MEDITAÇÃO MATEUS: ODIARÁS O TEU INIMIGO MATEUS : 5: 43-48 Esta é a antítese mais grosseira se devidamente compreendida dentro do contexto histórico de Jesus. Ouçamos a perícope: ”Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”.(v.43) Dê uma espiada no Antigo Testamento, no Talmude ou na Tradição Oral e você não encontrará tal dito, encontrará justamente o contrário: ”Amai, pois, o estrangeiro ,porque fostes estrangeiro na terra do Egito.”(Deuteronômio 10:19)Então, a que Jesus se refere? Em primeiro lugar , à Teologia demoníaca e bairrista dos escribas que definia como próximo apenas o outro judeu. Jesus com esta antítese vira a mesa e na Parábola do Bom Samaritano, recoloca a questão de forma contundente. O enredo da estória está em Lucas 10:25-37.Ai , Jesus faz algumas pontuações. Em segundo lugar, o próximo é alguém que precisa de mim. O judeu vítima de um assalto é socorrido pelo samaritano , dentro da concepção judaica um inimigo sem alma, embrutecido e filho do inferno.(João 4:9) Em terceiro lugar, o próximo pode ser alguém que pensa diferentemente de mim e que pertence a um povo diferente do meu. Em terceiro lugar, o próximo , em determinadas circunstâncias pode ser alguém que vive uma situação na qual amá-lo envolve riscos. Imagine o samaritano entrando numa aldeia de judeu, com um judeu na sua cavalgadura dizendo : “Este foi homem assaltado, alguém o conhece?” Agora, o inusitado , posso imaginar a expressão facial de espanto dos ouvintes quando ouvem Jesus dizer: “ Certo samaritano..” e não um leigo qualquer. Assim sendo,Jesus constrói a parábola usando três personagens , um sacerdote ,ou seja um pastor, um levita, ou seja ,o regente do coral e um samaritano que passava ocasionalmente. Em rigor, este último é o único que pode justificar uma omissão de socorro. Está de viagem, o lugar é perigoso, leva pouco dinheiro e não tem nenhuma intimidade com a vítima, presumivelmente um judeu. Em quarto lugar, se lemos cuidadosamente o texto, descobrimos que Jesus responde uma pergunta justamente de um escriba que tenta armar-lhe uma arapuca com a inquirição : “ Quem é o meu próximo ? O texto diz explicitamente que é uma armadilha. Observe: “ E eis que certo homem ,intérprete da Lei ,se levantou com o intuito de pôr Jesus à prova e disse-lhe: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Então, Jesus lhe perguntou : Que está escrito na Lei? Como interpretas? A isto ele respondeu: Amarás o Senhor , teu Deus ,de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e : Amarás o teu próximo como a ti mesmo .Então, Jesus lhe disse : Respondeste corretamente; faze isto e viverás. Ele, porém, querendo justificar-se , perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo?”(vs.25-29) O escriba aqui põe Jesus à prova, já sabia a resposta, mas cria um mecanismo , como fazemos hoje para não amar o próximo. Quem é o meu próximo ? Usa o conceito subjetivo de próximo, eu é quem decido quem é o meu próximo. Em quinto lugar, diante desta hipocrisia, Jesus conta a parábola e faz a pergunta: Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores? É muito cômodo quando sou quem identifica o próximo. Com certeza vou escolher alguém que me ama, que não trará nenhum problema, mas Jesus diz : “Isto até os bandidos fazem.” (Mateus 5:43-48)E como! É esta a conduta de muitos falsos irmãos, como diria Paulo dentro e fora da Igreja, não é a conduta esperada de um verdadeiro discípulo de Jesus.( 2 Coríntios 11:26) Daí Jesus dizer: “ Se alguém quiser ser meu discípulo, negue-se a si mesmo, dia a dia tome a sua cruz e siga-me”.(Lucas 9:23) Isto é, morra para você mesmo!
Posted on: Sat, 21 Sep 2013 17:59:07 +0000
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