Mulher, CARTA À UMA BRUXA - Gerson Dias de Oliveira Teu olhar é porta fechada de um salão em festa. Ponte se margem quando olhas, só porque olhas e nada faço senão esperar, mesmo quando o vento passa ansioso em sua obsessão de futuro violando lembranças. Ao mapa dos desencontros, em estradas sem norte, acrescentas esquinas onde paro a perguntar sobre o destino e ninguém responde. Ao fazeres feitiços sorris. Então perco a fortuna e inquieto bebo a poção que ofereces, tentando compreender tua magia. Foi assim que despertaste o Amor, mas ele incomodado trouxe a amiga Saudade e a apressada Alegria mudou-se para longe, sem deixar bilhete. És manhã, alvorecer de mar, rio e cascata para o escuro que dentro de mim cresce, tornando possível apenas assim, brotar de grotões áridos, cereais para o pão, cravos, uvas para o vinho de teus beijos e em tuas matas um cipoal de abraços onde permaneço preso. Por ti me doem os pés e minhas mãos cansadas, pássaros migratórios, sonham descansar nas tuas. Contraditório? Não! É teu poder de fazer do dia noite, quando abres tua adega e serves vinho a minha mesa e não me permites dormir estrelas, parecendo esquecer que a Tristeza mora perto e a Alegria arredia, por vezes habita endereços distantes. Quando sais de mim em teus voos, permaneço atado em tua lembrança e te adivinho a espreitar signos, imaginando outras vidas, enquanto sigo na dor inquisitória de teu fogo que não tenho...
Posted on: Fri, 19 Jul 2013 18:13:47 +0000
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