O ENGRAÇADO. O RIDÍCULO. O EXCÊNTRICO ENGRAÇADO é o que faz rir com inteligência, bom humor e carinho. Palhaços, por exemplo. Crianças travessas. Amigo divertido. Podemos fazer ou querer fazer graça para agradar. “Encontrou graça aos olhos do senhor”. Graça invoca a alegria, invoca a bênção. Conquista, seduz. RIDÍCULO é o que faz rir com desprezo, com escárnio. Com aquele riso que cria um abismo entre o sujeito e o objeto do riso. O sujeito superior, correto e belo, o objeto desqualificado, inadequado, fora do padrão. Não se trata de uma qualidade estética, mas de uma qualidade moral. Um vestido feio não precisa ser ridículo. Um belo vestido, no entanto, pode ficar ridículo se usado de modo impróprio ou inconveniente. Remete, portanto, a uma norma. A norma! O que é, de onde vem? Um padrão estabelecido por um consenso, que em geral costuma ser menos democrático e mais elitista e autoritário, a ser seguido pela massa. O ridículo agride essa norma e por isso precisa ser combatido. Se fosse um erro seria corrigido ou castigado. Uma doença, e seria tratado. Como é um desvio, costuma ser combatido com o riso que desqualifica, que condena. A vergonha resultante do escárnio indica a dor da exclusão, da rejeição. O desejo de aceitação, de pertinência EXCÊNTRICA é uma pessoa quando não gira em torno de uma norma, e só por isso a ameaça. Difere do rebelde, que tenta desmoralizá-la – o que não deixa de ser uma forma de girar em sua volta. (Já me disseram: se for pobre não é excêntrico, é pirado mesmo – o que indica que a rejeição ao original não tem limites sociais.) Aceitar algum grau ou forma de excentricidade é aceitar os riscos da liberdade e suas consequências. Capacita a pessoa a ser feliz, a estar em paz.
Posted on: Wed, 18 Sep 2013 15:00:58 +0000
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