Muito se está falando dos perigos da falta de foco, a inserção de tudo que é tipo de bandeiras (inclusive conservadoras) nos manifestos, do estratagema da direita em desvirtuar os intuitos, etc. Com tudo isso concordo, assino embaixo e manifestei minha preocupação. Mas hoje acordei com vontade de falar das flores. Mesmo que as bandeiras clássicas da esquerda estejam sendo sufocadas pelo ufanismo, algumas conquistas podem estar a caminho: a revogação do aumento, a difusão do caráter repressivo e anti-democrático da polícia paulista (e de todo Brasil) e um caminho de aceitação mais simpática da opinião pública a respeito das lutas vindouras. Provavelmente também a agregação de novos militantes aos movimentos. Em médio prazo, pode se estar delineando um senso comum de ampliação da noção de democracia. Precisaremos ser racionais diante do momento para aproveitá-lo em prol de bandeiras progressistas daqui em diante. Claro que quem já está na luta há mais tempo se incomoda com o desfoque e o ufanismo. Além, claro, da absurda violência anti-partidária, que tem que ser superada. Mas temos que aprender com a direita a usar o desfavorável a nosso favor. Se a esquerda cair na armadilha de "essa luta não me representa mais" e abandonar a luta ao invés de disputar dialogicamente a pauta, vai andar para trás e voltar a ser inimiga do "povo" (digo, o povo que nunca esteve na rua por desconfiança e agora está). Aí 1 milhão de pessoas nas ruas será uma lembrança carnavalesca. Recomendo o sensatíssimo texto de Chico Alencar sobre sua impressão das manifestações: blogdojuca.uol.br/2013/06/alem-dos-20-centavos/
Posted on: Wed, 19 Jun 2013 11:37:35 +0000
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