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"Mas ai!, a máquina ainda pode dizer ao operário: - Não te orgulhes. Em nada te diferencias de mim. Instrumento de trabalho como eu, teu estômago, assim como eu forno recebe o carvão indispensável, só recebe o alimento estritamente suficiente para que continues a desempenhar tua função mecânica. Sou um instrumento mais valorizado que tu, porque és mais abundante e custas menos. Quando me desgasto, me substituem; quando te desgastas, te abandonam. É a mesma coisa; não a mesma coisa, pior; porque tua única vantagem, tua inteligência, converte-se então em desvantagem; a consciência de teu valor passado será teu tormento. Tu como eu, produzes, produzes, como eu, para os outros, e não para ti. Juntos construímos fortunas que te pertencem e que jamais desfrutas. Operário: apodera-te de mim; arranca-me do braços do velho capital; teu matrimônio comigo é tua única salvação. Deixe de ser instrumento para que o instrumento te pertença. Te quero amo, senhor, não companheiro. O capital me explora, só tu me fecundas. Só ti quero pertencer." O chapeleiro, SP, ano I, n. 4, 1º de maio de 1904.
Posted on: Sat, 07 Sep 2013 00:56:47 +0000

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