MEMÓRIAS DE JORGE RAMOS PRIMEIRA - TopicsExpress



          

MEMÓRIAS DE JORGE RAMOS PRIMEIRA VIAGEM AO RIO DE JANEIRO Meu amigo Hamilton Tenente e eu resolvemos fazer uma viagem para o Rio de Janeiro. Pedir minhas contas no Kings Hambúrguer e combinamos em ir. Ele tinha 17 anos e eu, 16. Os dois menores de idade numa cidade grande... Fomos à coragem e na fé. Compramos cada um, sua mochila e demos uma de hippie (hehe): dois manezinhos de Floripa disfarçados de hippies, calça jeans da Lee, jaquetas Levis Strauss, bonés do Exército e tênis Bamba. Lá fomos nós pra BR-101 pegar carona pra ir até o Rio. Levamos três dias pegando carona, aos poucos e como a gente não tinha nenhuma experiência pra viajar de carona resolvemos ir pelo modo mais fácil: íamos diretamente aos postos de gasolina e sempre contávamos para os caras que davam carona, que morávamos na cidade seguinte. Já que éramos menores de idade, não se podia dizer, de cara, que iríamos ao Rio de Janeiro. Então fizemos um trato: “a gente pega uma carona até Itajaí e, se falarem alguma coisa, a gente diz que é de Itajaí. Depois, a gente pega até Joinville se perguntarem alguma coisa a gente diz a mesma coisa”. E assim fomos, aos quebradinhos, até Curitiba, depois até 100 km além, numa cidade da qual não lembro e depois até Registro. Fomos até São Paulo, Queluz e Resende e foi assim nossa primeira aventura até chegar ao Rio de Janeiro, três dias depois. Chegando lá, a gente já não tinha mais dinheiro e então tivemos que filar comida em restaurantes e contar um 71 para as pessoas. Éramos dois garotões bonitos e bem postados apesar de manezinhos de Floripa e até fizemos algum sucesso com as garotas cariocas e paulistas. Lembro-me que estávamos sentados em cima de nossas mochilas em Jacarepaguá, bem próximos de uma poça d’água ouvindo no radinho de pilha o apresentador de zodíacos Omar Cardoso. O rádio estava bem em cima do joelho do Hamilton Tenente e o Omar falando; quando ele citou o signo de peixes o meu amigo, sem querer, escorregou a bunda da mochila e então: onde foi parar o rádio de pilha? Ficamos ali olhando um pro outro e perguntando “cadê o radinho”? “Não sei – respondi- o rádio tava em cima do teu joelho...” Aí, fomos olhar pra poça e vimos à água borbulhando e então, estarrecidos olhamos um pro outro novamente e ele disse: “Puta que pariu! Ele era o nosso almoço, droga!”. Iríamos vender esse radinho e comprar pão e lingüiça pro nosso almoço. Eu juro pra vocês! o radio caiu na água justamente quando o Omar Cardoso falou no signo de peixes, nós rimos muito aquela situação. No Rio nós dormimos em casas de pessoas que acolhiam a gente, mas também dormimos ao relento, atrás do Teatro Municipal, na praia de Copacabana, São Conrado, Ipanema, aterro do Botafogo. Em Ipanema demos a maior sorte, pegamos duas trintonas que moravam num dos edifícios da orla e tivemos o maior lucro com elas. Levamos uns dias de vida de reis no Rio de Janeiro.
Posted on: Sat, 03 Aug 2013 04:26:07 +0000

Trending Topics




© 2015