Minha mãe conta que na única vez em que foi com meu pai assistir a uma luta do Eder Jofre, em algum lugar em São Paulo, atrasaram-se, e houve tempo apenas de tomarem o corredor rumo às numeradas; que, ao tomarem acento, a luta acabava. Eder foi campeão mundial por quatro vezes. Brilhante. O velho também falava sempre de um tal Joe Louis - e de certo me advinharia a peraltice nesse um tal de, já que o Joe era de fato o tal, um dos quatro ou cinco boxistas da história. Também brilhante, mas ainda assim algumas posições atrás ou abaixo de Mohammed Ali, que todos dizem ter sido bailarino cheio de personalidade e, por isso e muito mais, brilhante. O único bailarino de quem tenho memória é Sugar Ray Leonard, um dos estadunidenses que mais fortemente me impressionaram na adolescência e por diante, ao lado de Carl Sagan e Bruce Wayne (...). Simplesmente brilhante. Mas até onde sei todos esses boxeadores foram... boxeadores! O moço do vídeo, não. O moço do vídeo não foi brilhante, mas gênio. O que ele fazia não era boxing!, mas outra coisa, inventada dentro do boxe, por fora do boxe. Uma combinação mortal de esquisitos pêndulos e cruzados (nunca jabs, pois ele não perdia tempo estudando adversários) e força, muita força, capaz de erguer do tablado um oponente de 100 quilos com um gancho no plexo solar, como se pode conferir aí em câmera lenta. Aliás, sugiro especial atenção aos 4:38 (e mais 10 segundos), 6:25 (não pisque ou você perde) e 6:58. O homem foi uma bomba... ou é, já que cada um está fadado a ser quem e o que seja. O fado dele é ser gênio, ainda que tantas vezes tenha embaçado o próprio brilho. Pena. De sujeitos assim, eu preferia ouvir dizer que foi visto pela última vez na semana passada, na Padaria Italianinha (O pão italiano de antigamente!), com a cara e a roupa amarrotadas, encostado no balcão, de Crocs, pedindo sonho. youtube/watch?v=g-478QGV9pc Para Yasmim Bianco e Edu Ardo. E, por que não Jo Fevereiro e Fernando Tapajós?
Posted on: Sat, 09 Nov 2013 07:23:03 +0000