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No princípio, estão os princípios JOSÉ ADELINO MALTEZ s no jornal "Público", de hoje A nossa democracia representativa foi gradualmente edificada com muitos acordos de cavalheiros, onde participaram os comunistas, os militares, os maçons e os católicos, não faltando sequer o liberalismo a retalho, onde a economia privada, mas sem economia de mercado, permitiu que o estadão reflectisse o poder como uma rede de micropoderes. A arte dos criadores do regime deu-nos assim o arco constitucional da democracia pluralista e da sociedade aberta, embora a criatura, depois das rotinas dos vários arcos da governação, pareça, agora, um feitiço que ameaça libertar-se dos feiticeiros. Não apenas por causa da empregomania, do clientelismo, da falta de seguro para o Estado social e até do exagero de certo devorismo neofeudal, mas, sobretudo, porque definham os que tinham autoridade, mesmo sem poder, dado que muitos criadores se gastaram pelo mau uso e outros se prostituíram pelo abuso, até da palavra sem sentido dos gestos. O defunto acordo de salvação nacional, obtido numa sala de jantar de uma mansão da Lapa, depois desta experiência de vazio de povo, ameaça, de sondagem segura, acabar com o tradicional jogo de soma zero, onde aquilo que um dos grandes partidos perdia era obtido pelo outro, apenas por efeito do fim do estado de graça do rival. E a presente encruzilhada parece enrodilhar-se no nó górdio típico das decadências, onde apenas levantam estrondosos voos os tradicionais coveiros de regimes, com cansativa literatura de justificação. Por outras palavras, os arqueiros do acordo com a troika começam a reparar que a barraca armada tem os pés no lugar da cabeça e não vai ser fácil a velha prestidigitação do chapéu com três bicos, com restos de ontem. O poder moderador que temos, sem cair nas raias inconstitucionais do presidencialismo, ainda pode provocar um melhor funcionamento do primado parlamentar, sem a degenerescência partidocrática. E tudo pode recomeçar se o PS, o PSD e o CDS estabelecerem humildemente um acordo que fixe os limites do respectivo desacordo, isto é, permitindo que as eleições estabeleçam o efectivo líder do urgente Governo novo, mas com a leal cooperação parlamentar dos restantes em programas mínimos de médio prazo. E se quisermos ir um pouco mais além da mera aritmética parlamentar, dita acordo de salvação nacional, até poderemos procurar uma nova geometria social, a que leve o PCP e o BE a um acordo de inclusão nacional, para salvaguarda do arco constitucional. Nem que seja preciso um novo Governo provisório, com amplo apoio parlamentar.
Posted on: Mon, 15 Jul 2013 08:14:01 +0000

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