queremos, la desconocemos. Esa burocracia neoliberal, la burocracia de la economía verde y de la privatización, la burocracia que promueve los ajustes estructurales, esos funcionarios del capital e ideólogos de la dominación y la pobreza, actúan con la convicción patriarcal y colonial de que los pueblos y países en desarrollo somos incapaces y estúpidos y que para salir de la pobreza debemos seguir fielmente sus recetas del desarrollo. Para construir una nueva institucionalidad de los pueblos del mundo hacia el Vivir Bien debemos desarrollar las siguientes acciones. 1. Construir las condiciones institucionales y jurídicas para que nuestros pueblos y países vivan con dignidad y soberanía sin intervencionismo y sin bases militares extranjeras. 2. Liberarnos de las ataduras ideológicas y políticas de los organismos mundiales financieros como el BM y el FMI y de sus satélites e intelectuales de la dominación neoliberal construyendo nuestras propias instituciones para el diseño y asesoramiento de políticas hacia el Vivir Bien. 3. Construir una Organización Mundial de los Pobres, una Organización Mundial de la Justicia, una Organización Mundial de la Soberanía de los Pueblos, una Organización Mundial de la Madre Tierra, una Organización de la Asamblea de los Pueblos del Mundo. 10. EN LO ECONÓMICO FINANCIERO: EL DESARROLLO ECONÓMICO NO DEBE ESTAR ORIENTADO AL MERCADO, AL CAPITAL Y A LA GANANCIA; EL DESARROLLO DEBE SER INTEGRAL Y ESTAR ORIENTADO A LA FELICIDAD DE LA GENTE, A LA ARMONÍA Y AL EQUILIBRIO CON LA MADRE TIERRA El capitalismo sólo globaliza la pobreza, el hambre, la injusticia social, destruye los derechos humanos, los derechos sociales, económicos, culturales, destruye el medio ambiente. El capitalismo salvaje crea pobreza y hambre. El sistema financiero capitalista mundial es colonialista e imperialista, es un arma de los países poderosos para someter a los países en desarrollo y a los pueblos, para privatizar y mercantilizar, para someternos al control de las oligarquías y a la anarquía mercantilista del capital. Por eso, debemos desconocer y desmontar el sistema financiero internacional y sus satélites: el FMI y el BM. Llamamos a los pueblos y a los gobiernos del mundo a romper las cadenas de la esclavitud del colonialismo financiero, ya que sólo la soberanía financiera y económica podrá permitirnos decidir soberanamente nuestro futuro. Para lograr la soberanía en lo económico y lo financiero, debemos encarar las siguientes acciones: 1. Se debe configurar un nuevo orden económico y financiero internacional basado en los principios de equidad, soberanía nacional, intereses comunes, armonía con la naturaleza, cooperación y solidaridad entre los Estados y pueblos. Este nuevo orden debe estar orientado a cambiar los patrones de producción y consumo no sustentables, a disminuir sustancialmente la brecha entre ricos y pobres, y entre los países desarrollados y en vías de desarrollo. 2. Debemos construir una nueva arquitectura y sistema financiero mundial, regional y nacional que esté libre de las ataduras y de los tentáculos de poder del BM y el FMI. La nueva arquitectura y el nuevo orden financiero de los pueblos y para los pueblos. 3. Es imprescindible construir nuevos marcos legales e institucionales en el nivel nacional e internacional y desarrollar un sistema de regulación y monitoreo del sector financiero. Los Estados y los pueblos deben controlar las finanzas privadas y no someterse al servilismo colonial del gobierno financiero de los intereses privados. 4. Debemos liberarnos de esa atadura colonial llamada Deuda Externa, que sólo sirve para chantajearnos, obligarnos a entregar nuestras riquezas, privatizar nuestros recursos naturales y destruir la soberanía de los pueblos y los Estados. La Deuda Externa colonial es el mecanismo de exacción y empobrecimiento que azota a los países en vías de desarrollo y limita su acceso al desarrollo. Nuestro llamado es a cancelar esta Deuda Externa injusta. No más inequidad. No más pobreza. Es hora de distribuir la riqueza. 5. Los países en desarrollo debemos crear nuestros propios instrumentos financieros. Debemos crear el Banco Mundial de los Pobres y de los Pueblos Soberanos del Mundo. No podemos depender de los donativos y de los préstamos condicionados del sistema financiero colonial capitalista. Debemos unirnos, integrarnos y eso implica también la construcción de nuestros propios sistemas financieros populares, comunitarios, estatales y soberanos. 6. Construir y fortalecer mercados regionales solidarios y complementarios, sustituyendo las políticas de competitividad promovidas por el capitalismo por políticas de complementariedad que nacen del horizonte civilizatorio del Vivir Bien Nuestra visión del Socialismo Comunitario del Vivir Bien está basada en los derechos y no en el mercado, está basada en la realización plena de la felicidad de la gente, de los pueblos y poblaciones, a través del cumplimiento integral de los derechos de los pueblos, las personas, los Estados y la Madre Tierra, de manera complementaria, incluyente e interdependiente. La nueva época es la del poder del trabajo, el poder de las comunidades, el poder de la solidaridad de los pueblos y de la comunión de todos los seres vivos para que juntos constituyamos la Madre Tierra y el Socialismo Comunitario del Vivir Bien. Hermanas y hermanos: Les agradezco su paciencia para escuchar este Manifiesto de la Isla del Sol que expresa diez mandamientos por la Vida y por la Humanidad. Es un Manifiesto basado en la experiencia del pueblo boliviano que puede apoyar la liberación de todos los pueblos del mundo. Hermanas y hermanos, dirigentes del Abya Yala, de América y del mundo, como pueblo y como fuerzas sociales tenemos una enorme responsabilidad: salvar el planeta para salvar la vida y la humanidad; por eso agradecemos su presencia en este día histórico del Solsticio de Verano, inicio del tiempo del Pachakuti. Finalmente, quiero agradecer a las comunidades indígenas originarias de la Isla del Sol por habernos permitido compartir nuestras vivencias. Agradezco a las organizaciones sociales, a las Fuerzas Armadas, a los ministerios, a nuestros dirigentes departamentales y nacionales por organizar una linda fiesta de esperanza para los pueblos del mundo. Ayúdenme a decir: ¡Jallalla pueblos del mundo! ¡Kausachun pueblos del Mundo! Evo Morales
Posted on: Tue, 06 Aug 2013 15:58:28 +0000

Trending Topics




© 2015