MEDITAÇÃO O QUE QUER ISTO DIZER? Atos 2:1-13 A pergunta - TopicsExpress



          

MEDITAÇÃO O QUE QUER ISTO DIZER? Atos 2:1-13 A pergunta continua ressoando no meio evangélico: “Que quer isto dizer?” (v.13) O que aconteceu ali em Jerusalém, às nove horas, daquela histórica manhã? Como entender o evento? William Samarin, um antropólogo canadense afirmou que estamos diante de um fenômeno.(Samarin,Tongues of Men and Tongues of Angels, página 4) Se lermos a narrativa com os olhos de Paulo, presenciamos a entrada de “todos” na Igreja de Cristo, o batismo aqui significaria a conversão. Entretanto, hoje a exegese pontifica que não podemos ler a Escritura sem considerar a individualidade do autor. Lucas fala aqui como Lucas, não interpreta Paulo. E se este fato é verdade, o texto tem de ser lido na perspectiva de Lucas-Atos, uma vez que, se trata de uma obra só.(Lucas1:1-4,Atos 1:1-5)O evento que acontece aqui em Atos 2 fora predito por Jesus poucos dias antes e vaticinado por João , o Batista , nos Evangelhos.(Mateus 3:11-12,Marcos 1:7,Lucas 3:16,João 1:32-34) Jesus entende que o fato é indispensável e determinante à vida da igreja, daí ser imperativo segundo o relato lucano:“E, comendo com eles ,determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém,mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele , de mim ouvistes. Porque João, na verdade , batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias”.(Atos 1:4-5) Há algumas questões fundamentais que precisam ser pensadas a fim de se entender a proposta do texto de Lucas.Por exemplo, quem batiza com o Espírito Santo?O que significa este “sereis batizados com o Espírito Santo , não muito depois destes dias”? Qual a relação da promessa aqui em Lucas com a teologia de Paulo, mormente, a referência feita em I Coríntios 12:13? Os discípulos quando recebem a ordem de Jesus já eram de fato convertidos ou não? Se eram , o que experimentaram por ocasião da festa do Pentecostes? A tese de que cada evangelista, tem a sua teologia própria é singular nesta circunstância.Por exemplo , é explícita a idéia de que segundo Lucas os discípulos já eram convertidos.No final do seu Evangelho, lemos : “A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés,nos Profetas e nos Salmos.Então,lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras;e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando em Jerusalém.Vós sois testemunhas destas coisas.Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai, permanecei,pois , na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder.”(Lucas 24:44-49)Está meridianamente evidente nesta passagem que os apóstolos eram convertidos.Como anunciar algo que não experimentaram, como ser testemunha de algo que ignoravam,como falar de arrependimento, remissão de pecados, sem apreender a essência de tais bênçãos?Além do que , no Evangelho de Lucas e em Atos dos Apóstolos , não é a expressão “discípulos” invariavelmente aplicada à igreja, a pessoas convertidas? Atos nos informa que os discípulos, após a ascensão de Jesus se dirigiram à Jerusalém e ali se reuniam diariamente em oração. Observe-se que todo este raciocínio está limitado aos textos de Lucas. Usássemos o texto joanino a situação seria mais abrangente e convincente. (João 14:16-17)Então, me parece que o essencial agora é definir o que aconteceu no Pentecoste e por quê? Lá estão os discípulos em Jerusalém. Estão no templo, em uma adjacência ,uma vez que, Lucas fala de uma “casa”? E os “todos” aí é uma referência aos doze somente ou alude aos cento e vinte de 1:15? Jerusalém está em festa, os judeus comemoravam a Festa do Pentecoste, data em que relembravam a entrega da Lei a Moisés no Monte Sinai ou dos primeiros frutos colhidos após a saída do cativeiro no Egito? Inquirições irrelevantes neste contexto. Os discípulos estavam “assentados” reza o texto. “Subitamente”, diz Lucas , “veio do céu um som,como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados”.(v.2) Lucas não diz que era , mas que parecia.Ele está descrevendo um fato. Prossegue dizendo que “apareceram línguas ,distribuídas entre eles, línguas como de fogo, e pousou sobre cada um deles.”Há um fenômeno visual?Até aqui, qualquer que seja a interpretação, já se sabe de uma verdade, o acontecido não era uma explosão emocional, mas algo produzido pelo Espírito Santo.(v.4) Em nenhum momento o texto insinua que os discípulos estavam fora de si, pelo contrário, o êxtase, a perplexidade tomava conta era dos observadores. (vs.7,12)Em seguida, Lucas informa que os circunstantes perceberam algo inédito. Ouviam os discípulos, galileus “ iletrados e indoutos “(4:13), falando em suas próprias línguas nativas. A informação é evidente quando diz que “ cada um os ouvia falar”. O numinoso não é massificante. Por quê o espanto dos circunstantes? Era porque eles conhecendo os discípulos, são testemunhas de algo que intelectualmente os discípulos não eram capazes de fazê-lo. O texto vai além quando revela que há uma divisão na multidão atônita.Uns “ouvem em suas línguas as grandezas de Deus”, enquanto outros galhofam dizendo que os galileus estavam simplesmente “embriagados”.E agora, como conciliar reações díspares diante do mesmo fato? Enfim , o texto não diz que os discípulos “falavam”, mas que os circunstantes ”ouviam”. Os evangélicos tradicionais optam pela idéia de que o fenômeno foi de “audição”, o povo ouvia; e interpretam que tal aconteceu porque as nações ali reunidas precisavam ouvir o Evangelho e crer em Jesus Ressuscitado. Já os carismáticos e pentecostais afirmam que o milagre foi de “dicção”, isto é, os discípulos falavam línguas espirituais e o Espírito Santo traduzia para o populacho. Entretanto, vamos observar os contextos do acontecido. Se a Promessa do Pai, dependia da Festa , por que a experiência teve inicio à revelia dos circunstantes? (v.6) Outrossim, se o problema era lingüístico como explicar que diante da inquietação das pessoas, Pedro levanta e explica o fato em um bom aramaico ou em um grego com sotaque? Enfim, por que “outros” zombavam dizendo que os discípulos estavam “embriagados”; e como explicar que Pedro , mais tarde comparou o que aconteceu aqui com uma experiência que testemunhou na casa de Cornélio ?(Atos 11:15) E na casa de Cornélio o fenômeno se deu apenas com a família daquele, Pedro e amigos íntimos .O Espírito Santo “caiu” exatamente quando Pedro pregava e o pequeno grupo “ falava em línguas e engrandecia a Deus”. Que línguas eram aquelas? Por que o fenômeno? Era para evangelizar ou edificar? (United Presbyterian Church in the United States of America ,The Work of The Holy Spirit , páginas 41-42. )Entretanto, não me convenci até hoje de que o foco deste texto seja o fenômeno da glossolalia.Há algo mais profundo no relato. O que foi que aconteceu depois do evento? O que significou para aquele punhado de irmãos, há pouco desiludidos com o Nosso Senhor e agora estão dispostos a irem até a morte em sinal de amor e fidelidade ao projeto de Jesus? Alinhemos alguns pressupostos.O primeiro é que eles tiveram uma experiência com o Espírito.Se hoje perguntarmos a um cristão se ele tem absoluta certeza de que tem o Espírito Santo, o que ouviremos como resposta? Quando muito dirão que a Igreja conquanto Instituição,lhes garantiu que ao terem crido, sido batizado, o Espírito passou a habitar neles.É ou não é verdade? Agora, quando lemos a Escritura, a idéia de que o Espírito está no crente e com o crente, não é somente uma questão de experiência, mas conseqüência de uma verdade proposicional prometida na Escritura:“ Quando eu for , eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber,porque não o vê, nem o conhece;vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos.” “Acaso , não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?Porque fostes comprados por preço. Agora,pois, glorificai a Deus no vosso corpo”. Esta é a consciência que o Pentecoste gerou nos “discípulos”. Lendo Lucas-Atos , os discípulos tinham absoluta certeza de quando , como e onde o Espírito “caiu”, “ foi derramado”, “ ficaram cheios “. Chamemos isso de “ uma segunda benção pós-conversão” ou “ um batismo e muitas plenitudes”; mas não se pode negar que há algo além do cognitivo, além do racional que aquece o coração do crente, robustece a sua fé, capacita-o com carismas.(Romanos 5:5)Considere o testemunho de Pedro sobre o ocorrido em casa de Cornélio: “ Quando , porém,comecei a falar , caiu o Espírito Santo sobre eles , como também sobre nós no princípio”.(Atos 11:15) A que princípio Pedro se refere aqui? O evento do Pentecoste! Assim sendo, este “encher-se do Espírito “, pode se dá no ato da conversão, depois de um tempo,e às vezes as coisas acontecem simultaneamente. Não há uma cronologia, pois o “ Espírito sopra como quer”.E quando a Igreja,conquanto Instituição, quer manipular o Espírito em razão dos seus preconceitos idiotas, como foi o caso de Cornélio, o Espírito age à revelia da Teologia Institucional, une inimigos, gera amor aonde há ódio, guia onde há religiosidade sem conversão.(At10:27-29)Um segundo pressuposto, é que , aqui me parece se agasalhar a mais encantadora mensagem de Lucas .Nicholas Wright no seu clássico “Simplesmente Jesus”, afirmou :“ Deus nos oferece, através do Espírito, o dom de nos tornarmos aquilo que sabemos no íntimo que fomos feitos para ser: criaturas que vivem em ambas as dimensões da ordem criada. A busca por espiritualidade surge agora como uma busca pela união entre céu e terra, que embora profundamente desafiadora, está disponível aos que crêem”.O Espírito gera milagres, cura da alma, prodígios, sustenta o crente diante da tribulação, ensina-o a compreender a vontade de Deus e a orar como convém. ( Atos 16:25)O numinoso não é uma muleta para sustentar a autenticidade do Evangelho, mas elemento constitutivo da comunhão com Jesus, não um Jesus morto, distante; mas presente, visitando, aparecendo,curando. Observe os três relatos, por exemplo, apenas para citar um caso, do encontro de Paulo com Jesus no Caminho de Damasco. (Atos 9,22,26) Este Evangelho ainda é viável, precisamos voltar para ele.Não precisamos de “um outro evangelho” , mais intelectualmente plausível ao homem pós-moderno. O homem de hoje é o mesmo da época de Lucas-Atos, pecador, consciente da sua finitude, desejoso de paz , desesperado diante da consciência de que é impotente diante dos dramas da vida. O homem pós-moderno está dizendo a mesma coisa que dizia Paulo, ou seja, “ o bem que eu desejo fazer , eu não faço; mas o mal que não quero fazer, este eu pratico. Miserável homem que sou!Quem me livrará do corpo desta morte?(Romanos 7:24) A cosmovisão é diferente e este é o grande problema para o cristão hoje. A vida proposta pelo Evangelho é tão encantadora que quando a vemos vivida pelos cristãos primitivos a impressão que temos é a de que estamos num outro mundo.O terceiro pressuposto que o Pentecoste gerou é que Deus cumpre a Sua Palavra. Nada do que aconteceu, antes e depois do Pentecoste foi uma casualidade. Tudo esteve dentro da providência de Deus.A morte de Jesus não derrubou o teto do céu, mas o trouxe até nós.Agora, podemos ler a nossa história de vida com os olhos de Deus e entender que tudo faz sentido. E enquanto isto, na medida em que vamos conhecendo o Senhor, não compreendendo-o, a vida tem gosto, malgrado os imponderáveis.Deus não está correndo o risco de perder a batalha com as forças demoníacas que tentam nos destruir.O Espírito trabalha santificando-nos, convencendo-nos de que a Palavra de Deus tem sentido, que precisamos crer nela, pois é através dela que Deus está realizando o seu propósito na História. Lucas entende o Espírito como o agente da salvação , não necessariamente estruturador da igreja. Tudo no texto é usado em função da missão de evangelização, de libertar o homem , independentemente da sua classe social do pecado, do diabo e de si mesmo.(Atos 10:38) Ainda vejo , um quarto pressuposto, é a vida Igreja.A Igreja não é um acidente em razão do Reino de Deus não ter se instalado como supunham os discípulos,mormente os simpatizantes do movimento zelota.Jesus cria no Pentecoste a Igreja e a dota de qualificações. Ele a adorna com uma doutrina definida. O povo de Deus não é racionalista, mas é racional.Não é só emoção, mas emoção,vontade , intelecto, tudo a serviço da alma.O Evangelho pressupõe o epistemológico, ou seja , “O Senhor ressuscitou e já apareceu a Simão”(Lucas 24:34).Não é uma ilusão, cremos em um Cristo vivo,o túmulo está vazio, ele não desmaiou , os discípulos não roubaram o corpo e inventaram que ele havia ressuscitado.Ele deixou e sepulcro e se deixou ver por inúmeras testemunhas em lugares e circunstâncias diferentes. Ele está edificando a igreja. Este povo tem um referencial ,o ensino de Jesus. Tudo que precisamos está na Escritura.E quando digo tudo é tudo mesmo, das coisas aparentemente triviais como qual a pessoa ideal para me casar, meu projeto profissional, meus valores éticos,etc. A dificuldade é que aqueles que se dizem cristãos, não levam a sério a Palavra de Deus, e eu diria que , em rigor , há muito cristãos que de fato nunca foram regenerados, estão na igreja, mas não pertencem a Jesus, não levam a sério os seus mandamentos.E só se conhece o Senhor se praticarmos o que ele manda. Ele criou a comunhão para que nós vivêssemos juntos e a desfrutássemos como prelibação do céu.Nós não criamos comunhão , quem a cria é O Espírito. Nós apenas a vivenciamos ou não. Se a inserimos no nosso viver , a vida passa a ter sentido, se não a levarmos a sério o nosso testemunho é pífio. A autenticidade do Evangelho, depende do nosso testemunho. Se o pragmatizarmos , as pessoas virão e descobrirão de “ que estamos com Jesus”.(At 4:13)
Posted on: Wed, 09 Oct 2013 02:23:54 +0000

Trending Topics



ished Brass Pulls Transitional

Recently Viewed Topics




© 2015