Meu artigo da semana para o jornal "A Notícia" de Batatais: UMA ELITE REACIONÁRIA E PRECONCEITUOSA Já escrevi um artigo sobre a contratação de médicos estrangeiros para trabalhar no Brasil, não queria, mas, diante dos fatos ocorridos recentemente, sinto-me tentado a voltar ao tema. Cada vez mais me convenço mais que o Ministro da Saúde acertou em cheio ao peitar o corporativismo dos médicos e importar profissionais de outros países, especialmente de Cuba, para trabalhar em localidades carentes. É claro que essa atitude, por si só, não resolverá todos os problemas da saúde do país, mas, convenhamos, sempre que queremos chegar ao topo de uma escada começamos pelo o primeiro degrau. O Governo Federal, ao lançar o programa “Mais Médicos”, o fez de uma forma inteligente, democrática e, acima de tudo, muito respeitosa, pois antes de iniciar a contratação de médicos estrangeiros abriu a possibilidade para que os médicos brasileiros se candidatassem. Decorrido o prazo, mapeou todas as localidades para as quais nenhum brasileiro se candidatou e, aí sim, fechou um acordo com vários países que possuíam profissionais dispostos a trabalhar nessas localidades. Esses profissionais estrangeiros merecem, no mínimo, muito respeito por parte da nossa população e, claro, dos seus colegas brasileiros, afinal, estão aceitando prestar seus serviços em locais que os nossos não querem. Ora, é um direito legítimo de qualquer profissional, não só os médicos, escolher onde deseja prestar seus serviços e ninguém, em hipótese alguma, pode ser coagido a fazê-lo em locais que não lhe agrada. Temos assistido, no entanto, um verdadeiro espetáculo de selvageria por parte de alguns médicos brasileiros, que têm recebido seus colegas estrangeiros de maneira hostil e preconceituosa. Para se ter uma ideia, na última segunda-feira em Fortaleza, cerca de 50 médicos brasileiros, que esperavam do lado de fora do aeroporto, xingaram e humilharam os médicos estrangeiros, obrigando-os a passar por uma espécie de corredor polonês e chamando-os de escravos. Não podemos generalizar, mas esta atitude decorreu, em parte, da própria reação do Conselho Federal de Medicina, que tem se recusado a fornecer licença provisória para que esses profissionais possam trabalhar no Brasil. Os protestos seriam aceitáveis se os médicos estrangeiros estivessem sendo contratados para ocupar vagas destinadas aos nossos médicos. Se eles, por exemplo, estivessem sendo convocados para trabalhar na Avenida Paulista, no coração financeiro de São Paulo. Não, esse pessoal está sendo treinado para trabalhar em pequenos municípios, em vilarejos extremamente pobres, comunidades indígenas, quilombolas, enfim, locais que foram literalmente recusados pelos nossos profissionais. Que me perdoem os profissionais conscientes que, a meu ver, compõem a grande maioria da classe médica, mas é muito difícil acreditar que quem se opõe à vinda de médicos para localidades desguarnecidas mereça ostentar este diploma. FERNANDO FERREIRA Advogado, Economista e bancário aposentado Foi vereador e prefeito de Batatais
Posted on: Sun, 01 Sep 2013 09:09:56 +0000
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